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Ricos do Instagram: quem são, o que pensam e como vivem esses jovens endinheirados

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

06/12/2012 06h01

O site “Rich Kids of Instagram” (crianças ricas do Instagram) faz sucesso reunindo fotos postadas por jovens que esbanjam na internet muita, muita riqueza. Em seus perfis no Instagram, esses usuários sambam na cara da sociedade exibindo aviões, carros, relógios, maços de dinheiro, joias e diversos outros itens de luxo. Muitas vezes, eles mesmos usam em suas fotos a hashtag #rkoi, em referência ao site que mostrou ao mundo como é a vida regada a champanhe Dom Perignon. Para saber quem são essas pessoas, o UOL Tecnologia conversou por e-mail com sete representantes desse clube virtual de milionários. Confira abaixo seus depoimentos.

Aaron Sklar (asklar88), 24
“Moro em Chicago [EUA], trabalho com finanças e defino meu estilo de vida de uma forma simples: trabalhe muito, divirta-se muito. Sou a pessoa mais trabalhadora que conheço. Trabalho cerca de 15 horas por dia e me recompenso por fazer isso. Adoro um estilo de vida luxuoso, que inclui gastar US$ 20 mil [cerca de R$ 42 mil] em um bar, com champanhe, e comprar um relógio de US$ 50 mil [cerca de R$ 105 mil]. Faço isso como um prêmio para mim mesmo, por trabalhar tanto, e não preciso dizer que é muito divertido.

  • Reprodução/Instagram

    Aaron Sklar: ''Não acho que há exageros em publicar algo que esteja dentro de uma faixa de preço de US$ 100 mil. A pessoa que tem um problema com isso é pobre, invejosa ou patética''

Gosto de me mimar com coisas boas e luxuosas. Gosto de poder comprar coisas que muitos não podem e viajar para lugares onde muitos não vão. Mostro tudo isso para as pessoas verem que o trabalho duro permite à pessoa fazer o que ela quiser. E também não me incomoda o reconhecimento.

Não tenho medo nenhum de mostrar na internet quanto dinheiro e sucesso eu tenho. Se um ladrão quiser me roubar, boa sorte para ele. Conheço os melhores e mais poderosos advogados do mundo e adoraria se eles [os ladrões] tentassem chegar a 30 metros de mim. Mas, o tempo todo, me dizem para não me expor tanto. No entanto, não ligo para o que os outros pensam ou dizem.

Nunca me arrependi de publicar algo muito caro e, para ser honesto, não acho que já tenha postado algo de tanto destaque. As pessoas que me conhecem sabem que tenho coisas muito, muito mais caras, que nunca mostrei. Meus conhecidos também nunca postaram algo exagerado nesse sentido. Não acho que há exageros em publicar algo que esteja dentro de uma faixa de preço de US$ 100 mil [cerca de R$ 210 mil]. A pessoa que tem um problema com isso é pobre, invejosa ou patética.”

  • Reprodução/Instagram

    Brad Montgomery tem 18 anos e diz que sua mãe o ensinou a dar valor a tudo o que tem

Brad Montgomery (bradmontgomery), 18
“Vivo em Newport Coats [Califórnia, EUA] e sou fundador e diretor-executivo da Adaugeo Capital Partners, uma empresa que gerencia fundos de investimentos. Não descreveria meu estilo de vida como o de um rico. Fui criado por uma mãe solteira, que me ensinou a dar valor ao que tenho, apesar de minha família nunca ter enfrentado dificuldades financeiras.

Não tenho a intenção de mostrar coisas extravagantes, posto apenas fragmentos de meu cotidiano. Acho que, quando isso se torna frequente, não percebo o que estou fazendo e acaba parecendo que sou rico.

Tento ser cuidadoso com o que posto. Não publico, por exemplo, fotos que contenham a localização da minha casa ou da escola. Fui criado para nunca falar de dinheiro ou exibir o que tenho, mas no Instagram é difícil manter isso, pois publico o que faz parte da minha vida.”

Christian Ekberg (caekberg), 26
“Muitos usuários [que aparecem no “Rich Kids of Instagram”] são adolescentes que fazem baladas e vivem vidas extravagantes com o dinheiro de seus pais. Tenho 26 anos, fiz minha própria fortuna e tenho minha própria empresa. Trabalho desde os 14 anos de idade. Comprei meu primeiro carro e fiz os investimentos certos com meu dinheiro.

  • Reprodução/Instagram

    Christian, que pediu para não ter seu sobrenome divulgado, afirma ter feito sua própria fortuna

Sou da Suécia e mudei para os Estados Unidos quando eu tinha 9 anos, apenas com minha mãe. Passamos por períodos difíceis, mas para minha sorte ela é uma mulher forte, com estudos e de muito sucesso. Ela me deu a oportunidade de estudar em uma escola particular e hoje somos parte da classe mais alta da sociedade. Nos relacionamos com as pessoas da classe A da cena social em Washington.

Depois de concluir meu bacharelado e trabalhar com vendas e marketing, decidi abrir minha própria empresa de consultoria de marketing, a CAEkberg Solutions, há cerca de um ano. Os negócios estão crescendo e estou vivendo a vida ao máximo.

Mantenho meus mesmos amigos, que também estão se dando bem. Consigo acompanhá-los em viagens para lugares como Monte Carlo [Mônaco] e Alicante [Espanha], onde eles alugam uma vila.   

