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Se a privacidade morreu, é hora de vender nossos dados pessoais?

Especialista defender que devemos ter o controle sobre nossos próprios dados - Getty Images/iStockphoto
Especialista defender que devemos ter o controle sobre nossos próprios dados Imagem: Getty Images/iStockphoto

Michelle Jamrisko e Mark Miller

Da Bloomberg

22/09/2018 04h00

Se a privacidade é realmente uma coisa do passado, então as pessoas deveriam pelo menos lucrar com as próprias informações pessoais. Esta é a visão sobre os direitos de dados defendida por Brittany Kaiser, que veio a público neste ano para testemunhar sobre como seu ex-empregador, a Cambridge Analytica, consumiu indevidamente os dados de milhões de usuários do Facebook.

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Esta perspectiva é compartilhada por um número cada vez maior de usuários da internet em todo o mundo, que estão se dando conta de que os impérios online do Facebook e do Google se baseiam nos dados concedidos por eles sem nenhuma compensação.

A questão é como. O Facebook, por exemplo, poderia distribuir tokens digitais para seus 2,2 bilhões de usuários em troca das informações íntimas usadas todos os dias pelos anunciantes na rede social, sugere Kaiser.

A privacidade não existe em uma era de crise pós-Facebook. Os ativos digitais que você produz todos os dias são seu próprio valor humano. Você deveria poder ser dono deles e receber uma parcela dessa monetização

Brittany Kaiser, na cúpula "Sooner Than You Think", em Cingapura

Do ponto de vista pessoal, a propriedade e o controle reais dos dados implicaria colocar todas as suas informações - desde inclinações políticas e preferências sobre produtos até histórico médico - em um lugar, para que as pessoas possam decidir quem terá acesso e em quais condições. Isso pode significar qualquer coisa: da venda ao uso limitado em troca de um serviço gratuito (como o Facebook) - ou mantê-los completamente privados. 

Você é o produto: cada passo que você dá na web gera rastros e essas informações são usadas para te vigiar e influenciar o seu comportamento

Entenda

A privacidade simplesmente não é possível nesta era de crise pós-Facebook, disse Kaiser. No entanto, os consumidores devem evitar o "fomento ao medo" ou se apegar à ideia de que nenhum dado é seguro.

Como exemplo, ela mencionou o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da União Europeia, que entrou em vigor em maio e se concentra na proteção de dados pessoais. As empresas agora enfrentam regras mais rígidas sobre o consentimento e multas maiores por quaisquer violações de dados. Essa estrutura está ajudando a levar os EUA a adotar uma legislação mais rigorosa, disse ela.

Em última análise, trata-se de afirmar o controle sobre seus próprios bens valiosos.

"É exatamente como com o Airbnb: se alguém for usar seus ativos físicos, seria normal chegar a um acordo sobre o preço e sobre o que eles vão fazer com o imóvel antes de entregar as chaves de sua casa", disse Kaiser. "Por que seria diferente com seus dados?"

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