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Emiliano Agazzoni

Viva a preguiça! Startups brasileiras movimentam o mercado de delivery

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

20/07/2018 04h00

Um dos hábitos mais comuns entre os brasileiros é pedir comida no conforto da sua casa. Delivery de pizza e sushi estão entre os mais procurados. Pedidos de marmitas saudáveis já são uma tendência também. Apesar do pedido por telefone ainda ser a prática mais comum, os apps foram ganhando força nos últimos anos e muitas pessoas já aproveitam a praticidade da tecnologia para agilizar a chegada da comida nos momentos de fome.

As startups que surgiram neste segmento chegaram para atender demandas muito específicas que impactam milhões de pessoas. Essas necessidades ainda não foram cobertas de maneira inteligente, então existe uma ótima oportunidade de negócios para os empreendedores digitais. Uma característica comum entre as startups é que elas são especialistas em resolver de maneira eficiente um problema específico com todos os benefícios da tecnologia.

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Algumas das tecnologias usadas pelas startups focadas em delivery são: plataformas em formato de aplicativos, uso do GPS para otimizar buscas, identificar a localização do cliente, monitorar e rastrear a entrega, além de oferecer diferentes opções de pagamentos que salvam os dados pessoais para facilitar a vida do cliente que, convenhamos, acha chato demais ter que colocar tudo de novo num próximo pedido.

    O mercado de entregas ainda está fortemente concentrado nos serviços de comida, mas nos últimos meses surgiram novidades que surpreenderam. Quem nunca sentiu aquela vontade de comer um chocolate enquanto está assistindo a um filme? Ou que tal ter à sua disposição uma farmácia 24 horas? Hoje é possível pedir comida, medicamentos, bebidas, chocolate, sorvete e até fraldas em poucos cliques na palma da sua mão.

    O aplicativo mais popular do segmento é o bastante conhecido iFood. Em 2011, o iFood iniciou uma profunda transformação no mercado de delivery de comida. Hoje, com 7 anos de existência, a empresa tem como propósito revolucionar não só este serviço, mas todo o universo da alimentação.

    Tamanho e força para isso, o iFood tem. De origem brasileira, a plataforma também está presente no México, na Colômbia, e na Argentina e já registra mais de mais de 8,2 milhões de pedidos por mês no total. Em 2017, esse número cresceu 128%, além de ter acontecido um crescimento de 108% no número de restaurantes cadastrados e 121% de aumento no número de pedidos. Todos esses números refletem o potencial da empresa e do mercado de delivery de comida.

    Agora, o iFood está investindo em soluções de logísticas e criou o iFood Delivery, serviço que disponibiliza entregadores e faz toda operação logística para os restaurantes que não possuem frotas próprias. Com isso, mais restaurantes passaram a poder fazer parte da plataforma, e os usuários foram beneficiados com mais opções para pedir comida. Realizando atualmente cerca de 300 mil entregas por mês, o iFood Delivery já está disponível em 23 cidades brasileiras.

    Para isso, a companhia usa recursos de tecnologia para captar informações para os restaurantes e o consumidor final. Por trás disso, está o SpoonRocket, uma aquisição do iFood para aproveitar a sua inteligência. A SpoonRocket surgiu nos Estados Unidos, faliu e chegou no Brasil com um modelo diferente para atender o serviço de restaurantes que não têm menu para delivery. Outras startups similares são a UberEats e a PedidosJá.

    Entrega de tudo 

    A segunda startup que gostaria de apresentar é o Rappi, um aplicativo de delivery "de tudo" em minutos. Ele foi fundado na Colômbia (Bogotá) em 2015, por Simón  Borrero, Sebastián  Mejía e Felipe Villamarín. Em março de 2016, entrou na “Y  Combinator”, a aceleradora de companhias de tecnologia mais importantes do mundo.

    Em julho de 2017 chegaram ao Brasil, operando primeiramente em São Paulo. Receberam um aporte de US$ 185 milhões de dólares e estão expandindo as operações no Brasil. Uma bela mudança em menos de 2 anos, não é?