Uso a hashtag #rkoi para reforçar a ideia de sucesso, gostaria de dar a essa hashtag um sentido além dos jovens que passeiam por aí com o cartão de crédito dos pais. Nem todas as fotos [do perfil no Instagram] fui eu que tirei, algumas eu simplesmente compartilho. Gosto de ganhar um monte de likes [curtir] nas imagens quando uso algumas hashtags que estão em alta.”  

  • Reprodução/Instagram

    Jon Kepler: ''Exibo meu estilo de vida porque quero que as pessoas saibam do meu sucesso''

Jon Kepler (jonkepler), 27
“Moro em Toronto [Canadá], e sou dono de muitos prédios. Trabalhei muito duro para ter sucesso, então o dinheiro me traz a liberdade para fazer o que quero. Lembro de quando não podia comprar roupas caras e hoje visto todos os dias ternos feitos sob medida. Posso dirigir o carro que eu quiser, visitar o restaurante que eu quiser e por aí vai. As pessoas que não são ricas não têm essa mesma liberdade, mas por outro lado minha vida é muito estressante. Meu estilo de vida é a recompensa por eu trabalhar tão duro.

Exibo meu estilo de vida no Instagram porque quero que as pessoas saibam do meu sucesso. Vim de uma família pobre, então quero mostrar o que conquistei. Fui criado por mãe solteira e não tínhamos sequer água corrente na minha casa, nos meus três primeiros meses de vida. A melhor parte de publicar essas fotos é o reconhecimento que recebo. É bom quando as pessoas reconhecem minhas conquistas.

Alguém da minha família chegou a me alertar sobre essa exposição, mas não acho que exista um grande perigo. Se eu causo inveja em algumas pessoas, acredito que elas podem usar isso para criar algo positivo. A inveja pode fazer você trabalhar ainda mais.

Não me arrependo de nada que postei, mas acho que divulgo muitas fotos de champanhe. Bebo apenas algumas vezes ao mês e não quero que tenham a impressão de que sou baladeiro. O trabalho vem sempre em primeiro lugar. Nunca vi postarem algo que era muito caro, mas algumas coisas são de mau gosto. Há por exemplo uma foto popular, de um jovem com um cartão American Express na boca. Tenho cartões American Express, mas nunca os coloco na boca.”

  • Reprodução/Instagram

    Kevin Cruz publica as fotos para atrair mais seguidores; seu pai é contra essa divulgação

Kevin Cruz (iam_kevincruz), 22
“Moro em Miami [EUA] e estudo na Universidade de Miami. Trabalho com meu pai, que tem uma empresa de tecnologia e um berçário. Gosto de ir aos melhores bares e danceterias, a bons jantares e a festas incríveis na minha casa ou na dos meus amigos. 

Não publico as fotos no Instagram para exibir o que tenho, faço isso porque as imagens são legais e atraem mais seguidores. Tenho um coração muito humilde. Meu pai me fala para não postar essas fotos, mas eu não divulgo onde moro ou informações desse tipo. Por isso, não tenho medo que os outros vejam como é minha vida.

Nunca me arrependi de ter publicado algo no Instagram. Minhas fotos mostram apenas o que estou fazendo, geralmente digo onde estou, mas tratam-se de lugares públicos, como uma danceteria. Meus amigos frequentemente divulgam fotos para exibir o que eles têm, como maços de dinheiro. Não faria isso, mas podem fazer o que querem.”

  • Reprodução/Instagram

    Kevin Templeman reconhece ter um estilo de vida “acima da média”, mas afirma que não se compara a de milionários que publicam suas fotos

Kevin Templeman (captaiinkevv), 27
“Moro em Indianápolis [EUA] e sou gerente corporativo. Trabalho com meu irmão e minha irmã para que possamos dar continuidade à empresa criada por nossos pais, enquanto eles se preparam para a aposentadoria. Defino meu estilo de vida com a frase ‘trabalhe muito, divirta-se muito’. Crescer vendo a ética de meu pai me ensinou a trabalhar para tudo. Por isso tenho iates, barcos, carros bacanas.

Eu não sabia o que a sigla rkoi significava, até que um amigo viu uma foto que postei no site [“Rich Kids of Instagram”]. Usei a hashtag de brincadeira em algumas fotos e comecei a ganhar seguidores. Nunca me arrependi de ter publicado algo, e minhas fotos nem se comparam com outros posts que usam a hashtag #rkoi. Tenho um estilo de vida acima da média, mas nada que se compare a milionários e bilionários que postam suas fotos.”

  • Reprodução/Instagram

    Tom Ierna achou que amiga exagerou quando postou a foto de um anel de diamantes de US$ 1 milhão

Tom Ierna (tomIerna), 19
“Moro em Nova York [EUA] e tenho uma linha de joias. Gosto de viajar e explorar novos lugares pelo mundo. Vou a diversos shows para me divertir e gasto muito dinheiro com roupas.

Posto no Instagram as fotos daquilo que estou fazendo, como qualquer outro usuário do serviço: estou apenas sendo eu mesmo. Nunca me arrependi de ter postado nada no site. Mas achei que uma amiga exagerou quando publicou a foto de um anel de diamantes Harry Winston de US$ 1 milhão [cerca de R$ 2.097 milhões], então ela removeu a imagem. 

Tenho muitas pessoas à minha volta para garantir que estou seguro e protegido o tempo todo. A maioria dos meus amigos tem o mesmo estilo de vida que eu e, por isso, eles não têm inveja.”