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KickAss Torrents: quem é o cérebro por trás do maior site de distribuição de pirataria do mundo

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Imagem: Reprodução

25/07/2016 18h09

Artem Vaulin, de 30 anos, é um ucraniano que foi preso na Polônia na semana passada acusado de violação de direitos autorais e conspiração para lavagem de dinheiro.

Segundo as autoridades dos EUA, ele é o cerebro por trás da distribuição ilegal de arquivos de música e vídeo por meio do site que criou há oito anos, o KickAss Torrents (KAT), hoje a maior entre as páginas que utilizam o protocolo conhecido como Bit Torrent para esse tipo de compartilhamento.

Os números associados ao site são impressionantes.

"Artem Vaulin supostamente dirigia um site mundial de pirataria digital que roubou mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,2 bi) da indústria de entretenimento dos Estados Unidos", disse Peter Edge, diretor-executivo associado do Escritório Americano de Imigração e Alfândega.

Segundo declaração do Departamento de Justiça americano, que pedirá a extradição de Vaulin, o KAT está em 69º lugar entre os sites mais populares do mundo, com mais de 50 milhões de visitantes por mês.

A página opera em 28 idiomas e acredita-se que seu valor tenha chegado a US$ 54 milhões (R$ 177 milhões). Os lucros com publicidade variam entre US$ 12,5 milhões (R$ 41 milhões) e US$ 22,3 milhões (R$ 73,2).

Pseudônimo: Tirm

As informações sobre Artem Vaulin são poucas: o que se sabe é o que pode ser visto no expediente do KickAss e a partir de poucas pistas em redes sociais.

Segundo a declaração do Departamento de Justiça americano, o cérebro por trás do site usa o pseudônimo Tirm.

Documentos afirmam ainda que o "KAT operou com o apoio de uma empresa de fachada baseada na Ucrânia, a Cryptoneat".

A Cryptoneat, por sua vez, tem uma página na rede LinkedIn, na qual é descrita como uma firma dedicada ao desenvolvimento de software.

Na mesma rede social há um perfil de Artem Vaulin, que afirma ser o fundador da empresa. As habilidades citadas no perfil dele são genéricas, como gerenciamento de projetos, planejamento estratégico e serviço ao cliente.

A operação

O governo dos Estados Unidos afirma que o KickAss "mudou seu domínio várias vezes devido às várias apreensões e processos relativos a direitos autorais, e já foi bloqueado por ordens judiciais em países como Reino Unido, Irlanda, Itália, Dinamarca, Bélgica e Malásia".

O KAT não hospeda arquivos ilegais, mas fornece links para que os usuários baixem materiais sem autorização.

Quando o site recebia uma queixa de um estúdio de Hollywood, respondia com uma mensagem em que afirmava não poder ser processado, já não continha links que levavam a mais de 30 torrents - arquivos pequenos com instruções para baixar outros arquivos.

A prisão de Vaulin "demonstra que os cibercriminosos podem fugir, mas não podem se esconder da Justiça", afirmou o assistente da Procuradoria-Geral americana Leslie R. Caldwel.

As acusações de violação de leis de direitos autorais podem resultar em uma sentença de cinco anos de prisão para o fundador do KickAss. Já as de lavagem de dinheiro preveem a uma pena de até 20 anos.

A defesa

Os defensores do KAT afirmam que o site não oferece os materiais ilegais, apenas facilita o compartilhamento de dados.

Esse argumento, porém, não convenceu as autoridades e nem as empresas e organizações dedicadas à defesa de direitos autorais.

"Todos os sites que compartilham torrents estão envolvidos em atividades ilegais, incluindo o KickAss Torrents", afirmou à BBC Bart Van Leeuwen, da companhia Onsist, especializada em soluções contra a pirataria.

"Ser acusado de distribuir mais de US$ 1 bilhão em conteúdo pirata por oito anos e obter um lucro de milhões de dólares... Isso nos leva a perguntar por que o acusado se meteu neste tipo de operação", disse Stephen Gates, chefe de investigação da companhia de segurança NSFocus.

"Neste caso, parece que a recompensa superava o risco", acrescentou.

Outra dúvida é se o KAT recebeu o golpe definitivo que vai tirar o site do ar - os especialistas estão reticentes.

"As autoridades provavelmente vão ver (a prisão de Artem Vaulin) como um sucesso. E foi, parcialmente", afirmou van Leeuwen.

"Mas a história mostra que quando esses sites são desmontados, outros novos ou clones aparecem online muito rapidamente", acrescentou.

O Departamento de Justiça dos EUA já fez outras grandes operações contra sites de compartilhamento ilegal de arquivos.

Um dos exemplos mais famosos é o de Kim Dotcom, fundador do Megaupload, que está lutando para não ser extraditado para o país.

As autoridades americanas afirmam que o Megaupload fez com que as indústrias do cinema e da música perdessem US$ 500 milhões.