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Para Twitter, sociabilidade local garante sucesso da rede na América Latina

Ana Mengotti

Em Bogotá

08/05/2015 21h00

Os latino-americanos são sociáveis por natureza, afirmou nesta sexta-feira o brasileiro Guilherme Ribenboim, vice-presidente do Twitter para a América Latina, ao destacar que os negócios da empresa vão muito bem na região.

"Gostamos de compartilhar e falar, temos a cultura da conversa, gostamos de nos relacionar com a família e os amigos", disse Ribenboim em entrevista à Agência Efe em Bogotá e na qual, por outro lado, defendeu que o Twitter não é uma "rede social, mas uma rede que serve para compartilhar informação e opinião".

Sem dar números, exceto os contundentes 302 milhões de usuários ativos, 77% deles fora dos Estados Unidos, o vice-presidente regional afirmou que a América Latina é o mercado que mais cresce, tanto em usuários como em publicidade.

O Brasil é o quinto país mais importante do mundo para os negócios do Twitter, e a sede da empresa na região se transferiu recentemente para São Paulo.

Ribenboim destacou que uma das prioridades do Twitter na América Latina é se envolver em todos os eventos importantes da região, desde a Cúpula das Américas no Panamá até a Copa América, que acontecerá no Chile em junho.

Na Cúpula das Américas, houve duas equipes do Twitter dedicadas a ajudar políticos, empresários e outros participantes a divulgar informações e comentários pela rede, e ainda a obter opiniões das pessoas sobre os temas discutidos no encontro.

Na Copa América, o Twitter ajudará os organizadores a tirar o máximo proveito da plataforma e também auxiliará as seleções participantes, como Brasil, Argentina e Colômbia, mas ele não quis revelar como.

Para Ribenboim essas tarefas não significam atropelar o papel que seria dos meios de comunicação. Ao contrário, ele vê o Twitter como a ferramenta ideal para ajudar os jornalistas a se aprofundarem na análise, observar diferentes ângulos da informação e encontrar fontes. Ele também a classifica como útil para os governos e os políticos em geral, especialmente em processos eleitorais.

Mas Ribenboim está "orgulhoso", sobretudo, de o Twitter estar servindo para dar voz às pessoas e para "desenvolver a democracia".

"Não queremos mudar o mundo, mas que as pessoas falem, que possam exercer seu direito de se expressar", ressaltou.

Quando a companhia foi fundada em 2006, dois anos antes do lançamento dos smartphones, seus criadores propuseram que servisse para que "as pessoas pudessem compartilhar o que estavam pensando em tempo real". E é nisso que continuam apostando.

"Trata-se de reforçar, não de mudar o DNA do Twitter", disse o diretor brasileiro, que considera que o sucesso da companhia não será passageiro e que seu principal ativo são seus três diferenciais em relação a outras plataformas.

"Há outras plataformas, mas nenhuma tem os três diferenciais: funcionar em tempo real, ser aberta e coloquial", disse Ribenboim, que também vê o Twitter como a melhor entre as redes para se conectar à televisão.

Certo de que proteger sua identidade é o melhor para o Twitter, Ribenboim não hesitou em responder "não" quando perguntado se em algum momento a rede permitirá mais de 140 caracteres por tuíte, o que muitos usuários pedem, principalmente os falantes de idiomas como o espanhol e o português, que têm palavras geralmente mais longas do que o inglês.

Ele lembrou o que Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter, respondeu há dois anos quando perguntaram o mesmo a ele durante uma visita ao Brasil: "a criatividade brilha mais quando há limites".