Topo

Comunicado do Facebook alerta para "indústria do curtir" na rede social

Acúmulo de "curtir" falsos levou Facebook a emitir nota  - Reprodução
Acúmulo de "curtir" falsos levou Facebook a emitir nota Imagem: Reprodução

Flávio Carneiro

Do UOL, em São Paulo

06/09/2012 06h06

Um comunicado divulgado pelo Facebook na última sexta-feira (31) confirma uma situação que tem se espalhado pela rede social norte-americana: a indústria do “falso curtir”.

Na nota, a empresa afirma que vai reforçar a segurança contra os “curtir” que contrariam as regras de uso da rede social, como os que são obtidos por softwares maliciosos e de contas suspeitas. Com isso, menos 1% dos “curtir” do Facebook seriam excluídos, afirma a página.

Esses “curtir” misteriosos têm uma fonte. De acordo com Nelson Barbosa, especialista em segurança digital da Norton Antivirus, esses cliques falsos vêm da compra de “curtir”, negociada na própria internet, além da invasão das contas de usuários.

Pacote
A compra e venda dos “curtir” são realizadas por pacotes, em que o interessado paga um valor fixo por uma quantidade de cliques – os vendedores não explicam como fazem isso, mas uma possibilidade é a utilização de milhares de contas falsas.

“As contas são criadas com informações diferentes daquelas sobre quem está no comando do processo, para dificultar a localização”, diz Barbosa. O próprio Facebook afirma que existem 83 milhões de contas falsas na rede social – cerca de 8,7% do total.

O UOL Tecnologia encontrou cinco ofertas de pacotes de “curtir” no site americano de comércio eletrônico eBay. Os pacotes variam de mil “curtir” por US$ 15 (cerca de R$ 30) até 20 mil cliques por US$ 225 (cerca de R$ 550). Há também outra forma de gerar os cliques, em que o vendedor oferece um software – “capaz de gerar quantos curtir o dono quiser”, segundo a promessa -- por US$ 50 (cerca de R$ 100).

  • Página no site de comércio eletrônico eBay oferece pacote de "curtir" por cerca de R$ 100

Invasão
A invasão das contas é outra maneira desonesta de angariar cliques – nesse caso, sem nenhuma forma de pagamento envolvida. Basta que o internauta clique em um link associado a um malware (software malicioso), para o programa tentar se instalar na conta do Facebook ou no computador do usuário. Caso obtenha sucesso, o software pode curtir conteúdo sem intervenção ou até mesmo conhecimento do usuário.

Também é possível que pessoas mal-intencionadas obtenham esse tipo de controle do perfil dos usuários via aplicativos. Quando um desenvolvedor cria um programa para qualquer função, como reunir as fotos da conta do internauta, ele pode programar o app para também curtir uma determinada página. De acordo com Barbosa, da Norton Antivirus, empresas mal-intencionadas podem utilizar essas ferramentas para conquistar mais audiência em suas páginas.

Você pode conferir aqui um tutorial que ensina como remover esses aplicativos associados a golpes. Também é possível usar ferramentas gratuitas de empresas de segurança para tornar mais seguro seu perfil no Facebook: a Norton Safe Web faz isso, assim como esta ferramenta da Microsoft  e esta da empresa de segurança McAfee

Anúncios 
Recentemente, uma pequena empresa chamada Limited Run, que oferece software para venda de produtos ligados a música, desafiou o Facebook dizendo que 80% dos cliques em anúncios na rede social são falsos. Por esse motivo, a empresa anunciou sua saída na rede social. 

A companhia afirma ter descoberto, usando ferramentas criadas por seus próprios desenvolvedores, que 80% dos cliques recebidos em seus anúncios no Facebook eram feitos por bots (robôs, ou softwares que realizam ações de forma automática), e não por usuários da rede social. Com isso, o maior site de relacionamentos do mundo receberia mais dinheiro com publicidade do que realmente deveria – e aqui, novamente, trata-se de um caso de falsos “curtir”.

“Sabemos a quem os bots pertencem? Não. Estamos acusando o Facebook de usar bots para aumentar o faturamento com publicidade? Não. Isso tudo é estranho? É. Mas vamos seguir em frente, porque não dá para provar a quem esses bots pertencem”, diz o texto divulgado pela companhia.