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Google quer voltar à China com ajuda de empresas locais

Gigante Tencent é uma das potenciais parceiras na China - Getty Images
Gigante Tencent é uma das potenciais parceiras na China Imagem: Getty Images

Bloomberg News

06/08/2018 17h00

Os planos do Google para a China são ainda mais ambiciosos do que se pensava.

A gigante online negocia com Tencent Holdings, Inspur Group e outras empresas chinesas a oferta de seus serviços de nuvem na segunda maior economia do mundo, segundo pessoas a par das discussões. As discussões começaram no início de 2018 e o Google reduziu os candidatos à parceria a três firmas no fim de março, segundo uma das pessoas. As tensões comerciais entre a China e os EUA agora assombram a iniciativa, deixando pouca clareza sobre a possibilidade de avanço do plano, disse a pessoa.

A informação vem à tona alguns dias após a revelação de que o Google está desenvolvendo uma versão de seu mecanismo de busca para a China que bloquearia as informações que o governo de Pequim considera delicadas.

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Se implementada, a decisão marcaria uma mudança de postura drástica da unidade da Alphabet, que deixou a China continental em 2010 por se recusar a cumprir as práticas de censura do país. A perspectiva de que uma das corporações mais poderosas dos EUA se curve à vontade da China gerou condenação imediata em Washington.

"É um golpe que o governo chinês e o Partido Comunista obriguem o Google -- o maior mecanismo de busca do mundo -- a cumprir seus onerosos requisitos de censura e isso estabelece um precedente preocupante para outras empresas que buscam fazer negócios na China sem comprometer seus valores fundamentais", escreveram seis parlamentares dos EUA, incluindo o senador republicano Marco Rubio, em carta ao executivo-chefe do Google, Sundar Pichai.

O objetivo da iniciativa de nuvem é rodar os serviços do Google baseados na internet por meio de centros de dados e servidores domésticos de provedores chineses, o que é similar à forma com que outras empresas de nuvem dos EUA acessam o mercado. No restante do mundo, na maior parte das vezes o Google Cloud aluga poder de computação e armazenamento pela internet e vende uma coleção de aplicativos de produtividade corporativa chamada G Suite, que roda em seus próprios centros de dados.

A China exige que as informações digitais sejam armazenadas no país e o Google não tem centros de dados na parte continental da China, por isso precisa de parcerias com atores locais.

A chefe da Google Cloud, Diane Greene, disse na semana passada que deseja que o negócio "seja uma nuvem global", mas preferiu não comentar especificamente sobre a China. Ainda assim, a empresa busca um gerente de desenvolvimento de negócio em Xangai para seu negócio de nuvem. O anúncio de emprego lista "experiência e conhecimento sobre o mercado chinês" como qualificações necessárias.

Um porta-voz do Google Cloud preferiu não comentar. A Inspur e Jane Yip, uma porta-voz da Tencent, não responderam imediatamente aos pedidos de comentários na sexta-feira.

Uma parceria com grandes empresas chinesas de tecnologia como Tencent e Inspur também daria ao Google aliados poderosos em um momento em que a empresa busca um retorno mais amplo à China continental, de onde retirou seu mecanismo de busca em 2010 devido a preocupações com a censura.

--Com a colaboração de Erik Wasson.