Internet 4G em São Paulo ainda é instável e depende de ''ajuda'' do 3G

Com conexão de internet ultraveloz, a rede 4G já chegou a São Paulo (capital) pelas operadoras Claro e Vivo e foi testada pelo UOL Tecnologia em quatro pontos da cidade. A tecnologia de quarta geração da telefonia móvel só tem instalação obrigatória, no entanto, nas seis cidades que sediarão a Copa das Confederações, conforme determinação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Embora tenha atingido um pico de velocidade de 31 Mbps (megabits por segundo), o 4G mostrou que ainda é instável e, para o usuário ter uma conexão de internet constante, precisa ainda se conectar também às redes 3G e 3G+ das operadoras. Como não há um “mapa oficial” de onde o novo serviço está disponível, o usuário tenta a sorte e vai alternando entre essas redes de banda larga móvel.

Até 31 de dezembro deste ano, todas as operadoras devem oferecer comercialmente o serviço 4G nas seis cidades que compõem o grupo que sediará as competições da Copa do Mundo de 2014, conforme exigência da Anatel. São Paulo (SP) está entre elas, além de Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Manaus (AM) e Natal (RN).

Testes

Os testes foram feitos no saguão principal do Aeroporto de Congonhas, nos arredores do portão 6 do Parque do Ibirapuera, no último piso do Shopping JK Iguatemi e na redação do UOL, que fica na avenida Brigadeiro Faria Lima (confira os resultados de desempenho dos serviços 3G e 4G).

Os locais foram escolhidos pela grande movimentação de pessoas e indicação de existência de cobertura da nova rede próxima a eles. Em todos, simulamos tarefas comuns como ler notícias e usar redes sociais, além de outras mais pesadas, como baixar aplicativos e fotos grandes. A avaliação, realizada entre 23 e 24 de maio, foi feita com o smartphone Samsung Galaxy S4.

D = Download | U = Upload

O 4G, tanto da Claro como da Vivo, alcançou as velocidades mais altas no Parque do Ibirapuera (área externa) e na avenida Faria Lima (dentro do prédio).

Mesmo assim, foi possível perceber durante o teste que a conexão não se manteve constante. Esse foi o caso da Claro no teste no Ibirapuera -- a velocidade de download durante a realização das tarefas foi de 4,6 Mbps. No final, ao medi-la novamente, a internet chegou a 31 Mbps.

Nos outros dois locais (aeroporto e shopping), a rede 4G na verdade foi “ajudada” pelo 3G+ (tecnologia no padrão HSPA, que permite conexões na média de 7 Mbps). No smartphone de teste, era possível escolher grupos de redes móveis para conectarmos o chip. Quando ele não localiza a rede 4G, se conecta automaticamente à outra rede disponível (3G ou 3G+), o que acabou acontecendo nesses dois lugares.

Outro ponto importante para quem está pensando em contratar planos 4G é a pouca diferença na hora de executar tarefas simples. Ao usar o Twitter, Facebook ou Instagram, o tempo de publicação dos posts é bem semelhante seja em 3G ou 4G. Esse fenômeno também havia sido observado pelo UOL Tecnologia nos testes nas seis cidades da Copa das Confederações. Para pessoas que necessitam baixar arquivos grandes e aplicativos mais pesados, a internet 4G é uma boa opção.

Além da questão do perfil do usuário, quem pensa em usar o 4G deve avaliar se a compra de um novo smartphone vale a pena. Para usar a internet ultraveloz, é necessário ter um aparelho compatível com a faixa de frequência de 2.500 a 2.600 Mhz, que no Brasil custa a partir de R$ 1.349. A grande maioria dos smartphones vendidos no exterior não é compatível com a rede móvel de quarta geração daqui -- portanto, o 4G do aparelho importado provavelmente não funcionará no Brasil. 

Falhas

Algumas tarefas não puderam ser completadas devido a interrupções na conexão de internet.

No caso da Claro, por exemplo, elas ocorreram no aeroporto. Não foi possível baixar a foto de 10 MB enquanto o smartphone estava configurado para usar a rede 4G. Quando o conectamos à rede 3G, não havia sinal de internet. No shopping JK Iguatemi, foram necessárias duas tentativas para baixar o jogo de 148 MB. Na primeira, a previsão era de conclusão do download em 3 horas.

A operadora informou que não dispõe de cobertura 4G dentro do aeroporto de Congonhas, mas que trabalha na instalação de um sistema de cobertura compartilhada com as demais operadoras. A empresa afirma que pode ter havido falha momentânea na rede 3G durante o teste do UOL, já que não identificou nenhum erro na rede.

Dentro do shopping JK Iguatemi, a Claro afirmou dispor de cobertura interna para o 4G, que em testes da operadora chegou a 50 Mbps. “O que pode ter acontecido é que, dependendo da configuração do aparelho, ele não se registrou na rede 4G, fazendo uso apenas da velocidade do 3GMax [3G+]”, explicou por meio de nota. A operadora fez ainda uma análise na rede e informou não ter constatado problemas.

No caso da variação da velocidade no Parque do Ibirapuera, o que pode ter acontecido, segundo a Claro, foi primeiro a detecção da rede 3G+ e, depois, a 4G.

A Vivo teve problemas com a conexão 3G nos testes na redação do UOL. Havia conexão de internet, mas com velocidade muito baixa (0,34 Mbps). O download do aplicativo de 148 MB foi cancelado quando o tempo gasto na tarefa atingiu 40 minutos e a porcentagem baixada ainda era de 50%.

Segundo Leonardo Capdeville, diretor de redes da Telefônica Vivo, é provável que tenha ocorrido um congestionamento na rede durante o teste em rede 3G na redação do UOL.

“O número de clientes conectados simultaneamente aumentou bastante do segundo semestre do ano passado para cá, com o barateamento dos smartphones”, explica. Esse crescimento no número de usuários, diz Capdeville, é muito mais rápido do que instalação de novas antenas, que dependem da autorização do governo municipal. “É um grande desafio equacionar o crescimento da infraestrutura com o aumento da base de assinantes.”

O executivo afirmou ainda que a operadora já fechou um acordo provisório com a Infraero para instalar a cobertura 4G dentro do aeroporto de Congonhas. Por enquanto, o sinal da nova rede depende de antenas instaladas no entorno do local.

Também não há cobertura 4G dentro do shopping JK Iguatemi, mas ela deve ser implantada até o final deste semestre. “A frequência muito alta do 4G impede que o sinal ultrapasse obstáculos físicos, por isso além das antenas externas, são necessários equipamentos internos para aumentar a cobertura do sinal”, detalha. 

Resultados dos testes

*Conexão ficou maior parte do tempo em 3G+

*Conexão ficou maior parte do tempo em 3G+