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Facebook é criticado por estudo secreto sobre emoções sem a permissão de usuários

30/06/2014 09h47

O Facebook está sendo criticado após revelações de que teria feito um experimento secreto para testar as emoções de quase 700 mil usuários.

Durante uma semana em 2012, a maior rede social do mundo manipulou o feed de notícias de um grupo de usuários para avaliar se o conteúdo das mensagens recebidas afetaria seu humor e o teor de suas próprias atualizações.

O estudo, feito em parceira com as universidades americanas de Cornell e da Califórnia, concluiu que os usuários que receberam menos posts negativos em seu feed tinham menos chances de escrever um post negativo e vice-versa.

Na divulgação da pesquisa, durante a 17ª edição dos Anais da Academia Nacional de Ciência, nos Estados Unidos, o coautor Amdam Kramer, do Facebook, disse que a rede "considerava importante avaliar uma antiga premissa de que ver posts positivos dos amigos levam as pessoas se sentirem negativas ou excluídas".

"Ao mesmo tempo, também estávamos preocupados com a hipótese de que a exposição à negatividade dos amigos pode levar as pessoas a evitar entrar no Facebook", justificou.

O estudo gerou críticas de usuários e intelectuais do setor de tecnologia sobre a ética e o impacto que este tipo de pesquisa pode causar.

Em sua conta no Twitter, a pesquisadora de política e ética de dados Kate Crawford afirmou: "Vamos chamar o experimento do Facebook do que ele é: o sintoma de uma falha muito maior em pensar sobre ética, poder e consentimento sobre plataformas [digitais]".

Também pelo Twitter, Lauren Weinstein, que investiga tecnologia de sistemas, disse que o experimento secreto do Facebook "tentou fazer os usuários se sentirem tristes".

Investigação
Por sua vez, Jim Sherida, parlamentar do Partido Trabalhista da Grã-Bretanha, pediu uma investigação sobre o assunto.

Em entrevista ao jornal “The Guardian”, ele defendeu uma legislação para proteger as pessoas contra este tipo de prática.

"Eles estão manipulando material da vida pessoal dos usuários. Estou preocupado com a habilidade do Facebook e de outros de controlarem os pensamentos das pessoas em política e em outras áreas", criticou Sherida, que é membro do comitê seleto de mídia da Câmara dos Comuns.

No entanto, para Katherine Sledge Moore, professora de psicologia de Elmhurst College, em Illinois, a realização deste tipo de estudo "não é uma surpresa".

"Considerando o que o Facebook faz com o feed de notícias dos usuários o tempo todo, e o que tivemos de concordar ao nos tornarmos usuários, esse estudo não é de se espantar".

Durante a apresentação do experimento, Adam Kramer admitiu que o Facebook não expressou claramente suas intenções ao fazer a pesquisa.

"Eu posso compreender por que algumas pessoas estão preocupadas. Eu e os outros coautores lamentamos a forma como o experimento foi descrito."