UOL TecnologiaUOL Tecnologia
UOL BUSCA
Análises > The New York Times
15/09/2005 - 19h36
David Pogue: "Nova lei do iPod: o impossível é possível"

David Pogue

A Apple diz que o tocador de música iPod e a loja iTunes têm 74 e 85% dos mercados mundiais. No entanto, de acordo com Gene Munster, analista da Piper Jaffray, o fim está próximo. "Ninguém pode sustentar uma fatia de 80% do mercado em eletrônicos pessoais por mais de dois ou três anos", disse Munster à CNN. "É basicamente impossível".

The New York Times
The New York Times
iPod Nano: um biscoito fino e chato de som poderoso
Bem, ele está certo em uma coisa: o mercado da Apple não vai ficar em 80%. Vai crescer. Se você duvida, provavelmente ainda não mexeu no iPod Nano: um biscoito fino e chato de som poderoso que a Apple lançou na semana passada. Cuidado, porém: vê-lo é querê-lo. Se você espera resistir, amarre seu cartão de crédito a sua carteira como Odysseus ao mastro.

Alguns tocadores de música contêm um minúsculo disco rígido, oferecendo grande capacidade. Outros armazenam as músicas em chips de memória, que permitem um desenho muito mais compacto. (Esse tipo é conhecido como tocador de memória flash.)

O que é tão especial sobre o iPod Nano (US$ 249, ou cerca de R$ 600) é que funde essas duas abordagens. Contém chips de memória, por isso é tão incrivelmente pequeno -9cm x 4cm x 0,7 cm, para ser exato, quase o tamanho de uma carta dobrada e fino o suficiente para passar debaixo da porta. Mesmo assim, a Apple conseguiu colocar quatro gigabytes de memória dentro dele então contém tanta música quanto alguns tocadores com disco rígido -mais de 1.000. (A Apple também oferece um modelo mais barato, de US$ 199, ou R$ 480, com metade da capacidade.) Como não contém partes que se movem, o Nano é menos delicado que os iPods grandes e virtualmente à prova de pulos.

Para adoçar o pacote ainda mais, a Apple dotou o Nano de uma tela colorida e bem definida (176 por 132 pixels), que mostra as capas dos discos ou sua coleção de fotos, e do sistema de menu do iPod, famoso por sua simplicidade. O Nano tem até espaço para um roda que clica, mecanismo que torna a navegação do iPod simples, mesmo quando você está caçando uma agulha musical em um palheiro de discos.

O resultado é doce, pequeno e brilhoso, que se encaixa confortavelmente em um terço de sua palma. Ele é tão leve (42 g) que você não precisa se preocupar se cair de sua mão -o fio do fone de ouvido o segura como se estivesse em uma coleira. Novamente, a Apple dominou a lição que seus rivais parecem incapazes de absorver: que as três características mais importantes de um tocador de música pessoal são estilo, estilo e estilo.

A Apple está tão confiante no charme do Nano que, de fato, decidiu criar espaço em sua linha de produtos suspendendo o tocador de música mais vendido do mundo, o iPod Mini. É uma medida corajosa, pois o Nano não é a mesma coisa.

O Mini, por exemplo, vinha em quatro cores metálicas; o Nano só vem em preto brilhoso ou branco. (Ambos têm o painel tradicional de cromo, que fica com marcas digitais. Os dois vêm com fones de ouvido na cor tradicional, que a revista PC Magazine chama de "branco roube-me"). O Mini também continha muito mais música; US$ 200 por quatro gigas, em vez de 2, por exemplo.

A bateria do Nano também dura menos: 14 horas em vez das 18 do Mini, e as baterias dos rivais flash duram ainda mais. E o Nano pode se conectar com o computador por um cabo FireWire, como faziam todos os iPods anteriores (exceto o Shuffle). Em vez disso, o Nano vem com um cabo USB branco.

Se o seu computador tem uma saída USB 2.0, você vai demorar o mesmo tempo para carregar o Nano do que se tivesse um cabo FireWire. Por exemplo, 700 músicas e 1.200 fotos levam cerca de nove minutos para serem transferidas. Mas se o seu computador tiver apenas um conector comum USB 1.1 (e isso inclui Macs de apenas dois anos de idade) você praticamente poderá cantar suas músicas no tempo que levará para transferi-las ao Nano.

