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YouTube paga para defender alguns produtores de vídeos contra processos por direitos autorais

Cecilia Kang

Em Washington (EUA)

23/11/2015 06h00

Desde sua criação, o YouTube está envolvido em disputas longas e amargas em torno de violações de direitos autorais. E ao longo dos anos, o site de vídeos aumentou seu policiamento de material pirateado. Mas também com frequência, diz a empresa, as exigências dos detentores de direitos autorais para remoção de vídeos vão longe demais.

Agora, o YouTube está adotando a medida incomum de apoiar financeiramente os criadores do YouTube, para que possam se defender.

Na quinta-feira, o YouTube disse que arcaria com as despesas legais de um punhado de criadores de vídeos que a empresa acha que são alvo de exigências injustas de remoção. Ele disse que os criadores que escolheu usam legalmente conteúdo de terceiros de acordo com as estipulações legais de "uso justo" permitidas para comentários, críticas, notícias e paródia.

Um exemplo de uso justo é um segmento pelo apresentador de TV Stephen Colbert, que repete videoclipes de notícias diante dos quais o comediante reage.

Constantine Guiliotis, cujo pseudônimo é Dean e cujo canal dedicado a desmascarar avistamentos de objetos voadores não identificados conta com mais de 1.000 assinantes, é um dos autores de vídeos que o YouTube defenderá. Guiliotis recebeu três avisos para remoção por detentores de direito autoral de vídeos que ele encontrou online e postou em seu canal no YouTube, "UFO Theater".

"É muito gratificante saber que a empresa se importa com uso justo e escolhe alguém como eu", disse Guiliotis.

O YouTube está começando de forma pequena, apoiando inicialmente quatro criadores de vídeos, mas disse que pode expandir seu programa.

A empresa disse que deseja proteger a liberdade de expressão e educar os usuários sobre uso justo. Mas seu anúncio também visa reforçar a lealdade dos criadores de vídeos. O YouTube enfrenta nova concorrência por parte do Facebook, Twitter e empresas de mídia tradicionais, que estão tentando fazer com que os consumidores carreguem mais conteúdo em suas plataformas.

'Queremos proteger nossos usuários'

Na quarta-feira, em um sinal de quão competitivo o setor de vídeos online se tornou, o YouTube nomeou Neal Mohan como seu novo chefe de produto e design. Mohan era um alto executivo de publicidade do Google, que é dono do YouTube.

"Nós queremos, quando pudermos, proteger nossos usuários", disse Fred von Lohmann, diretor legal para direitos autorais do YouTube. "Nós acreditamos que mesmo o pequeno número de vídeos que pudermos proteger terá um impacto positivo sobre todo o ecossistema do YouTube."

Lohmann disse que o número de vídeos legítimos afetados por notificações de remoção é pequeno. E grandes empresas de entretenimento nem sempre são as mais agressivas na exigência de que vídeos sejam removidos. Mas o problema está crescendo, disse Corynne McSherry, diretora legal da Fundação Fronteira Eletrônica, um grupo de direitos digitais.

"Está se tornando cada vez mais fácil remover conteúdo legítimo e precisamos de um contrabalanço para essa situação, de modo que apreciamos o anúncio pelo YouTube", disse McSherry.

No primeiro semestre deste ano, o Legislativo de Ohio ordenou que o YouTube removesse um vídeo da divisão local da NARAL Pro-Choice, um grupo de direitos de aborto, que continha imagens de uma reunião do comitê. O videoclipe da reunião fazia parte de um vídeo maior criticando o comportamento de alguns legisladores. O grupo agora é um dos criadores de vídeos que o YouTube prometeu proteger de processos de violação de direitos autorais.

"Não somos uma grande organização", disse Kellie Copeland, diretora-executiva da NARAL Pro-Choice Ohio. "Nós temos apenas seis pessoas aqui, de modo que contar com o apoio do YouTube nos permite não ter medo e defender nossa posição nesta situação."