Topo

Pais "terceirizam" educação e esperam que escola ensine filhos a usar a web, diz estudo

Em pesquisa, pais citam escola, meios de comunicação e governo para educar crianças sobre a internet - Thinkstock
Em pesquisa, pais citam escola, meios de comunicação e governo para educar crianças sobre a internet Imagem: Thinkstock

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

02/10/2012 13h57Atualizada em 02/10/2012 15h10

A maioria dos pais de crianças e adolescentes entre 9 e 16 anos esperam que as escolas se encarreguem de ensinar aos filhos sobre o uso seguro da internet. A informação é da pesquisa TIC Kids (Tecnologias da Informação e Comunicações), divulgada nesta terça-feira (2) pelo CGI (Comitê Gestor da Internet). O levantamento tem como objetivo medir o impacto da internet entre os jovens.

Fontes que os pais esperam que ensinem as crianças sobre segurança na internet

Escola do filho (a)61%
Televisão, rádio, jornais ou revistas57%
Governo30%
Família e amigos29%
Provedores de serviços de internet15%
Sites com informações sobre segurança13%
ONGs/Institutos em prol das crianças11%
Próprio filho (a)8%

Segundo o estudo, além da escola, os responsáveis esperam que os meios de comunicação (57%) e o governo (30%) interfiram na educação sobre uso seguro da internet. Dos pais entrevistados, 29% citaram a importância de família e amigos em serem fontes de informações sobre segurança.

Além de “terceirizar” o processo, os pais demonstraram confiar nas atividades dos filhos enquanto acessam a internet: 71% consideram que as crianças utilizam a internet com segurança. É importante notar que dos responsáveis entrevistados, 47% não usam a internet.

“De acordo com os pais, a criança consegue resolver os eventuais problemas que ela encontrar na internet. Mas não está tudo bem, as crianças sofrem riscos na rede”, disse Juliano Cappi, coordenador de pesquisas do Cetic.br (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação).

O levantamento mostra que das crianças e adolescentes entrevistados, 14% informaram ter tido contato de mensagens de ódio contra pessoas ou grupos de pessoas; 10% tiveram acesso a conteúdos sobre formas para ficar magro e 9% disseram já ter visto páginas que falam ou compartilham experiências sobre o uso de drogas.

Atividades das crianças na internet

A pesquisa TIC Kids apontou ainda que as atividades que as crianças mais declararam fazer na web foram usar para trabalho escolar (82%), visitar um perfil em uma rede social (68%) e assistir vídeos na web (66%).

Porém, quando questionados sobre a frequência, 53% informaram que usam redes sociais todos os dias. A mesma porcentagem respondeu que utiliza aplicações de mensagens instantâneas diariamente. Quanto às atividades escolares, 13% disseram utilizar a rede para esse fim de segunda a segunda.

Redes sociais

O uso de redes sociais entre as crianças é grande, segundo o estudo. Sete entre dez dos entrevistados informaram ter perfil próprio em algum site. O restante afirmou que possui dois ou mais cadastrados em uma mesma plataforma social.

No que diz respeito à popularidade, o Facebook também já ultrapassou o Orkut entre os mais novos. Segundo o estudo, 61% informaram que o Facebook é a rede social que mais utiliza, enquanto 39% disseram ser o Orkut.

“É importante notar que a adesão ao Facebook é maior conforme a idade. Geralmente os mais novos começam no Orkut e há então uma migração para a rede social de Mark Zuckerberg”, disse Tatiana Jereissati, coordenadora da pesquisa TIC Kids.

Apesar do uso massivo de redes sociais, o estudo também mostra que é comum entre os jovens mentir a idade nesses tipos de plataforma. Pouco mais da metade dos entrevistados (57%) disse que utiliza falsa data de nascimento. Á título de curiosidade, a idade mínima recomendada pelo Facebook para uso do site é 13 anos. No Orkut, a rede pede uma espécie de autorização dos pais para usuários entre 13 e 18 anos.

A pesquisa TIC Kids (disponível aqui na íntegra) foi realizada entre abril e julho e entrevistou 1.580 pais e 1.580 crianças e adolescentes (pessoas com faixa de idade entre 9 e 16 anos). A metodologia utilizada é baseada em um sistema da London School Of Economics (instituição de ensino superior britânica) empregado para medir tendências de uso da web em toda a Europa.