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Feminista é ameaçada após criticar papel de mulheres em games

Anuta Sarkeesian é a criadora do site Feminist Frequency, em que discute a representação das mulheres em narrativas da cultura pop - Feminist Frequency
Anuta Sarkeesian é a criadora do site Feminist Frequency, em que discute a representação das mulheres em narrativas da cultura pop Imagem: Feminist Frequency

Kevin Rawlinson

Da BBC News

03/09/2014 13h58

Mais de 2 mil pessoas assinaram uma carta aberta pedindo o fim da discriminação de gênero na indústria de videogames.

O documento, assinado por profissionais independentes e de grandes empresas de jogos, como Electronic Arts e Ubisoft, foi uma resposta às ameaças de morte feitas à crítica feminista Anita Sarkeesian depois que ela lançou uma série de vídeos sobre a misoginia (ódio às mulheres) nos jogos.

Sarkeesian denunciou as ameaças à polícia e diz que se viu forçada a deixar sua casa. Ela afirmou que as ameaças são "um tipo de terrorismo".

A carta pede para que jogadores e demais envolvidos na indústria dos videogames denunciem "discursos de ódio e assédio".

Tomada de posição

Anuta Sarkeesian é a criadora do site Feminist Frequency (http://www.feministfrequency.com/), em que discute a representação das mulheres em narrativas da cultura pop.

No dia 25 de agosto, ela divulgou o episódio mais recente de sua série sobre a maneira como mulheres são retratadas em videogames.

No vídeo, ela fala sobre a tendência de mostrar "personagens femininos geralmente insignificantes e com os quais não se pode jogar, cuja sexualidade ou vitimização é explorada de modo a dar um tempero provocativo ou picante aos universos dos games".

Dois dias após a publicação do vídeo, ela disse ter recebido "ameaças muito assustadoras" a ela e a sua família no Twitter, que a levaram a entrar em contato com a polícia.

A carta, que foi escrita pelo desenvolvedor de games Andreas Zecher, do estúdio independente Spaces of Play, incentiva pessoas que testemunhem ameaças em sites como Twitch, Facebook e Twitter - entre outros - a denunciá-las.

"Se você vir discurso de ódio e assédio, tome uma posição publicamente contra isso e transforme a comunidade dos jogos em um espaço mais agradável", diz o documento.

"Acreditamos que todos, não importa o gênero, a orientação sexual, a etnia, a religião ou se são portadores de deficiência, tem o direito de jogar, de criticar os jogos e de desenvolver jogos sem ser assediado ou ameaçado. É a diversidade da nossa comunidade que permite que os jogos prosperem."

'Não vou desistir'

Em seu perfil de Twitter (https://twitter.com/femfreq), Sarkeesian compartilha imagens dos insultos e ameaças que recebe. Algumas das imagens sugerem que o autor das ameaças sabe onde ela mora.

Ela disse que ficará hospedada com amigos porque não se sente segura em sua casa. "Eu não vou desistir, mas o assédio às mulheres no meio da tecnologia tem que acabar", escreveu.

Na rede social, ela também afirma que os policiais que a atenderam "não sabem lidar com ameaças reais feitas online". Oficiais teriam perguntado a ela: "Se você continua recebendo ameças por causa do seu trabalho, por que não para?".

A ativista já foi alvo de misoginia em outras ocasiões. Em 2012, um jogo em primeira pessoa chamado Espanque Anita Sarkeesian foi publicado online.

No início de 2014, ela ganhou o prêmio de embaixadora do evento anual Game Developers Choice. O prêmio é destinado a pessoas que "ajudaram a indústria de games a avançar e se tornar um lugar melhor, seja facilitando a melhora da comunidade de dentro ou atuando de fora da indústria como defensor dos videogames".