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Brasileiro de 13 anos cria aplicativo que envia mensagens anônimas a amigos

Daniel Singer, 13, criou o aplicativo Backdoor para iPhone; o programa permite conversar de forma anônima com os amigos - Arquivo Pessoal
Daniel Singer, 13, criou o aplicativo Backdoor para iPhone; o programa permite conversar de forma anônima com os amigos Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

24/09/2013 06h00

Se você sempre quis dizer algo para alguém e nunca teve coragem, já existe um aplicativo para isso. Criado pelo brasileiro Daniel Singer, 13, o Backdoor (disponível gratuitamente para iOS) tem justamente essa proposta: permite falar de forma anônima com contatos do Facebook ou do Google+.

A ideia do aplicativo, criado por Singer e outros desenvolvedores, foi baseada no serviço YouTell, também idealizado pelo jovem. No YouTell, as pessoas podem fazer consultas para os amigos do tipo “meu novo corte de cabelo está bom?” e as pessoas podem comentar anonimamente, como se fosse um fórum. “Decidi criar o Backdoor com a mesma ideia de anonimato do YouTell e com a nova ideia de responder a  perguntas, que pode ser expandida para qualquer assunto”, disse Singer, em entrevista por e-mail.

Lançado em julho, o aplicativo permite descobrir com quem está falando de duas formas: o usuário pode comprar “dicas” (para saber o sexo, localização ou lugar onde estudou) a partir de US$ 0,99 (R$ 2,21) ou conseguir pistas gratuitas ao curtir a página do aplicativo no Facebook ou com um tuíte sobre ele.

  • Reprodução

    Tela do aplicativo Backdoor para iPhone

Filho da brasileira Roseli Singer com o produtor de cinema Uri Singer (que bancou o aplicativo), Daniel nasceu em Los Angeles (Califórnia) e tem dupla cidadania (brasileira e americana). O jovem, responsável pelo design e a ideia do software, conversou com a reportagem sobre cyberbullying, seus ídolos no mundo da tecnologia e dicas para quem quer começar a fazer aplicativos. Veja abaixo os principais trechos da conversa:

UOL Tecnologia: Como você teve a ideia de desenvolver o Backdoor?

Daniel Singer: Foi durante um encontro da YouTell [plataforma web que permite fazer perguntas ou pedir opiniões anonimamente] que eu sugeri a ideia principal do aplicativo. Quando alguém diz que seu cabelo está bonito, você quer saber a razão disso. Este processo de [expansão de perguntas] pode ocorrer por um bom tempo.

O aplicativo foi idealizado como uma seção de comentários, mas isso não funciona muito bem em plataformas móveis. Então, eu decidi criar o Backdoor com a mesma ideia de anonimato do YouTell e com a nova ideia de responder a  perguntas, que pode ser expandida para qualquer assunto.

UOL Tecnologia: O principal recurso do aplicativo é “conversar” de forma anônima com os amigos. Eu reparei que vocês apenas ressaltam os bons aspectos que este tipo de conversa pode ter. Vocês consideram notificar os usuários sobre a possibilidade de cyberbullying?

Singer: Praticar cyberbullying no Backdoor é muito ineficiente. Uma das causas desse tipo de prática é a atenção que o “assediador” tem dos amigos. Já no Backdoor, você só pode enviar mensagens privadas para as pessoas, não é público. Dessa forma, o praticante do cyberbullying não vai ter a atenção que ele quer, tornando difícil a tarefa de incomodar alguém.

UOL Tecnologia: Quanto foi investido para o lançamento do aplicativo?

Singer: Gastamos cerca de US$ 250 mil (cerca de R$ 550,5 mil) para lançar o aplicativo. E, por enquanto, não recebemos dinheiro de investidores.

UOL Tecnologia: Quantos usuários o Backdoor tem? Qual é o perfil de usuários do aplicativo?

Singer: Ainda não posso informar o número de usuários, pois temos crescido bastante diariamente. Sobre o perfil dos usuários, a maioria (88%) é composta de pessoas com idade entre 13 e 24 anos. Dentre os usuários, pouco mais da metade (64%) é do sexo feminino.

UOL Tecnologia: Qual é o objetivo do Backdoor? O que você espera alcançar com o aplicativo?

Singer: A missão do aplicativo é permitir uma forma única de comunicação com as pessoas que você ama e se preocupa. Com o Backdoor, nós nos esforçamos em fazer com que este processo de comunicação seja o mais divertido, íntimo e aventureiro possível.

UOL Tecnologia: Quais conselhos você daria para jovens desenvolvedores? Existe algum tipo de linguagem de comunicação específica para quem quer começar a fazer aplicativos?

Singer: Meu conselho é começar a ler algum livro de programação ou iniciar algum curso online para começar a se inteirar sobre o assunto. Se a pessoa tiver muito interessada e algum conhecimento, pode pular para um editor de código (como o Xcode, utilizado no desenvolvimento de programas para a Apple) e começar a analisar códigos modelos e modificá-los. Sites como “Treehouse” e “CodeAcademy” também podem ajudar.

UOL Tecnologia: Quem são seus exemplos de empresários no mundo tecnológico?

Singer: Eu diria Mark Zuckerberg (do Facebook) ou Drew Houston (do Dropbox). Acho que os dois têm feito um trabalho muito bom e eu olho as ações deles como grandes exemplos para mim.