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11/02/2011 - 07h00 / Atualizada 25/03/2011 - 14h33

Desenvolvedores contam como é possível ganhar dinheiro com aplicativos gratuitos

GUILHERME TAGIAROLI || Do UOL Tecnologia
  • No programa iTunes, da Apple, é possível baixar músicas, vídeos e aplicativos para os gadgets da empresa; na imagem, alguns aplicativos novos disponíveis para download na loja virtual

    No programa iTunes, da Apple, é possível baixar músicas, vídeos e aplicativos para os gadgets da empresa; na imagem, alguns aplicativos novos disponíveis para download na loja virtual

Como alguém pode ganhar dinheiro fornecendo programas gratuitos para smartphones? Apesar de parecer contraditório, a partir dessa ideia muitas empresas e desenvolvedores se sustentam com esse tipo de modelo de negócio. Para explicar como esses fatores opostos funcionam bem no mercado de aplicativos, o UOL Tecnologia consultou alguns especialistas no assunto.

Para provar que ‘software gratuito’ pode resultar em lucro, em pesquisa recente do Gartner, a instituição previu que a tendência é que 81% dos programas móveis baixados até o fim do ano serão gratuitos. Mesmo assim, esse mercado vai movimentar US$ 15,1 bilhão – no ano passado foram US$ 5,2 bilhões.

Existem companhias que fazem aplicativos gratuitos, mas que são bancados por outras empresas (por exemplo: um cardápio para uma linha de restaurantes fast food). No entanto, fora essa maneira, há três outras formas de ganhar dinheiro com programas ‘gratuitos’ em loja de aplicativos. Confira abaixo:

Propagandas

A primeira forma consiste no fato de o desenvolvedor, com o programa pronto, incluir no código do programa scripts que vão mostrar propagandas durante a execução. Os sistemas mais utilizados são o do Google (Admob) e o da Apple (iAd).

Uma vez que o criador do aplicativo se submeter a um desses sistemas, a cada clique na propaganda durante a execução do programa, ele ganha uma porcentagem – geralmente centavos de dólar. O processo é parecido com serviços de afiliação utilizados em sites.

Um exemplo é o aplicativo Sorte!, da desenvolvedora brasileira Fingertips. Ele mostra combinações para quem gosta de jogar na loteria, após um chacoalhão no celular.

Logo na tela inicial, ele apresenta um banner com uma propaganda. “Apesar de não render muito, esse aplicativo serviu para mostrar ao mercado as possibilidades que o iPhone proporciona”, disse Pedro Milanez, gerente de tecnologia da Fingertips, explicando que o “Sorte!” foi um dos primeiros apps brasileiros.

Alguns aplicativos, como o Twiterrific (cliente Twitter para iPhone), utilizam o mesmo artifício. A Iconfactory, que desenvolve o programa, disponibiliza uma versão gratuita com propagandas e outra paga, com alguns recursos a mais e sem publicidade.

Patrocínio

Outra forma é por meio de investidores. Os mais frequentes são os  investidores chamados angel (anjos, em inglês), que colocam dinheiro em uma empresa – mesmo sem ser um negócio lucrativo a princípio – por acreditarem que o projeto algum dia vingue. Esse tipo de negócio é muito comum em empresas nos Estados Unidos. Ainda que em um primeiro momento pareça algo estranho, há várias companhias que seguem esse modelo de negócio.

É o caso do Instagram – programa que adiciona filtros a imagens tiradas no iPhone. Gratuito, o aplicativo começou bancado pelos dois fundadores (o brasileiro Mike Krieger e Kevin Systrom) e depois recebeu aporte de investidores. No começo do mês, a empresa, mesmo sem ter um modelo de negócio lucrativo, teve um investimento de US$ 7 milhões feito por um grupo.

Apesar de não ser diretamente da área de aplicativos, o Twitter também começou da mesma forma. A princípio a rede social não tinha formas diretas de ganhar dinheiro (hoje já tem os tuítes patrocinados) e, mesmo assim, pela relevância recebeu propostas de compra do Google e do Facebook recentemente. Estima-se que a empresa valha US$ 10 bilhões.

“Nesses casos, é interessante notar a importância que alguns investidores dão para informação. O Twitter tem milhares de usuários, porém ninguém sabe direito o que fazer para ganhar dinheiro. O mesmo acontece, em escala menor, com o Instagram”, analisou Milanez, da Fingertips.

‘Bônus’ pagos

Por fim, uma maneira que não é ‘completamente grátis’, mas surte efeito: é "In-App Purchasing” (compra dentro do aplicativo, em tradução livre) praticado nas loja de aplicativos da Apple. Isso consiste, basicamente, em liberar uma versão do aplicativo gratuita e, após certo nível ou tempo de uso, oferecer recursos mais avançados por um preço.

  • Reprodução

    Após 10ª fase, jogo Boliche Medieval oferece outros níveis sob pagamento de US$ 1,99

Um dos exemplos desse tipo de ‘monetização’ é o jogo Boliche Medieval. Até a fase 10 do jogo, que tem como objetivo derrubar pinos de boliche, o aplicativo é gratuito. Após chegar nesse nível, o usuário tem a opção de baixar os outros níveis pagando US$ 1,99 no ambiente de aplicativos da Apple.

“Logo na primeira semana conseguimos pagar o investimento feito para o desenvolvimento do aplicativo”, disse Pedro Paulo, diretor de operações da Netfilter, que desenvolve o Boliche Medieval. O programa figurou, recentemente, na lista de aplicativos mais baixados da App Store brasileira. Ao todo, segundo Paulo, foram gastos cerca de R$ 30 mil.

Esse modelo de negócio, além de ser muito utilizado em jogos, também encontrou mercado em aplicativos para revistas no iPad. A maioria delas é gratuita até certo ponto e, depois, passam a cobrar por algum conteúdo especial ou para ler uma matéria inteira.

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