Topo

Zuckerberg se recusa a viajar ao Reino Unido para reunião com parlamentares

Alex Wong/AFP
Imagem: Alex Wong/AFP

Nate Lanxon

15/05/2018 16h11

O Facebook enviou um "pedido de desculpas" a um comitê de parlamentares britânicos que investiga o impacto da rede social em eleições recentes depois que uma iniciativa anterior para responder às perguntas foi considerada insatisfatória.

A rede social se recusou novamente a enviar o executivo-chefe Mark Zuckerberg a comparecer diante do comitê, após ameaças de convocação formal.

"O Sr. Zuckerberg não tem planos de se reunir com o comitê nem de viajar para o Reino Unido no momento, mas reconhecemos plenamente a gravidade dessas questões e continuamos comprometidos a trabalhar com vocês", disse Rebecca Stimson, chefe de políticas públicas do Facebook no Reino Unido, em carta enviada ao comitê nesta semana, divulgada nesta terça-feira.

Trata-se de uma resposta do Facebook a Damian Collins, chefe do comitê que investiga as chamadas fake news, que solicitou mais informações porque não ficou satisfeito com as respostas dadas anteriormente pelo diretor de tecnologia da rede social, Mike Schroepfer.

Em comunicado que acompanhou a publicação da resposta do Facebook, nesta terça-feira, o parlamentar disse que "considerando que essas eram perguntas complementares a questões que o Sr. Schroepfer não conseguiu respondeu, esperávamos detalhes e dados, e em vários casos recebemos pedidos de desculpas".

O Facebook afirmou que estava "decepcionado porque, depois de ter fornecido uma quantidade muito significativa de informações ao Comitê na última audiência, o Comitê declarou que nossa resposta foi insuficiente".

A carta de fato respondeu a várias perguntas feitas pelos legisladores britânicos. Por exemplo, informou que a AggregateIQ, empresa canadense de análise de dados, gastou cerca de US$ 2 milhões em anúncios no Facebook para grupos de campanha pró-Brexit, incluindo Vote Leave (US$ 1,6 milhão) e BeLeave (US$ 329.000). A carta também afirmou que contas falsas associadas à Agência de Pesquisa da Internet, da Rússia, gastaram cerca de US$ 100.000 em anúncios no Facebook e no Instagram entre junho de 2015 e agosto de 2017.

Collins buscava saber, por exemplo, quantos titulares de contas do Facebook e do Instagram no Reino Unido foram contatados por entidades de fora do Reino Unido durante o referendo da UE, se o Facebook transmitiu informações de usuários para a Cambridge Analytica ou para o pesquisador Aleksandr Kogan e quem no Facebook foi o responsável pela decisão de não informar aos usuários que seus dados podem ter sido comprometidos em 2015.

A rede social não respondeu diretamente ao primeiro ponto, mas confirmou que "não repassou informações de usuários coletadas pelo aplicativo do Dr. Kogan para a Cambridge Analytica". A companhia não identificou nenhum indivíduo como responsável por não contar aos usuários sobre os riscos em 2015, mas informou que "um escritório de advocacia externo" foi contratado para "investigar e tomar medidas contra" Kogan.

Ao fornecer respostas a algumas das 39 perguntas que os parlamentares britânicos consideraram que Schroepfer não havia sido capaz de responder adequadamente, o Facebook espera aplacar algumas das críticas mais duras feitas durante a audiência com seu diretor de tecnologia, em 26 de abril. Uma das discussões mais acaloradas do dia se deu entre Julian Knight e Schroepfer. O ministro do Partido Conservador disse que o Facebook é uma "zona sem moralidade", destrutiva para a privacidade, e não uma parte inocente prejudicada pela Cambridge Analytica. "Sua empresa é o problema", disse ele na ocasião.