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Coreia do Sul responsabiliza Coreia do Norte por ataque cibernético a bancos e emissoras de TV

Kim Jong-un tem um Mac, da Apple. O líder da Coreia do Norte adota aparelhos de tecnologia ocidental - KCNA/Reuters
Kim Jong-un tem um Mac, da Apple. O líder da Coreia do Norte adota aparelhos de tecnologia ocidental Imagem: KCNA/Reuters

Do UOL, em São Paulo

10/04/2013 09h10

Autoridades sul-coreanas responsabilizaram a Coreia do Norte por ataques cibernéticos direcionados a milhares de computadores e servidores, no mês passado, comprometendo por até cinco dias o trabalho de bancos e grandes emissoras de TV. A Coreia do Sul já havia sinalizado a Coreia do Norte como responsável pelo ataque mas, somente nesta quarta-feira (10), anunciou ter confirmado suas suspeitas.

As acusações aumentam as tensões entre os dois países, que já falam em guerra.  A Coreia do Norte recomendou que estrangeiros se preparem para deixar a Coreia do Sul em caso de conflito: "todas as organizações internacionais, empresas e turistas devem se preparar para adotar medidas de evacuação", diz o documento.

No dia 20 de março, servidores das redes de televisão YTN, MBC e KBS foram afetados, assim como os banco Shinhan e NongHyupo. Alguns dos computadores atacados tiveram seus arquivos deletados, de acordo com autoridades sul-coreanas. Funcionários das emissoras não conseguiam nem mesmo ligar suas máquinas, mas as transmissões não foram afetadas. Estima-se que 48 mil computadores e servidores foram alvos da ação.

Investigadores sul-coreanos disseram ter identificado similaridades entre esses ataques e outros já atribuídos à agência de espionagem norte-coreana. Chun Kil-soo, representante da agência de segurança de internet da Coreia do Sul, afirma que 30 códigos maliciosos já usados pela Coreia do Norte foram “reciclados” para essa ação, que adotou 76 programas desse tipo (chamados de malware). 

Ainda segundo Kil-soo, foram usados 1.000 endereços IP (número de identificação de um computador na internet) em 40 países diferentes para acessar os servidores sul-coreanos. Desses, 13 IPs estavam localizados na Coreia do Norte.  “Temos evidências de que o ataque foi preparado com muito cuidado”, afirmou, estimando em oito meses o tempo de planejamento da ação.

O arsenal norte-coreano

  • A quantidade exata de armas nucleares na Coreia do Norte é uma incógnita, uma vez que o país não é signatário de tratados para controle de tecnologias para destruição em massa.

    No entanto, estima-se que o arsenal do país inclui alguns foguetes que poderiam atingir não só Seul, mas capitais como Tóquio e até mesmo bases norte-americanas no Pacífico.

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O uso de IPs remotos é comum em ataques DOS (denial of service, ou negação de serviço). Os golpistas criam uma rede de computadores zumbis, também chamada de “botnet”, com milhares de máquinas infectadas. Controlando esses computadores remotamente, as pessoas mal-intencionadas realizam ataques em massa: fazem milhares de acessos simultâneos a um único site, por exemplo, tirando essa página do ar.

A Coreia do Norte já havia realizado ataques cibernéticos contra jornais, bancos e instituições governamentais da Coreia do Sul. Também em março, a Coreia do Norte reclamou de que seus sites haviam sido hackeados, culpando os Estados Unidos por realizarem ataques cibernéticos destinados a "sabotar" o país.

(Com AP e Reuters)

Entenda como países devem reagir a um ataque da Coreia do Norte

NaçãoResposta
Coreia do Sul"Um ataque simples com armas convencionais contra forças sul-coreanas levaria a uma resposta militar por parte da Coreia do Sul. Por sua vez, esta ação forçaria o aumento da escalada de agressões que, se não for parada, poderia resultar em uma guerra de grandes proporções com o uso de armas nucleares e químicas", segundo o diretor do programa de não proliferação de armas no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, Mark Fitzpatrick
Estados UnidosAfirmaram que têm capacidade para interceptar um míssil norte-coreano, mas que só vai fazer isso se a trajetória projetada for perigosa. O país não especificou o limite do que seria “perigoso”, mas isso com certeza incluiria um ataque ao seu território: Guam ou o Estado do Alaska, por exemplo
JapãoPosicionou uma bateria de mísseis Patriot no centro de Tóquio para enfrentar qualquer disparo que ameace o país. Outras baterias antimísseis também serão instaladas na ilha de Okinawa, no sul do país
ChinaÉ aliada da Coreia do Norte. O presidente chinês, Xi Jinping, disse que nenhum país "deve ter permissão para jogar uma região e mesmo o mundo inteiro no caos para ganho próprio", sem citar o aliado
União EuropeiaAfirma que a atual situação não justifica a retirada de diplomatas dos países membros do bloco. "Apesar da tensão atual que [Coreia do Norte] deliberadamente tenta aumentar a retórica agressiva, julgamos que a situação em terra não justifica a retirada ou re-localização das missões diplomáticas dos estados membros da União Europeia, seja no Norte ou na Coreia do Sul.", disse a porta-voz da UE para Política Externa, Catherine Ashtonz.
BrasilO país está longe do alcance norte-coreano. O embaixador brasileiro na Coreia do Norte, Roberto Colin, diz que “os únicos cidadãos brasileiros que vivem na Coreia do Norte hoje são a mulher do embaixador da Palestina e sua filha caçula. (...) Não existe um plano de evacuação definido, mas, em situação de emergência, a embaixada seria evacuada para Dandong, China