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Avião solar faz pouso histórico no Havaí

03/07/2015 19h20

Jonathan Amos

Correspondente de Ciência da BBC News

O avião Solar Impulse pousou nesta sexta-feira no Havaí depois de fazer um voo histórico de 7,2 mil quilômetros a partir do Japão.

Como seu nome diz, esta aeronave é movida apenas a energia obtida a partir do Sol.



A distância percorrida e o tempo no ar - 118 horas - são recordes para este tipo de aeronave.

Também se trata de uma marca inédita de duração de voo sem reabastecimento. O recorde anterior era do americano Steve Fosset, que passou 76 horas a bordo de um jato em 2006.

Volta ao mundo

Apesar de ter permanecido tanto tempo na cabine, o piloto suíço Andre Borschberg disse à BBC que não sentiu cansaço.

"É curioso, mas não fiquei cansado. Estou impressionado. Tivemos tanto apoio durante o voo que isso me deu muita energia", afirmou ele.

"Temos trabalho a fazer e pessoas a encontrar. Tenho certeza que muita gente vai querer ver o avião e falar de suas tecnologias. Mas não há por que não tentarmos surfar um pouco também."



À espera de Borschberg, no Havaí, estava seu parceiro no projeto, Bertrand Piccard.

Eles estão se revezando na missão de realizar uma viagem de volta ao mundo, que começou em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em março.

Ficará a cargo de Piccard a próxima etapa, do Havaí para a cidade de Phoenix, nos Estados Unidos, e que levará quatro dias inteiros para ser completada.

De lá, o Solar Impulse irá para Nova York e cruzará o oceano Atlântico para dar início a seu retorno a Abu Dhabi.

Janela de oportunidade

Antes, o avião ficará em solo para ser checado. Enquanto isso, meteorologistas buscarão uma janela de oportunidade para que ele levante voo novamente.

Chegar ao Havaí provou ser mais complicado que se imaginava. A equipe ficou parada na China por cinco semanas antes de tentar pela primeira vez cruzar o oceano Pacífico.



Como o avião tem asas com um comprimento total de 72 metros, isso gera muitas limitações quanto ao tipo de clima que ele pode suportar.

A primeira tentativa acabou sendo abortada após um dia de voo por causa de uma frente fria em seu caminho.

Borschberg desviu para o Japão, onde esperou mais um mês antes de receber o sinal verde, na última segunda-feira, para decolar novamente.

Mesmo assim, enfrentou contratempos climáticos e turbulência.

A equipe suíça está usando as várias paradas de sua viagem para fazer campanha em prol de tecnologias limpas.

O Solar Impulse não foi feito para ser o futuro da aviação, mas uma demonstração do potencial da energia solar.

O modelo é coberto por 17 mil células fotovoltaicas, que energizam seus motores diretamente ou carregam baterias de íon-lítio, que o mantém funcionando durante a noite.

"Agora, podemos voar por mais tempo sem combustível do que com combustível", disse Piccard. "Trata-se de um feito histórico para as energias renováveis."