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Samsung Galaxy S III é um telefone incrível – e infinitamente mais personalizável que o iPhone

Por David Pogue

Do New York Times

22/06/2012 06h01

Uau. Quando a Samsung quer vencer, ela não brinca.

Seu novo telefone Android, o Galaxy S III, está repleto de funções que visam humilhar o iPhone. É como um boxeador entrando no ringue com uma armadura de cerâmica e armas semiautomáticas.

A questão é, tudo isso funciona junto para criar uma obra-prima? Ou é uma pilha caótica de espaguete?

O Galaxy S III está disponível por todas as quatro grandes operadoras nos Estados Unidos –Verizon, AT&T, Sprint e T-Mobile (US$ 200 pelo modelo com 16 gigabytes de armazenamento, com contrato de dois anos). Ele roda na rede de dados mais rápida de cada operadora –4G LTE, por exemplo.

Grande, bem grande

A primeira coisa que é preciso saber: esse telefone é enorme. Sua tela de 4,8 polegadas é uma tela ampla para fotos, filmes, mapas e páginas de Internet. Mas não é possível ter uma tela grande sem um corpo grande, e este está mais para fita VHS do que para selo postal. É a velha troca: um telefone maior é melhor quando você está usando, mas um pequeno é melhor quando você está transportando.

Ainda assim, quando a Samsung decidiu incorporar uma Jumbotron, seus projetistas fizeram um trabalho espetacular de criação de um corpo em torno dela. A traseira é de plástico lustroso (branco ou azul escuro), arredondada em todas as bordas e cantos. É superfino –8,6 milímetros, ainda mais fino que o iPhone– e parece glorioso; quando você está nervoso, você pode esfregá-lo como uma “pedra da preocupação”.

A Samsung pode não chamá-la de tela Retina, mas a tela tem mais pixels que a do iPhone, 1.280 X 720 pixels, contra 960 X 640. Também é quase tão nítida: 306 pixels por polegada em vez de 326. É uma tela Amoled: brilhante, vívida e relativamente eficiente em consumo de energia.

O Galaxy tem uma bateria removível e um slot para cartão de memória –tome essa, Apple! Ele roda com a versão mais recente do sistema operacional Android do Google (4.0 Ice Cream Sandwich ou “sanduíche de sorvete”). A câmera na traseira tira fotos claras de 8 megapixels, apesar de não serem muito nítidas.

Hardware em sintonia com software

Mais importante, os projetistas do S III casaram hardware com software para criar dezenas de funções realmente engenhosas e úteis. No iPhone, a Apple provavelmente se vangloriaria de algumas destas:

-Smart Stay. A câmera frontal do telefone procura pelos seus olhos. Quando seu olhar se desvia, a tela escurece para economizar energia; ela volta a clarear quando você volta a olhar. Brilhante.

-Buddy Shot. O programa de reconhecimento de face do Galaxy sabe qual rosto está na cena. Na primeira vez que você tira uma foto de alguém, você pode digitar o nome da pessoa –sua mãe, por exemplo. Depois, sempre que você tirar uma foto dela, um toque a envia para ela sem que você precise se preocupar em digitar um endereço.

-Direct Call. Se uma conversa por texto está ficando complicada demais, apenas levante o telefone até seu ouvido. Ele liga para seu parceiro de conversa por texto, sem precisar digitar.

-Tap to top. Dê uma pancadinha na borda superior do telefone para subir ao topo de uma lista.

-Tilt zooming. Com dois dedos na tela, incline o telefone na sua direção ou afaste para aumentar ou diminuir o zoom de uma foto, mapa ou página de Internet.

-Instant muting. Tire o som de um arquivo de áudio ou vídeo cobrindo a tela com sua mão. como se dissesse “Shhhh!”. Tire o som dos toques de chamada e de notificações virando o telefone com a tela para baixo na mesa –em uma reunião, por exemplo. Isso é muito, muito inteligente.

-Palm swipe capture. Salve uma imagem da tela esfregando a beirada de sua mão por ela, como se você fosse o scanner de uma fotocopiadora.

-Answering key. Você pode atender uma chamada apertando o botão Home, e desligar apertando o botão liga/desliga. Não é preciso olhar para a tela.

Todas essas funções são opcionais – você as ativa em Settings (Configurações).

Há outra ótima ideia maluca em TecTiles: pequenos adesivos com circuitos (US$ 15 por cinco). Quando seu telefone se aproxima de um adesivo, ele ativa alguma tarefa que você selecionou de uma lista de dezenas no aplicativo gratuito TecTiles: faça uma chamada, envie um texto, ajuste a configuração do telefone e assim por diante.

