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Brasil (de novo) sem WhatsApp: Entenda as polêmicas do aplicativo no mundo

19/07/2016 13h33Atualizada em 13/06/2020 21h55

A juíza Daniela Barbosa, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, ordenou que todas operadoras de telefonia bloqueiem o WhatsApp o Brasil - é a terceira vez que o app deixa de funcionar no país após uma decisão judicial.

Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a determinação ocorreu após o aplicativo se negar a fornecer informações sobre uma investigação criminal.

As empresas de telefonia foram notificadas da decisão às 11h30 desta terça-feira. A multa diária caso a decisão judicial seja desrespeitada é de R$ 50 mil.

Em sua defesa, o WhatsApp afirma já não ter o conteúdo das conversas requisitadas - o aplicativo agora usa a criptografia "end-to-end", na qual só as pessoas que participam do bate-papo podem ler o que é escrito nele.

Mas não é só no Brasil que o app vive sob ameaça.

Outros países

Em locais como Arábia Saudita, Irã, Reino Unido e Bangladesh, por exemplo, já houve discussão sobre a retirada do aplicativo do ar - em alguns deles, o app foi suspenso por tempo determinado.

Em alguns países, a iniciativa de discutir bloqueios ao uso do WhatApp parte de seus setores de segurança, que argumentam ser mais difícil monitorar mensagens - que são encriptadas - enviadas pelo aplicativo do que ligações telefônicas ou e-mails, por exemplo.

Argumenta-se, porém, que se o WhatsApp permitisse o relaxamento na encriptação das mensagens, isso ameaçaria a privacidade dos usuários e os deixaria mais vulneráveis à ação de criminosos cibernéticos.

No Reino Unido, o então primeiro-ministro David Cameron criticou a falta de colaboração da empresa em investigações - no caso britânico, a preocupação é com terrorismo.

Em um discurso em janeiro do ano passado, o britânico disse que tentaria proibir serviços de mensagens encriptadas - como as do WhatsApp e do Snapchat - caso os serviços de inteligência do país não pudessem acessar o conteúdo.

A declaração foi feita após os ataques à revista satírica Charlie Hebdo em Paris, que aumentaram o temor sobre ameaças terroristas.

Já havia uma pressão para que empresas como Google e Facebook fornecessem mais informações sobre atividades de seus usuários. Ambas as plataformas são usadas como espaço de propaganda e recrutamento de grupos radicais pela internet.

"Vamos permitir meios de comunicação que são impossíveis de ler? Minha resposta é: não, não devemos fazer isso", disse Cameron.

Em junho de 2015, o assunto voltou à tona no Reino Unido com a discussão de uma nova lei de comunicações de dados.

Segurança nacional

Ameaças de terrorismo ou à segurança nacional também serviram de justificativa para o bloqueio do serviço em outros países.

Muitos desses governos, no entanto, foram acusados de restringir a liberdade de expressão.

Na Arábia Saudita, houve uma ameaça de retirar o WhatsApp do ar em 2013 porque o serviço não estaria se adequando às regras de Comissão de Comunicações e Tecnologia da Informação.

Na época, o país chegou a tirar do ar o Viber, aplicativo de mensagens e chamadas de voz pela internet, pelo mesmo motivo.

"Terroristas e elementos criminosos estão usando essas redes para se comunicar", disse uma autoridade do Paquistão para justificar a suspensão do aplicativo em uma província, segundo a imprensa local.

Em Bangladesh, o serviço foi bloqueado duas vezes.

Na primeira, em janeiro de 2015, o governo afirmou que havia ameaças de terrorismo e que era difícil monitorar comunicações pelo aplicativo.

Em novembro, houve um bloqueio mais drástico: o WhatsApp e o Facebook saíram do ar por quase três semanas após a Justiça do país confirmar a condenação à morte de dois homens por seu envolvimento em crimes de guerra na luta por independência do país nos anos 1970.

O bloqueio do WhatsApp teria ocorrido para evitar tumultos.

Em 2014, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, considerado moderado, precisou se empenhar pessoalmente para liberar o aplicativo.

Setores linha dura do governo queriam proibir o uso do aplicativo no país devido à aquisição do WhatsApp pelo Facebook - cujo dono, Mark Zuckerberg, seria uma "americano sionista", segundo o comitê do país responsável pela internet.

Na Síria em guerra, o WhatsApp foi suspenso em 2012.

"Um golpe na liberdade de expressão e nas comunicações em todo lugar. Um dia triste para a liberdade", publicou o WhatsApp em sua conta no Twitter à época.