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Câmera minúscula da Sony rivaliza com as profissionais por trazer sensor ''imenso''

David Pogue

03/07/2012 06h01

Esta é uma avaliação da melhor câmera de bolso já feita.

Por anos os fabricantes de câmeras temiam a concorrência de apenas uma fonte: outros fabricantes de câmeras. Mas no final, o predador mais perigoso veio de uma direção inesperada: os telefones celulares.

Hoje, mais fotos são tiradas com celulares do que com câmeras fotográficas. Em sites de fotos como Flickr, o iPhone é fonte de mais fotos do que qualquer câmera real. Não é de estranhar que as vendas das câmeras de bolso baratas estejam caindo a cada ano.

As câmeras em celulares são um desenvolvimento prazeroso para as massas. Se você tem sua câmera com você, é mais provável que você tire fotos e mais provável que registre imagens incríveis.

Mas de certo modo elas também são ótimas para os fabricantes de câmeras, que são forçados a dobrar as áreas onde os celulares são inúteis: lentes de zoom. Alta resolução. Melhor qualidade de foto. Flexibilidade e funções avançadas. Esse é o motivo, mesmo com as vendas de câmeras de bolso em baixa, para as vendas das câmeras de ponta estarem em alta.

Agora você sabe por que o momento é oportuno para a nova Sony Cyber-shot DSC-RX100. Ela é uma câmera minúscula, que pode ser guardada no bolso da calça, que estará disponível no final de julho pelo preço salgado de US$ 650.

Ou melhor, não estará disponível. Todo o estoque será vendido em toda parte. Eu vou direto ao que interessa: nunca saíram fotos tão boas de uma câmera tão pequena.


Sensor poderoso

O primeiro motivo é fácil de entender. A Sony RX100 tem um sensor imenso de uma polegada –o maior já inserido em uma câmera de bolso com zoom. Ele não é tão grande quanto os sensores de câmeras SLR e outras com lentes intercambiáveis. Mas é uma área quatro vezes maior do que a dos campeões anteriores de qualidade entre as câmeras de bolso, como a Panasonic XZ-1 e a S100. (O corpo de metal preto reluzente da RX100 parece igual aos delas.)

Um sensor grande significa pixels maiores, que proporcionam menos granulação em baixa luminosidade, maior riqueza de cores e grande alcance dinâmico –o espectro dos pixels mais escuros aos mais claros.

Um sensor grande também é pré-requisito para aquela imagem profissional de fundo desfocado. A RX100 consegue facilmente aqueles fundos suaves, uma raridade em câmeras compactas.

O outro fator de destaque na Sony é sua lente Carl Zeiss, cuja abertura máxima é de f/1.8. É a maior abertura que você pode comprar em uma câmera de bolso. Isso também explica sua capacidade de desfocar o fundo e seus resultados espetaculares em baixa luminosidade.

(Como em qualquer câmera, essa abertura diminui com o zoom. Quando você dá o zoom máximo nesta câmera, você cai para f/4.9. Isso ainda é melhor do que a abertura da Canon em zoom pleno –f/5.9.)

Mas sabe de uma coisa? Tudo isso é papo de fotógrafo amador para “Esta câmera tira fotos incríveis”. Se você deseja saber o que “sensor enorme” e “grande abertura” significam no mundo real, pare de ler e aprecie meu slideshow com anotações de uma amostra de fotos. Há uma pequena amostra em nytimes.com/personaltech e uma maior em http://j.mp/LdUu4h.

Lá você verá o que torna a RX100 uma revelação: quantidades insanas de detalhes e cores vívidas, verdadeiras. Fotos no modo Handheld Twilight (redução do tremido em fotos à noite ou em baixa luminosidade). Um modo rajada que pode tirar até 10 fotos por segundo. E fotos macro –superclose– de arrepiar. Uma SLR típica não pode se aproximar mais que 25 centímetros do tema com sua lente incluída; a RX100 consegue dar foco a apenas 5 centímetros de distância.

Como uma SLR

A RX100 pode ser tão controlada manualmente e personalizada quanto uma SLR, mas também conta com modos automatizados impressionantes. Eles incluem Illustration (transforma a foto em um desenho a traço colorido), High Dynamic Range Painting, e o bizarro, mas às vezes esclarecedor, Auto Crop. Ele cria uma duplicata de seu retrato, reenquadrando como considera melhor. Às vezes ele acerta.

