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Brasileira ganha prêmio internacional com impressora 3D de comida

Luiza Silva, 24, durante evento de premiação, realizado na Suécia em 16 de outubro. À direita, o protótipo da impressora 3D para produção de comida - Divulgação/Electrolux
Luiza Silva, 24, durante evento de premiação, realizado na Suécia em 16 de outubro. À direita, o protótipo da impressora 3D para produção de comida Imagem: Divulgação/Electrolux

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

05/11/2013 06h01

Com uma impressora 3D para as crianças produzirem sua própria comida, a brasileira Luiza Silva conquistou recentemente o segundo lugar em uma competição global de design. O projeto Atomium não tem previsão de lançamento e renderá a Luiza um prêmio de 3.000 euros (cerca de R$ 9.000).  A primeira posição na competição Desing Lab 2013, da Electrolux, ficou com um sistema robotizado para limpeza de casas. O tema do concurso era "vida urbana".

A ideia da Atomium surgiu da dificuldade em dar comida às crianças, considerando principalmente alternativas saudáveis. “A impressora 3D seria um modo seguro e divertido de a criança participar do processo de produção e se alimentar”, resume a estudante de design industrial de 24 anos, que nasceu em Florianópolis, cursa faculdade em Curitiba e está atualmente fazendo um intercâmbio na Coreia do Sul, onde ficará até fevereiro do ano que vem.

Com o uso de pesquisas de campo e estudos já divulgados, Luiza desenvolveu um sistema baseado em 20 moléculas extraídas de alimentos (proteína, ferro, fibra, carboidrato e sódio, por exemplo) – elas equivaleriam à “tinta” da impressora.

“Imagine desmaterializar a comida em sua base, que são as moléculas, e reestruturá-las de maneiras diferentes. Seria possível criar uma gama muito grande de alimentos diferentes”, explicou por e-mail ao UOL Tecnologia. A carne (ou macarrão, arroz, feijão...) desmaterializada daria origem a essas moléculas, que seriam novamente misturadas com base nos dados médicos dos usuários. O produto final, desta forma, teria uma quantidade "personalizada" de cada molécula (como mais ou menos ferro). 

Como funcionaria a Atomium

1. Criança escolhe o prato. As moléculas dessa comida (proteína, ferro e fibra) seriam a matéria prima, ou a “tinta” da impressora.
2. Criança escolhe na própria impressora o formato da comida.
3. Impressora faz mistura de moléculas e produz alimento com visual escolhido. O sabor seria o mesmo do alimento original.

A personalização também estaria presente no formato do alimento "impresso". A criança forneceria um desenho à máquina, e a tal mistura de moléculas sairia com o visual desejado e sabor semelhante ao do alimento original. Na prática, poderia ser um bife mais nutritivo e com forma de carrinho.

Os comandos, explica Luiza, seriam dados diretamente na impressora, da forma mais simples e intuitiva. “A ideia de mostrar o desenho à máquina, falar com ela e ‘cutucá-la’ para ligar são passos simples que seguem o comportamento das crianças”, afirmou.

A estudante acredita ser uma questão de tempo até que as impressoras 3D de comida sejam comercializadas, pois alternativas mais simples (para produzir objetos de plástico, por exemplo) já estão disponíveis. Luiza não ainda não tem um produto desse tipo, mas se diz entusiasta da tecnologia. “Sou designer e adoraria concretizar, de uma maneira eficaz e rápida, ideias e conceitos para testá-los e vê-los em terceira dimensão.”