    O mais bacana do Rappi é que, em apenas alguns cliques, é possível a qualquer momento comprar produtos de diversas categorias, como comida, produtos farmacêuticos, itens de supermercados, artigos pets e bebidas. É possível até pedir dinheiro! (na verdade, eles sacam e levam para você).

    O legal é que, em compras de supermercado, o cliente consegue interagir com o shopper - o assistente pessoal que faz as compras. É possível abrir um chat e pedir que envie fotos, troque produtos que estão faltando etc. Todos os pedidos realizados são acompanhados em tempo real pelo usuário.

    Fraldas e remédios

    Sem ir tão longe, descemos para Curitiba, uma cidade que respira inovação e está cultivando as startups lá chegam. A terceira startup que se destaca no mundo das entregas é o James Delivery. Eles começaram com entregas básicas de comida e, em pouco mais de um ano, estavam levando de tudo à casa das pessoas: pacote de fraldas, remédios, roupas esportivas etc.

    Foi assim que o serviço de entrega curitibano James Delivery conseguiu crescer mais de 800% em 2017. Uma novidade que está por vir é que este app quer se consagrar como o primeiro aplicativo de delivery que funciona por comando de voz.

    Um caso emblemático foi quando uma mãe pediu um pacote de fraldas. Até desconfiamos e ligamos para ela para confirmar. Quando atendeu, ouvimos uma criança berrando no telefone e entendemos que aquela era uma demanda urgente

    Lucas  Cechin, fundador da James Delivery

    Foi aí que os sócios notaram que havia um público. Hoje, pedidos de leite em pó e fraldas são bem frequentes, mas Lucas, Juliano, Eduardo e Ivo já se depararam com coisas bem inusitadas, como pedidos por pregos, preservativos e até uma lata de tinta.

    Compra do mês

    A quarta startup dessa história é a Home Refill. Operando desde 2016 em formato completo, a iniciativa digital brasileira já atende milhares de clientes no estado de São Paulo. A plataforma é um sistema inteligente de abastecimento de itens básicos de mercado. Em poucos cliques a compra do mês está fechada e o consumidor marca a melhor data para receber os produtos em casa, sem nenhuma cobrança de frete. 

    O sistema intuitivo e inovador oferece reposição periódica a custo inferior da média do varejo, sem taxas de entrega. Para definir os preços de cada produto a HomeRefill pesquisa os valores praticados pelos supermercados e calcula uma média entre o mais barato e o mais caro. Desta forma, o custo final de uma cesta de produtos na HomeRefill pode ficar até 15% abaixo daquele praticado pelo varejo tradicional.

    No mesmo segmento existe a Supermercado Now que foi criada em 2015 por Marco Zolet e Diego Kawaoka. A ideia foi inspirada no modelo aplicado pela empresa norte-americana Instacart e consiste em ser uma alternativa prática e cômoda para aqueles que não possuem tempo para realizar suas compras de supermercado com a cesta completa, que inclui frutas, legumes e verduras.

    Por meio de shoppers, as compras são realizadas e entregues na casa do consumidor em até 2 horas. A tecnologia do Supermercado Now utiliza funcionalidades do mundo digital como geolocalização e pagamento via cartão de crédito e é adaptável para mobile, tablets e desktop.

    Do lado offline, as compras por meio de shoppers trazem um caráter mais pessoal e humano ao atendimento. O diferencial do Supermercado Now é que ele é uma alternativa rentável também para os lojistas. No ano passado, se somou à plataforma o grupo St.Marche, considerada a maior rede de supermercado premium de São Paulo.

    Startups do mesmo gênero por aqui são Shoppers, Mercado Fresh e Clube Greens. Já conhece algum deles? Vale muito a pena dar uma olhada e prometo que vai se surpreender.

    As soluções digitais não vieram para tomar o lugar do varejo físico e tradicional, mas para ser mais eficiente, entender suas dores e resolvê-las instantaneamente. Essas startups estão aqui para isso: nos trazem a instantaneidade que tanto buscamos, aliada à excelência no serviço com foco no atendimento ao cliente - outro ponto que, normalmente, deixa muito a desejar quando falamos de varejo tradicional.

    Você já usou algum dos serviços acima? Conte aí!