Um adesivo TecTile no painel do seu carro pode ligar o Bluetooth quando você entrar no carro. Um adesivo no criado-mudo pode ligar o despertador no seu telefone. Essa é uma ideia divertida, útil, fora do habitual.

Pontos negativos

Mas nem todos os avanços são vencedores. Por exemplo, a Samsung faz muito estardalhaço com o S Beam, que permite que você transfira uma foto, vídeo ou outro arquivo para outro telefone apenas batendo suas traseiras juntas.

Infelizmente, a configuração é mais trabalhosa do que montar um guarda-roupa da Ikea. Ambos os telefones precisam ser Galaxy III, ambos precisam estar desbloqueados, ambos precisam dos serviços certos ativados na configuração –Wi-Fi Direct e S Beam. Com tanto trabalho, teria sido mais fácil enviar o arquivo por e-mail.

Outro exemplo: além da função “digite falando” padrão do Android, o Galaxy oferece algo chamado S Voice –uma cópia direta do Siri do iPhone.

Além das funções habituais do Siri (“Ligue para minha mãe”, “Siga para a Rua 68 Oeste, Nº200”, “Qual é a altura do Monte Evereste?”), você também pode usá-lo para abrir aplicativos (“Abra a calculadora”), ajustar a configuração (“Desligue o Wi-Fi”) e fazer anotações para si mesmo (“Grave voz”). Você também pode atender as chamadas por voz (“Atenda” ou “Rejeite”), desligar o alarme (“Soneca” ou “Pare”) e, deliciosamente, até mesmo controlar a câmera (“Dispare” ou “Xis!”).

Na prática, você provavelmente vai acabar descartando a S Voice. Não apenas a sintaxe exigida por ela é bem mais restritiva que a do Siri, mas nos meus testes, a S Voice simplesmente não funciona bem.

Eu: “Marque um horário com Charlie, quinta-feira ao meio-dia”. Ela: “Ocorreu um erro inesperado no servidor. Por favor, tente de novo”.

Eu: “Desligue o Wi-Fi”. Ela: “Que aplicativo você deseja abrir?”

Eu: “Ligue o Wi-Fi”. Ela “Que Tom?”

Eu: “Grave a voz”. Ela: “Erro de rede. Por favor, tente de novo”.

Mais decepções: Não há botão físico para a câmera – não dá nem mesmo para usar o botão de volume para esse propósito, como no iPhone.

E é ridículo que, após tirar uma foto, o menu Compartilhar ofereça acesso com um só toque para coisas como Group Cast, ChatOn e Flipboard – mas as opções bem mais comuns, como e-mail e mensagem de texto, fiquem escondidas em um submenu.

Há três botões de toque iluminados sob a tela: Menu, Home e Back (Voltar). Mas após alguns segundos, a luz desliga para economizar energia, deixando você com uma faixa completamente no escuro. Agora você terá que adivinhar quais são os botões. Você aprenderá rapidamente qual apertar, mas mesmo assim...

Telefone incrível

Mas essas coisas são falhas muito pequenas em algo realmente ótimo. O Galaxy S III é um telefone incrível – o ''crème de la Android''. Para muitas pessoas, a próxima pergunta é: Samsung ou Apple?

O Samsung é infinitamente mais personalizável. Você pode controlar quais ícones de status devem aparecer no topo (Wi-Fi, Bluetooth, relógio e assim por diante). Você pode escolher quais das 40 mil opções da câmera devem aparecer na tela visor. Você pode escolher entre os sistemas de entrada de texto, incluindo um onde você pode arrastar seus dedos por teclas na tela. Uma tela de gráfico de barras revela exatamente quanta carga de bateria está sendo consumida por cada aplicativo. E assim por diante.

É claro, com grande flexibilidade vem grande complexidade. O telefone bombardeia você com alertas e avisos de isenção de responsabilidade –às vezes de cabeça para baixo. Você realmente precisa de uma Apostila de Aprendizado para dominar esta coisa.

Com um iPhone, você tem bem menos controle, mas você tem o ecossistema da Apple: uma loja bem integrada de aplicativo/música/filme. Conectores de carregadores universais que aparecem em carros e quartos de hotel em todo o mundo. Hardware e software que são projetados juntos, de modo que as funções têm aparência e funcionam de modo consistente.

Mas no melhor e mais recente aparelho da Samsung, você tem velocidade 4G, uma tela imensa e funções sensoras de movimento inteligentes –em uma peça fina e belamente esculpida. Na galáxia dos telefones inteligentes, este é uma estrela brilhante e bonita.