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Retrospectiva 2012: o ano em que o celular cresceu, o iPad encolheu e o notebook virou tablet

Modelo apresenta o Galaxy Note II, telefone celular da Samsung com (enorme) tela de 5,5 polegadas - Lee Jae-Won - 26.set.2012/Reuters
Modelo apresenta o Galaxy Note II, telefone celular da Samsung com (enorme) tela de 5,5 polegadas Imagem: Lee Jae-Won - 26.set.2012/Reuters

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

27/12/2012 06h01Atualizada em 27/12/2012 17h16

Muito se fala sobre convergência na tecnologia, uma tendência que ganhou força quando os telefones celulares passaram a exercer as funções de computadores. Em 2012, esse movimento foi levado ao extremo: os celulares aumentaram, ganhando cara de tablet. O iPad, principal tablet do mercado, diminuiu, ficando com jeitão de smartphone. E os notebooks deixaram de se contentar com seu papel, passando a funcionar também como tablets (ou teriam os tablets conquistado o status de notebook?). Na era da convergência, saem na frente os eletrônicos que não se limitam apenas às suas funções originais – e essas alternativas estão cada vez mais comuns nas prateleiras.

Um exemplo óbvio desse movimento são os celulares top de linha da Samsung – a atual líder de mercado, com 274,9 milhões de celulares vendidos globalmente nos três primeiros trimestres, segundo a consultoria Gartner. A empresa sul-coreana levantou a bandeira da “maximização” no final do ano passado, quando lançou o Galaxy Note, com tela de 5,3 polegadas.

Em maio, a companhia apresentou o Galaxy S III, com 4,8 polegadas, que veio para substituir o já grandinho S II, com 4,3 polegadas. Em agosto, foi além e anunciou o Galaxy Note II, com enormes 5,5 polegadas – é a maior tela disponível atualmente entre os grandes fabricantes.

Diversos fabricantes abraçaram a ideia: a HTC (modelo Butterfly; 5 polegadas), a LG (Optimus 4X HD P880; 4,7 polegadas), a Motorola (Razor HD; 4,7 polegadas) e a Sony (Xperia S; 4,3 polegadas). Nessa corrida das supertelas, a Apple ficou para trás. O iPhone 5 chegou a modestas 4 polegadas (ante 3,5 de todos os cinco modelos anteriores), mas os usuários de smartphones de ponta parecem realmente querer mais.

Um estudo da operadora T-Mobile indica que 77% dos usuários que já possuem smartphones querem aparelhos com telas de 4,5 polegadas ou mais (o levantamento foi feito com 1.031 usuários norte-americanos acima de 18 anos). Outra pesquisa, esta da Strategy Analytics, afirma que 90% dos donos de smartphones trocam seus aparelhos por um modelo com tela maior. “Essa tendência é impulsionada pela maior capacidade de navegação na internet, além de vídeos e videogames”, afirmou o consultor Paul Brown, na divulgação do estudo.

Mudanças na Apple
A Apple não esticou seu iPhone, mas encolheu o iPad com o modelo mini, de 7,9 polegadas. A chegada do tablet ao mercado mostra uma iniciativa da empresa contrária ao que havia dito o cofundador Steve Jobs em 2010. “As pessoas podem pensar que uma tela de 7 polegadas ofereceria 70% dos benefícios de uma com 10 polegadas. Infelizmente, isso está longe de ser verdade. Não faremos um tablet de 7 polegadas [...] porque achamos que a tela é muito pequena para expressar o software”, afirmou Jobs à época.

O iPad fechou o ano, segundo a IDC, com 53,8% de todo o mercado global de tablets (a previsão é que, para 2016, esse valor caia para 49,7%). Os ultraportáteis com sistema operacional Android somam hoje 42,7% do mercado, enquanto os modelos com Windows têm 2,9%. Todos os demais sistemas totalizam 0,6%.

  • Phil Schiller, VP de marketing da Apple, apresenta o iPad mini, com tem tela de 7,9 polegadas

O diretor-executivo da Apple, Tim Cook, pode ter ido contra o que queria Steve Jobs em se tratando do tamanho do iPad, mas ele parece ter agradado em seu primeiro ano e meio como principal líder da empresa (Cook assumiu a diretoria-executiva em agosto de 2011, pouco antes da morte de Jobs). Ele ficou em terceiro lugar entre os indicados ao posto de pessoa do ano pela revista “Time”, que acabou elegendo o presidente Barack Obama para a capa

“Ele não parece o diretor-executivo da Apple, parece mais com um produto da Apple: quieto, organizado [...],  meticulosamente equipado e, ao mesmo tempo, estranhamente caloroso e convidativo. Ele não se parece com Jobs, parece com algo que Jobs teria criado. A ‘tampa’ perfeita de cabelos brancos de Cook poderia ter sido desenvolvida por Jony Ive [vice-presidente de design industrial da Apple] e fabricada na China em alumínio escovado”, escreveu a revista.

Depois da morte de Jobs, continua, Cook exerceu sua função aparentemente sem se intimidar com o papel de sucessor de um dos maiores inovadores da história. Leia mais aqui sobre o primeiro ano sem Steve Jobs.

A “Time” lembra ainda que no dia da morte de Steve Jobs, em 5 de outubro de 2011, a Apple valia US$ 351 bilhões (cerca de R$ 724,4 bilhões). No dia 19 de dezembro de 2012, o valor da empresa era de US$ 488 bilhões (cerca de R$ 1,007 trilhão), mais que o Google e a Microsoft. “A Apple virou notícia, em 2011, quando passou a Exxon Mobil, tornando-se a empresa mais valiosa do mundo. Agora, a Exxon Mobil mal pode ver a ‘luz traseira’ da Apple, com uma distância de US$ 83 bilhões [cerca de R$ 171,3 bilhões]”, continua a revista.

Convergência
Voltemos aos computadores – mais especificamente aos PCs, que rodam o sistema operacional Windows. Como a nova versão da plataforma funciona em computadores tradicionais e também naqueles com tela sensível ao toque, diversos fabricantes apresentaram notebooks que viram tablets. Ou tablets que viram notebook, tanto faz.

Fato é que a convergência foi levada a sério, e os tabletbooks (notebooks que viram tablets) dominaram a lista de lançamentos durante o ano. Principalmente no segundo semestre, com o lançamento do Windows 8. Confira no álbum de fotos abaixo alguns modelos. 


Redes sociais 
Além dos gadgets, o Facebook também brilhou muito em 2012 no universo da tecnologia. A rede social, que virou um filme em 2010 com esse mesmo título, comprou o Instragram em abril, estreou na Bolsa dos Estados Unidos em maio (a US$ 38 por título, sendo que o valor caiu pela metade durante o ano) e  chegou à marca recorde de 1 bilhão de usuários em outubro.

Um bilhão também é o recorde de visualizações de um vídeo no YouTube: a marca foi atingida no dia 21 de dezembro por Psy, um sul-coreano de 34 anos que fez o mundo dançar ao som de “Gangnam Style”. O vídeo foi assistido cerca de 1 bilhão de vezes em 75 países, fazendo dela também uma das “sensações mais globais” do universo musical, segundo o próprio YouTube. Isso em cinco meses, mostrando todo o poder que tem a tal “sexy lady” do refrão.