UOL TecnologiaUOL Tecnologia
UOL BUSCA
Análises > The New York Times
29/12/2006 - 12h00
Grandes e brilhantes idéias que chegaram às prateleiras das lojas

David Pogue

Pode ser necessária uma vila inteira para criar uma criança, mas essa é uma tarefa trivial se comparada ao ato de fazer com que um novo aparelho eletrônico chegue ao mercado.

Os analistas de mercado determinam o que as massas querem, os gerentes de produção conduzem o projeto, os engenheiros dão vida à idéia - são muitas etapas. Não é de se admirar que gente de todo o país esteja, neste exato momento, olhando perplexas para presentes eletrônicos de Natal recém-desembrulhados.

Mesmo assim, idéias brilhantes às vezes conseguem sair das pranchetas de desenho, passar pelos batalhões de advogados e chegar às prateleiras das lojas. Às vezes uma idéia deliciosa é parte de um produto em geral triunfante. Outras vezes, o brilho promissor da idéia apaga-se subitamente.

Aqui está a minha segunda Lista Anual dos 10 melhores - não se trata dos melhores produtos tecnológicos do ano, mas das melhores idéias, características individuais, que vieram à tona. É um pequeno tributo aos grandes pensadores cujas idéias foram aprovadas.


O flash-drive indicador de combustível: Não dá para não adorar esses flash-drives USB. Eles são baratos, brilhantes e diminutos, e proporcionam uma forma praticamente perfeita de transferência de dados de computador.

Por outro lado, a gente odeia esse artefato quando desejamos obter um arquivo e descobrimos que o flash-drive não conta com e espaço livre de memória necessário.

É aí que reside a beleza do flash-drive do Mercury Lexar, cujo estojo traz um "indicador de combustível" - um gráfico que nos diz, sem que seja necessário conectar o aparelhinho, quanto combustível há no carro. Graças a uma tecnologia chamada E-Ink, esse gráfico está sempre ligado, e permanece indefinidamente visível, sem exigir qualquer fonte de energia.


O fio eleétrico magnético: Com certeza em algum lugar deve haver um grupo de apoio às pessoas que tropeçaram no fio do laptop, fazendo com que o aparelho de US$ 2.000 caísse no chão. Isso não ocorre com os laptops Apple 2006, cujos fios são conectados a um ímã poderoso, e não a uma tomada. Se alguém tropeçar ou se embaraçar no fio, o ímã se solta e cai no chão sem provocar dano algum. O laptop passa imediatamente a usar a bateria, preservando os seus dados, o seu dinheiro e meses de terapia.

E, melhor ainda, esse ímã não tem nenhum "lado direito para cima"; ele funciona em qualquer posição. Ah, e ele pisca para confirmar você o conectou a uma tomada que funciona.


O flash de dois estágios: Pode parecer paradoxal que quanto mais cara a câmara digital, menos provável seja que ela conte com um flash interno. Os fabricantes assumem que um profissional com certeza possui uma unidade externa de flash.

Entre outras virtudes, um flash externo é capaz de ser direcionado para cima, de forma que a luz seja refletida no teto, em vez de incidir diretamente sobre o objeto fotografado. O resultado é uma luz mais uniforme e suave.

Porém, as câmeras Lumix DMC-L1 e LC1 da Panasonic oferecem o melhor dos dois mundos. Se você apertar firmemente o botão de abertura do flash interno, ele salta para fora com a face para frente. Mas se você pressionar suavemente, ele salta para uma posição diferente, fazendo um ângulo de 45º com o teto - é isso mesmo, na posição para que a luz seja refletida pelo teto. Uma grande idéia, bem executada.


Um botão de gravação de rádio: O Samsung Helix é um reprodutor normal de música, como um iPod (embora menor). Mas ele é também um receptor de rádio XM via satélite.

Isso já é uma boa idéia, mas há algo mais: quando você ouve uma música que gosta em um dos 70 canais temáticos e sem comerciais, basta pressionar um botão para gravar aquela música desde o início - ainda que você a tenha descoberto meio atrasado. Ao todo, esse aparelho é capaz de armazenar cerca de 25 horas de música gravada de rádio.

Os fãs de música que sofrem há muito tempo poderiam provavelmente ter previsto que a XM seria processada devido a essa gloriosa idéia. Talvez a grande coisa com relação a esta idéia não diga tanto respeito à engenhosidade, e sim à coragem.


Transmissão sem fio de músicas: O Zune, o novo reprodutor de música da Microsoft, faz algo surpreendentemente bem, que o seu rival, o iPod, não faz: ele permite que você transmita músicas e fotos sem o uso de fios para outro Zune. É fácil e rápido, e pode se constituir em uma grande maneira de descobrir novas músicas recomendadas pelos seus amigos.

Na prática, existe mais fatores nesta história. A fim de evitar ser linchada pelas gravadoras, a Microsoft projetou o Zune de forma que as músicas transmitidas se auto-destruam após três reproduções ou três dias, o que acontecer primeiro. Isso se aplica até mesmo - e isso é uma idiotice - às suas próprias gravações, como palestras na faculdade e ensaios de bandas na garagem.

