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MacBook Pro com tela Retina está muito próximo da perfeição, mas preço alto assusta

David Pogue

Do New York Times

18/06/2012 06h00

Se você pudesse projetar o notebook de seus sonhos, como você o descreveria?

Super-rápido. Superfino. Superleve. Duração superlonga da bateria. Capacidade imensa de armazenamento. Memória suficiente para manter muitos programas abertos ao mesmo tempo. Tela maravilhosa, teclado confortável, som excelente. Inicialização rápida, corpo resistente, aparência deslumbrante.

E, é claro, barato.

O novo notebook da Apple que chegou às lojas na segunda-feira (11) atinge um número impressionante desses alvos elevados de uma só vez. Como você pode imaginar, aquele que ele era mais longe é “barato”.

Mas o novo MacBook Pro com tela Retina de 15 polegadas é destinado a profissionais – fotógrafos, editores de vídeo, músicos e outras pessoas cujo notebook está no centro do trabalho diário. Se eles puderem gastar de US$ 2.200 (pelo modelo básico) a US$ 3.750 (pelo modelo morri e fui para o céu), eles serão recompensados.

E se a reação online inicial servir como indicação, muitos já estão gastando –se não estiverem ocupados demais limpando a baba em seus queixos.

Do MackBook Air ao Pro

A última mudança da Apple em seus notebooks ocorreu há quatro anos. Nesse ínterim, uma coisa engraçada aconteceu no mercado de computadores: o MacBook Air. Uma peça insanamente fina de alumínio, com dois terços de uma polegada em seu ponto mais fino, que pesa muito pouco, inicializa muito rápido e chama muita atenção.

A Apple atingiu essas metas descartando alguns elementos até então padrão. Um drive de DVD. Conexão de Ethernet. E, mais alarmantemente, o disco rígido.

Em vez dos pratos giratórios tradicionais de um disco rígido, o MacBook Air tem armazenamento flash –chips de memória que armazenam todos seus programas e arquivos mesmo quando o computador é desligado.


O armazenamento flash tem vários benefícios. É mais resistente, porque não possui partes móveis. É veloz, especialmente na inicialização do computador e na abertura dos programas. Ele economiza energia da bateria, porque não há discos mecânicos para girar. É silencioso. E é minúsculo, de modo que o próprio notebook pode ser mais fino.

Mas drives flash são muito, muito mais caros do que discos rígidos. Os preços estão caindo, mas o armazenamento flash não igualará a capacidade de um disco rígido pelo mesmo preço tão cedo.

De qualquer forma, apesar de seu preço (atualmente de US$ 1 mil para cima), o MacBook Air acabou se tornando popular, e agora você pode conseguir belos notebooks Windows finos, chamados ultrabooks, projetados seguindo o mesmo conceito.

Tudo isso nos leva ao novo MacBook Pro. Evidentemente a Apple sentiu que o preço e capacidade do armazenamento flash tinha finalmente atingido o ponto onde poderia substituir os discos rígidos nos notebooks profissionais da empresa; de fato, por US$ 500 acima do preço básico, você pode conseguir o novo notebook com um drive flash de 768 gigabytes. Não é tanta capacidade quanto é possível conseguir no MacBook Pro existente com disco rígido (1 tera), mas não é tão limitado.

Sem disco rígido e drive de DVD, a Apple conseguiu tornar a nova máquina muito mais fina e leve do que sua antecessora, que a Apple ainda vende (por US$ 400 a menos). O novo notebook tem apenas 1,78 centímetro de espessura –aproximadamente o mesmo que o lado mais grosso do MacBook Air– e pesa 2 quilos. Ele não é nem o mais fino e nem mesmo o mais leve notebook de 15 polegadas (o Samsung Series 9 é uma fração mais fino e 360 gramas mais leve, por exemplo), mas é de longe mais fácil de manusear.

A Apple chama o novo notebook de “o computador mais bonito que já fizemos”. O MacBook Air discorda. Mesmo assim, o novo notebook com certeza é bonito; ele nem mesmo passaria pela porta do Salão da Fama da Feiura.

Suas entranhas são topo de linha e vertiginosamente rápidas: o mais recente processador quad-core da Intel, Bluetooth 4.0, um slot para cartão de memória e uma ventoinha com lâminas assimétricas. Isso para torná-la mais silenciosa, já que as lâminas irregulares espalham o barulho do ar em múltiplas frequências. (Uau, Apple, que perfeccionismo.)

