Topo

Detido na Guatemala, fundador da McAfee atualiza seu blog de dentro da prisão

John McAfee foi preso por entrar ilegalmente na Guatemala; ele fugiu de Belize após a morte do vizinho - EFE
John McAfee foi preso por entrar ilegalmente na Guatemala; ele fugiu de Belize após a morte do vizinho Imagem: EFE

Do UOL, em São Paulo

06/12/2012 15h40

John McAfee, fundador da empresa de antivírus com seu sobrenome, foi detido na Cidade da Guatemala nesta quarta-feira (5) após passar três semanas foragido -- ele fugiu de Belize após a morte o vizinho. Em uma história que fica mais esquisita a cada capítulo (veja aqui algumas curiosidades sobre o caso), McAfee, 67, atualizou nesta quinta-feira (6) seu próprio blog de dentro da prisão.

“Estou em uma prisão da Guatemala. Muito melhor que as prisões de Belize. Pedi um computador e magicamente um apareceu. O café também é excelente. Somente o tempo dirá o que vai acontecer. Ninguém tem bola de cristal. No entanto, eu ficaria muito chocado se eu não pudesse realizar a coletiva de imprensa amanhã, como havia programado. Fiquem ligados. Acredito, a propósito, que blogar de dentro da cadeia deve ser uma atividade revolucionária. Vamos ver se isso pega”, escreveu o detento norte-americano.

Em outros três posts – todos de hoje e de dentro da cadeia --, ele conta ter conversado com um funcionário da embaixada dos Estados Unidos, que disse não poder fazer nada sobre seu caso. McAfee disse que pediu para ser extraditado para seu país e pergunta se algum dos seus leitores tem amigos no Departamento de Estado. Ele conta que uma ação de seu advogado, Telesforo Guerra, impedirá que ele seja deportado para Belize. E afirma também que, como não tem TV na cela, está lendo os comentários feitos em seu blog.

“Estou usando o computador de um dos guardas, ou qualquer outro título [para o cargo] que eles dão aqui. Ele é um homem doce e educado. O mundo é bastante povoado por pessoas gentis. Ele faz café para mim e me conta histórias sobre sua vida. É uma boa companhia. Acredito que poderia passar semanas em um deserto, tendo ele como única companhia, sem ficar irritado. Seu nome é Gino Ennati”, escreveu McAfee. Ennati, segundo ele, é o único que fala inglês no local – apesar de ele garantir que “todos aqui são legais”.

Antes de ser preso em um quarto de hotel na Cidade da Guatemala, McAfee deu entrevistas naquele país, para onde fugiu com Sam Venegas, sua namorada de 20 anos de idade. “Ele entrou ilegalmente no país e vamos buscar a expulsão dele por esse crime", disse o Ministro do Interior Mauricio López Bonilla, segundo a de notícias Reuters. Ainda de acordo com a agência, ele foi levado a uma residência de propriedade do departamento de imigração, sob proteção de um pequeno grupo de policiais.

Entenda o caso
O fundador da empresa de antivírus (que foi vendida para a Intel em 2010) fugiu no dia 11 de novembro, depois que seu vizinho Gregory Faull, 52, foi encontrado morto na ilha de Ambergris Caye, em Belize -- ele mora no local desde 2008. Faull foi morto com um tiro na cabeça e, ao lado do corpo, havia uma cápsula de revólver 9 mm.

  • San Pedro Sun/Reuters

    O empresário americano Gregory Faull, em foto tirade em agosto. Ele foi encontrado morto 

McAfee escapou quando viu a polícia chegando a sua casa: ele teria se enterrado na areia, com uma caixa sobre a cabeça para poder respirar. “Foi extremamente desconfortável. Mas eles me matarão se me encontrarem”, afirmou. 

Segundo a revista “Wired”, os dois vizinhos haviam entrado em conflito por causa dos cachorros que McAfee tinha em sua casa. Faull se queixava dos animais e fez uma reclamação formal na semana passada. McAfee diz que os cachorros foram envenenados na sexta-feira anterior à morte de seu vizinho.

O empresário afirma não acreditar que Faull tenha matado seus animais. McAfee culpa pelo suposto envenenamento as autoridades de Belize, com quem está em confronto há alguns meses. “Não é algo que ele [Faull] faria. Ele era uma pessoa brava, mas jamais machucaria um cachorro.” Dessas acusações contra o governo vêm as afirmações das autoridades, de que o norte-americano seria maluco e paranoico.

McAfee afirmou estar preocupado, acreditando que quem matou Faull estaria na verdade atrás dele. “Eles se enganaram, entraram na casa errada. Ele está morto, matarem ele. Isso me assustou.” Em entrevista por e-mail à agência de notícias Associated Press, McAfee escreveu: “Suspeito ou não, acho que o governo me quer fora de seu caminho. Muitas pessoas já morreram quando estavam sob custódia [preso por autoridades para averiguações] neste país, então não ficarei sob custódia deles”.

Marco Vidal, responsável pela unidade de combate ao crime organizado de Belize, afirmou à revista “Wired” que McAfee é o “principal suspeito” do crime. Em abril, essa mesma unidade fez uma busca na casa de McAfee após acusá-lo de produção de metanfetamina e posse irregular de armas. As acusações foram retiradas, mas ele disse acreditar que o governo ainda está contra ele.

A morte dos cachorros, afirmou o empresário à “Wired”, foi apenas mais uma tentativa de fazê-lo deixar o país (ele não explica o motivo pelo qual as autoridades belizenhas querem isso). “Você pode dizer que sou paranoico, mas eles vão me matar. Não há dúvidas. Há meses eles tentam me matar. Querem me silenciar. Não sou querido pelo primeiro ministro, sou uma pedra no caminho de todos.”

(Com AP, Reuters e Wired)