E Sweep Panorama. Você move a câmera ao redor de você em um arco, apertando o botão de disparo o tempo todo. Quando você para, lá está, em sua tela, uma panorâmica perfeita de 220 graus. É a lente grande angular definitiva. Desfiladeiros, fotos de multidão, interiores do Walmart –você não imagina com que frequência é útil.

Para autorretratos, você pode programar um timer como de costume. Ou usar seu modo ainda mais inteligente, no qual a câmera espera até ver seu rosto enquadrado. Então ela dispara uma foto a cada três segundos até você sair de cena.

Como de costume nas compactas atuais, não há visor óptico, uma ausência que você pode lamentar. Mas a tela de três polegadas permanece clara e nítida mesmo em plena luz do sol, graças a um pixel branco extra que a Sony inseriu entre cada conjunto de vermelho, verde e azul.

A captura de vídeo em 1080p não exibe exatamente o mesmo festival de nitidez que as fotos. Mas você pode usar todos os efeitos de foto quando está filmando. E enquanto está gravando você pode dar zoom, mudar o foco e até mesmo tirar fotos.

Pontos negativos

A Sony tomou a decisão controversa de trazer de volta o carregador interno. Isto é, não há um carregador externo para a bateria de 330 fotos. Em vez disso, a câmera é o carregador, seja conectada a uma entrada USB, como a de seu notebook, ou a uma tomada na parede. Os prós: nenhum carregador para transportar e perder. Contras: você não pode carregar uma bateria de reserva enquanto está fotografando.

Assim como sua referência, a Canon S100, você pode programar a função do anel da objetiva da Sony. Ele pode controlar o zoom, foco, exposição, abertura, etc. Mas diferente do anel da Canon, o anel da Sony não clica enquanto você o gira –sons que são registrados quando você está gravando vídeo.

Na mão, você também não sente os cliques. O anel gira livremente, o que dá uma sensação derrapante quando você está fazendo ajustes com pontos de parada naturais, como ISO (sensibilidade à luz) ou velocidade do obturador.

Esse não é o único ponto negativo minúsculo. O maior, é claro, é que há muito pouco espaço para botões físicos. Todas as centenas de funções da RX100 estão concentradas em cinco botões na traseira, um dial de modo no topo, o anel em torno da objetiva e um anel clicável em quatro direções na traseira.

Os novatos vão achar complicado. Mas está claro que esta não é uma câmera para novatos. Além disso, no final tudo faz sentido. Você aprende a apertar o botão Fn sempre que quiser ajustar a configuração de foto, ou o botão Menu para ajustar a configuração da câmera.

A câmera tem uma lente de zoom 3.6X. A Canon S100 dá mais zoom (5X). Por outro lado, a Sony tira fotos de 20 megapixels, contra 12 da Canon.

Normalmente eu não sou fã do abarrotamento de mais pixels em uma câmera apenas para fins de marketing. Fotos com megapixels elevados levam mais tempo para transferir, enchem mais rapidamente o disco rígido e são um exagero para a maioria dos propósitos de impressão.

Mas no sensor da Sony, eles são pixels realmente úteis. Você pode eliminar uma grande parte da foto e ainda contará com muitos megapixels para grandes ampliações; na prática, você está ampliando o zoom.

Um último ponto negativo: em certas fotos, quando eu ajustei o contraste geral posteriormente no Photoshop, eu notei um pouco de vinhetagem –áreas escuras nos cantos.

Esta é uma segunda câmera ideal para profissionais. E é uma ótima câmera principal para qualquer amador que queira tirar fotos de aspecto profissional sem ter que carregar uma bolsa de câmera.

É claro, US$ 650 é absurdamente caro. Você pode comprar uma SLR completa por esse preço.

Mas toda vez que você transferir suas fotos para o computador, você vai entender por que gastou esse dinheiro. Você as clicará, impressionado com a frequência com que ela foi bem-sucedida em parar o tempo, capturar a emoção de uma cena, preservar uma memória ou uma expressão que você não quer esquecer. Você apreciará o fato de a RX100 ter quebrado sozinha a regra que dizia: “É preciso uma câmera grande para fotos de qualidade profissional”.

E se você se importa com fotografia, você agradecerá a Sony por dar à indústria de câmeras um bom empurrão para o futuro.