Portanto, o Zune se encaixa naquele caso clássico: uma ótima idéia diluída por uma execução inepta.

O exercício no videogame: Já o videogame Wii, da Nintendo, é um produto de sucesso que foi bem-sucedido exatamente porque a idéia central por trás dele está isenta de bagagens corporativas - e ele é super-divertido.

O golpe de mestre é o controle sem fio do jogo, que detecta o movimento do seu braço em três dimensões e em tempo real. Quando você movimenta o braço, o seu personagem animado na tela de TV faz o movimento correspondente com um taco de beisebol, uma raquete de tênis uma vara de pesca e assim por diante (Talvez seja um exagero sugerir que esse videogame seja capaz de realmente ajudar a lidar com o problema do sedentarismo dos jovens norte-americanos.

Mas os meus dois filhos que estão na escola primária jogam tênis no Wii toda noite com todo vigor - e ficam suados depois de meia-hora).

O Trackpearl: Na maioria dos telefones celulares BlackBerry você faz uma busca pelas opções de tela usando uma botão lateral girado pelo polegar. Um problema se você for canhoto ou se tentar se mover horizontalmente na tela.

O pequeno e incrível BlackBerry Pearl resolve ambos os problemas muito bem: ele conta com uma bola de busca instalada na frente do aparelho. Essa bola pode também ser clicada, de forma que você pode procurar por algo e depois selecionar o que encontrou com um único clique com o polegar.

E como a bola é branca como uma pérola, translúcida e iluminada, ela se adequa muito bem ao nome e ao conceito do telefone ("pearl" é pérola em inglês). É, de fato, uma pérola.

O localizador de faces: Várias câmeras Canon 2006, incluindo a SD800IS, com estabilizador de imagem, oferecem softwares de reconhecimento de faces.

Quando está operando nesse modo, a câmera identifica traços humanos em um cenário, até mesmo em fotos grupais. Pequenos retângulos aparecem em vota de cada rosto (até nove em uma tomada) enquanto você observa a tela no painel anterior. Esses pequenos retângulos se movem, rastreando as pessoas enquanto elas se movem.

O objetivo disso tudo é calcular o foco e a exposição apropriados para as fotografias. O reconhecimento facial elimina as fotos nas quais, por exemplo, a câmera focalizou algo no fundo da paisagem. E ele obriga o flash a reduzir a intensidade da luz de forma a evitar que as faces próximas fiquem supersaturadas.

Clicar sem clicar: O software de reconhecimento de voz do Windows Vista oferece a qualquer um que não seja capaz de digitar - ou que não goste de fazê-lo - uma alternativa simples e eficiente. Usando um fone de ouvido com microfone, você pode ditar um texto em qualquer programa e "clicar" qualquer botão ou tecla dizendo o nome respectivo.

Mas, e se você não souber o nome da tecla? E se estivermos falando de algum pequeno ícone indecifrável na barra de ferramentas? Não dá para dizer exatamente algo como: "Clique naquela coisinha que parece uma semente de melancia em duas bolas de praia".

No entanto, você pode dizer "mostre números". O programa imediatamente coloca números coloridos sobre todas as coisas clicáveis na tela. Daí você pode dizer apenas "21" (ou qualquer outro número) para clicar no local correspondente - um truque que funciona especialmente bem para a navegação nas páginas da Web.

O telefone celular descomplicado: Muita gente já imaginou - enquanto resmungava com a mulher ou o marido - um telefone celular que não faz nada além de ligações telefônicas - nada de Internet, câmeras, música, mensagens de texto ou qualquer artifício complicado. Em outras palavras, essa não é uma idéia assim tão nova.

No entanto, a GreatCall realmente construiu um aparelho desse tipo. O seu telefone Jitterbug é um aparelho grande, confortável para os dedos, dobrável, com grandes teclas iluminadas, sem nenhum menu escondido e - vejam só - um tom de discagem simulado.

Qualquer grande empresa de telefones celulares pode superar esse aparelho em preço, rede de cobertura e, é claro, recursos. Mas para os tecnófobos de mais idade, esta é uma grande idéia que funciona.

Um ano brilhante: A verdade é que é possível preencher mais 20 colunas com todas as boas idéias que surgiram neste ano. Entretanto, por ora, aqui vai um brindo para os sonhadores que elaboraram esses deliciosos projetos e para os comitês que permitiram que eles se materializassem.


ÚLTIMAS ANÁLISES
iMasters - Colunas
Cuidado para não comprar gato por lebre
Webinsider
O que é uma estratégia multiplataforma
Webinsider
Alta fidelidade
Webinsider
O gerente de projeto não faz milagre
iMasters - Colunas
Como o Twitter está ajudando o mercado de mobile marketing?
Webinsider
E o Brasil avança, segundo a revista Economist
Webinsider
Urna eletrônica blindada? O caveirão também era...
iMasters - Colunas
Pensando TI de forma estratégica