Eu não marquei com cronômetro, mas posso atestar que a bateria de “7 horas” durou facilmente um dia inteiro de trabalho, desde que você faça pausa para o almoço e uns dois telefonemas. Uma conexão HDMI aparece neste Mac pela primeira vez, para a conexão por cabo para os televisores e projetores (não há a conexão de vídeo tradicional).

Ele também tem um som excelente, poderosos alto-falantes estéreo e dois microfones. Por que dois? Por que ditar –falar para digitar– é uma nova função na futura versão Mountain Lion do Mac OS. A Apple diz que os dois microfones oferecem melhor eliminação do ruído de fundo quando você está falando.

Tela Retina

Mas sabe de uma coisa? Nada disso importa. O principal componente do novo MacBook Pro atingirá você em cheio no momento em que você abri-lo: é a tela Retina.

Esse é o termo da Apple para uma tela com tamanha alta resolução – tantos pontos minúsculos– que você não consegue identificar pixels individuais, mesmo se você colar o rosto na tela. As telas Retina já distinguem os modelos mais recentes de iPhone e iPad, mas este é o primeiro computador real a receber uma, e é realmente chamativa.

A resolução da tela é de 2.880 X 1.800 pixels. Isso significa 5,1 milhões de pontos minúsculos, em comparação a 1 milhão ou 2 milhões em um laptop típico de 15 polegadas. É a tela de notebook com maior resolução no mundo.

Vídeos, fotos e texto se beneficiam com tamanha nitidez da tela. Mas tenha em mente que seus programas não parecerão mais nítidos até que sejam atualizados para tela Retina. Os aplicativos padrão da Apple foram atualizados, ou serão em breve: Safari, Mail, Aperture, iMovie, Final Cut, iPhoto. Atualizações para Photoshop e Autodesk estão a caminho.

Mesmo na maioria dos programas não atualizados, menus, caixas de diálogo e texto digitado ficam mais nítidos automaticamente. Mas em alguns poucos programas, o texto parece serrilhado e feio na tela Retina. O leitor Kindle da Amazon, o leitor da Barnes & Noble e o Chrome se enquadram nessa categoria. (A Amazon diz que uma atualização está a caminho; os outros dois não disseram nada, mas pode-se apostar que sim.)

Essa espera por atualização não chega a se transformar em uma objeção a esta máquina dos sonhos. Mas outras decepções podem.

Pontos negativos

Por exemplo, este notebook tem apenas duas entradas USB. É verdade que são uma combinação de USB 2.0 e USB 3.0 –você pode plugar qualquer aparelho e o notebook dá automaticamente a melhor energia e velocidade possível. Mas notebooks rivais têm mais portas USB.

Como que para compensar, você recebe duas portas Thunderbolt, que supostamente são conexões milagrosas de alta velocidade para discos rígidos, telas e outras adições. Infelizmente, ainda não existem muitos.

Também é preciso lembrar que este notebook inspirado no MacBook Air carece de drive de DVD e conexão Ethernet. A Apple diz que Wi-Fi está por toda parte agora e que se quiser assistir a um filme, você pode fazê-lo por stream pela Internet.

Francamente, essa é uma típica conclusão “cedo demais” da Apple. Wi-Fi não está por toda parte e muitos filmes não estão disponíveis legalmente por streaming. (Já voou alguma vez de avião? Não é possível assistir um filme por streaming se o voo não tem Wi-Fi.)

Para contornar, você pode comprar um drive externo de DVD (US$ 80) e adaptador de Ethernet (US$ 30).

O incômodo final: o novo corpo esbelto do MacBook exigiu um novo desenho para o cabo de força. O conector MagSafe da Apple sempre foi um luxo dos notebooks da Apple: o cabo se conecta magneticamente, de modo que você não derruba o computador da mesa quando tropeça no cabo. Até agora, todos os MacBooks tinham o mesmo conector MagSafe.

Não mais. O novo MacBook (e o atualizado MacBook Air nesta semana) exige um conector MagSafe mais estreito. Adaptadores de força anteriores não servirão neste notebook (pelo menos sem o adaptador de US$ 10 da Apple) e vice-versa –uma grande decepção para quem tenha pago US$ 80 por cada cabo de força para mantê-los em lugares diferentes.

No geral, entretanto, como o novo notebook se sai na Lista de Desejos Suprema dos Notebooks? Extremamente bem. Ele fica no topo nos quesitos tela, teclado, som, inicialização, aparência, duração da bateria e velocidade/espessura/leveza. Ele pode ter bastante memória (até 16 gigabytes) e armazenamento por um bom preço.

E é barato? Nem de perto. Mas assim como carros, casas e cônjuges, não dá para ter tudo. Profissionais, comecem a juntar dinheiro.