Finalmente, apesar do Nano parecer uma miniatura do iPod original, ele não conta com algumas características familiares. Ele pode mostrar fotos em sua tela, do tamanho de um selo, mas não tem como se conectar com uma televisão, como os grandes iPods fazem para apresentar fotos ao grande público. Muitos dos atuais acessórios do iPod, como microfones, controles remotos ou adaptadores para transferência de câmeras digitais não funcionam no Nano, que não tem as portas necessárias. (No entanto, o Nano ainda aproveita os auto-falantes, carregadores e alguns transmissores de rádio FM de carros para iPod).

No entanto, apesar de a Apple tirar, ela também acrescenta: o Nano oferece uma série de características inusitadas em um iPod. Um relógio mostra que horas são em várias cidades de sua escolha. O novo cronômetro digital elegante, com contador de voltas, é uma vantagem natural para muitos fãs, que incluem corredores e outros esportistas. E se você tem colegas intrometidos mexendo em seu iPod, agora poderá evitá-los com uma senha de quatro dígitos.

Como outros iPods, o novo modelo foi formulado para sincronizar seu material de áudio com o programa gratuito iTunes para Mac e Windows; ele aceita músicas copiadas de sua coleção de CDs, músicas que você comprou da loja de música on-line da Apple, livros de áudio da Audible.com e qualquer um dos 15.000 podcasts gratuitos semanais (programas amadores que são ótimas distrações, mas muito irregulares). No entanto, só o Nano identifica, com uma bolinha azul, os podcasts que você a inda não ouviu. Além disso, ele pode mostrar as letras de qualquer música que estiver tocando (desde que você instale a nova versão 5.0 do iTunes e insira as letras você mesmo.)

Faz tempo que a maior parte dos iPods é capaz de atualizar o livro de endereços e a agenda com os dados do seu computador -se for um Mac. Mas graças ao iTunes 5.0, o Nano e outros iPods podem importar essa informação automaticamente do Microsoft Outlook ou do Outlook Express do Windows.

Alguns críticos reclamaram que os fones de ouvido do Nano saem da parte inferior do aparelho. Talvez essa invenção tenha partido da necessidade -ainda assim, você se pergunta como a Apple conseguiu enfiar tantos componentes em uma máquina do tamanho de uma caixa de chiclete- mas é uma bênção em algumas situações.

Primeiro: quando você tira o iPod do bolso, você não tem mais que virá-lo para ver a tela e os controles. Segundo: a Apple oferece um acessório caro, mas extremamente conveniente, chamado Lanyard Headphones (US$ 39, em torno de R$ 95): uma forma simples e sem nós de vestir e ouvir seu iPod enquanto você fala, malha ou dirige. Como o Nano fica pendurado de cabeça para baixo no laço do acessório, o texto na tela fica de cabeça para cima quando você olha para ela.

O Nano não será boa notícia para o clube crescente de pessoas que se ressentem do sucesso do iPod (até agora 22 milhões vendidos) e sua moda. Elas gostam de declarar que outros tocadores oferecem mais por menos.

Neste caso, entretanto, terão dificuldades. Quer saber o que acontece quando você coloca o Nano para competir com os outros jogadores, no mano a mano? Você desiste, porque nenhum outro flash do mercado oferece alguma coisa que chegue perto do conceito ou da capacidade do Nano. Os tocadores flash de dois gigabytes são raros nos EUA e os modelos rivais de 4 gigas não existem (um giga em geral é o máximo). Também são raros os modelos flash que têm tela colorida; o Samsung e iRiver têm, mas muito maior, mais feia e menos ampla.

Então, os analistas estão certos de que o sol logo vai se pôr na Era do iPod? A verdade é que o iPod enfrentou a dura competição de algumas das mais famosas companhias da indústria desde que foi introduzido. Mesmo assim, depois de quatro anos, todos os cavalos da Dell e os homens da Sony não conseguiram afetar o domínio do iPod. E com a introdução do lindo, funcional e elegante iPod Nano, isso não deve mudar tão cedo.

Tradução: Deborah Weinberg


ÚLTIMAS ANÁLISES
iMasters - Colunas
Cuidado para não comprar gato por lebre
Webinsider
O que é uma estratégia multiplataforma
Webinsider
Alta fidelidade
Webinsider
O gerente de projeto não faz milagre
iMasters - Colunas
Como o Twitter está ajudando o mercado de mobile marketing?
Webinsider
E o Brasil avança, segundo a revista Economist
Webinsider
Urna eletrônica blindada? O caveirão também era...
iMasters - Colunas
Pensando TI de forma estratégica