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Vítima de 'vingança pornô', estrela lésbica do YouTube luta por mudança na lei

Para Chrissy, a lei britânica deveria ter efeito retroativo - Chrissy Chambers
Para Chrissy, a lei britânica deveria ter efeito retroativo Imagem: Chrissy Chambers

11/06/2015 11h34

A americana Chrissy Chambers, 24, estrela do YouTube, com centenas de milhares de seguidores em seu canal, quer fortalecer as leis britânicas contra a divulgação de vídeos de "vingança pornô" na internet.

Em 2013, ela descobriu vídeos explícitos postados na web que mostravam ela mantendo relações sexuais com um ex-namorado. Ela alega que estes vídeos foram postados pelo ex-namorado, um britânico.

Segundo Chrissy, descobrir o vídeo no YouTube foi o "momento mais devastador" de toda sua vida.

"Eu estava parada em um corredor e caí no chão. Não conseguia nem segurar meu próprio peso, estava tão arrasada. Tudo desmoronou à minha volta", disse ela à BBC em uma entrevista concedida em sua casa, em Los Angeles.

"É a dor mais horrenda", acrescentou.

A americana não sabe exatamente a razão do conteúdo ter sido divulgado na web.

"Sinto que sou uma pessoa muito gentil e tento ser uma pessoa boa, mas o fato é que ele encontrou uma forma horrível de me machucar", disse.

Agora, Chrissy está movendo uma ação civil contra o suposto responsável pela divulgação do vídeo. Acredita-se que a americana seja a primeira pessoa a entrar com uma ação como esta na Grã-Bretanha, específica para "vingança pornô".

Junto com sua parceira, Bria Kam, Chrissy tem mais de 363 mil assinantes em seu canal no YouTube e seus vídeos já foram vistos mais de 80 milhões de vezes.

O canal, Bria and Chrissy, Face Your Fears, celebra a relação entre as duas e traz vários vídeos comentando ou discutindo questões sobre sexualidade e comportamento.

"Alguém estava compartilhando (o vídeo) para (o nosso público) demográfico adolescente e dizendo 'bem, você pensou que esta pessoa era um modelo a ser seguido? ela é uma prostituta e uma vadia'", afirmou.

Depois da divulgação do vídeo, Chrissy alega que ela e a parceira perderam dezenas de milhares de assinantes em seu canal no YouTube.

Resultados 
Chrissy e a parceira, Bria (dir.) perderam milhares de assinantes depois de divulgação de vídeo - Chrissy Chambers - Chrissy Chambers
Chrissy e a parceira, Bria (dir.) perderam milhares de assinantes depois de divulgação de vídeo
Imagem: Chrissy Chambers

O escritório de advocacia de Londres que representa Chrissy, McAllister Olivarius, quer que a ação tenha vários resultados: um pedido de desculpas, indenização em dinheiro e que a americana consiga os direitos de copyright sobre o material sexualmente explícito.

Além da ação civil, Chrissy e seus advogados registraram queixa na polícia.

No entanto, a americana e os advogados admitem que todo este trabalho pode resultar em nada pois, segundo eles, a lei de "vingança pornô" na Inglaterra e País de Gales foi introduzida em abril deste ano e não atende casos ocorridos antes desta data.

A equipe pode usar outras leis que já eram vigentes antes, mas Chrissy afirma que a legislação precisa mudar.

"Quero que as leis na Grã-Bretanha sejam fortalecidas e também quero que casos anteriores (a abril) sejam reabertos", afirmou.

"Se alguém é uma vítima de violência e aconteceu há cinco anos, você ainda pode ir atrás disso. Acho que a sociedade e a lei não estão encarando isto com a seriedade necessária, como um crime. Quer dizer, é um crime de ódio e até que as pessoas encarem sob este ângulo, então não vai ser como precisamos que seja."

"Não acho que este aspecto da lei é forte o bastante e, definitivamente, precisamos fortalecer (a lei) e há muitas pessoas trabalhando para que isto aconteça", disse.

Segundo a advogada de Chrissy, Ann Olivarius, a pessoa que teria divulgado os vídeos "instruiu os advogados e estamos aguardando para ouvir dos advogados qual a posição dele em relação a esta questão".

"'Vingança pornô' é um abuso terrível da confiança que pode fazer com que as vítimas se sintam humilhadas e degradadas. Por isso transformamos em um delito criminal e garantimos que os responsáveis possam ficar até dois anos presos", informou um porta-voz do Ministério da Justiça britânico.