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Site de viagem Airbnb oferece hospedagem acessível e sem mordomias

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

06/11/2013 06h01

Além de informar tudo sobre um destino antes de o turista visitá-lo, a internet também facilita na hora de procurar hospedagens a preços acessíveis. Uma dessas opções é o serviço americano Airbnb, que já soma mais de 4 milhões de hóspedes desde 2008, quando a empresa foi criada. A plataforma é um classificado digital, que reúne pessoas interessadas em viajar e anfitriões capazes de disponibilizar um apartamento inteiro, um quarto ou parte dele.

Como funciona o Airbnb?

O cadastro é gratuito tanto para quem quer oferecer um local para aluguel como para quem quer ser hóspede. É possível alugar um apartamento, um quarto ou até mesmo um quarto compartilhado;
O dono do local estabelece um preço fixo que vai cobrar para o aluguel;
Com o valor fechado, a operação toda é feita por meio de um sistema do Airbnb, que só aceita cartão de crédito internacional ou pagamento via PayPal. Uma parte do pagamento (entre 3% e 5%) fica para o Airbnb;
O anfitrião, ao usar a opção de pagamento eletrônico do site, entra automaticamente em um sistema de seguro. A empresa afirma cobrir danos de até R$ 1,8 milhão causados por hóspedes.

Uma das principais vantagens do Airbnb, segundo os usuários, é ficar na casa de um nativo: com isso, é possível receber dicas de locais bons para visitar. Também são citados como pontos positivos a possibilidade de alugar um apartamento inteiro ou um quarto individual, a integração cultural e os preços acessíveis.

“Na maioria das vezes, acho que a privacidade e o custo-benefício do Airbnb acabam saindo mais em conta que um hotel. Principalmente nos Estados Unidos, onde a hospedagem costuma ser mais cara que na Europa, por exemplo”, disse a fotógrafa paulistana Pamella Gachido, 26. Pamella já usou o serviço de hospedagem durante várias viagens aos Estados Unidos e ao Rio de Janeiro.

A título de comparação, é possível achar no Airbnb aluguel de quartos no centro de Nova York, nos Estados Unidos, a partir de R$ 90 a diária.  Hotéis na mesma região têm diária partindo de R$ 300.

Outra vantagem é a possibilidade de negociar as condições da estadia direto com o dono da casa. “As regras de check-in e check-out [data e horário de entrada e saída do local] costumam ser mais flexíveis”, diz o arquiteto de informação Pablo Vilanova, 27, que vive em São Paulo.

O comum é que os hotéis tenham horários fechados para hóspedes entrarem e saírem dos quartos, pois é necessário fazer o serviço de limpeza. Como os lugares oferecidos pelo Airbnb não costumam ter alta rotatividade de hóspedes, o processo costuma ser mais simples.

Apesar dos benefícios, ficar na casa de uma pessoa que é conhecida apenas pela internet traz insegurança para quem não está acostumado com esse tipo de relação. Além disso, é sempre necessário respeitar o espaço e as regras do local.

  • Arquivo Pessoal

    Pamella Gachido, 26, já usou o serviço de hospedagem Airbnb durante várias viagens aos Estados Unidos e ao Rio de Janeiro

“A parte ruim [comparando o Airbnb a um hotel] é que nem sempre tem café da manhã ou mordomia. E, se bobear, o dono do apartamento ainda pede para você lavar a louça”, brinca a produtora digital Glaucia Czarnota, 30, que utiliza o Airbnb desde 2009.

Para Glaucia, o hóspede deve pensar bem antes de achar um local pelo Airbnb. “A pessoa deve pesquisar e considerar se quer apenas sossego ou se está disposta a ter algumas aventuras. Se o objetivo é ter uma cama para dormir e um chuveiro para tomar banho, vale a pena.”

Ao usar o Airbnb, a pessoa deve ter em mente que ela contrata apenas a hospedagem e não há serviços típicos de hotéis, como café da manhã ou serviço de quarto.

Experiência enriquecedora

“Como não tenho dinheiro para conhecer outros lugares tanto quanto eu queria, costumo dizer que cada hóspede recebido é uma nova viagem que faço”, afirmou o designer Wolfang Menke, 32. Ele afirma ter recebido mais de 40 hóspedes em seu apartamento na Vila Madalena, em São Paulo, desde março de 2012, quando começou a usar o serviço.

  • Arquivo Pessoal

    O designer Wolfgang Menke disponibiliza um quarto de seu apartamento em São Paulo para hóspedes do Airbnb desde março de 2012

Já passou pela sua casa gente das mais diversas nacionalidades: uma mulher da Malásia, médicas americanas, um empresário iraniano, pessoas da Argentina, etc.

Segundo Menke, o objetivo não é ganhar dinheiro com a iniciativa, mas conhecer gente nova. “Hospedo as pessoas que podem agregar algo, que podem se tornar amigas.” Segundo ele, a experiência de receber gente em casa vale a pena, pois com isso ele tem oportunidade de treinar o inglês e de conhecer histórias “incríveis”.

Para Vilanova, que só usou o Airbnb como hóspede, a plataforma dá a possibilidade de um estrangeiro viver a experiência de bairro em outro país. “Fiquei em Bed-Stuy, em Nova York [EUA], e no centro de Montevidéu [Uruguai]. Conheci um dia a dia de bairro, que provavelmente não experimentaria se ficasse em hotel.”

  • Reprodução

    Foto do apartamento de Wolfgang Menke na Vila Madelana; Airbnb pode enviar fotógrafos profissionais para registrar casa de anfitriões. As imagens ganham um selo de autenticidade

Legislação complicada

A ideia de alugar um local e tratar diretamente com o dono, sem intermediários e sem pagamento direto de impostos pela operação, é ótima para o consumidor, mas tem desafiado autoridades de alguns lugares.

  • Arquivo Pessoal

    Pablo Vilanova, 27, já utilizou o Airbnb durante viagens aos Estados Unidos e ao Uruguai

No Brasil, não há regras detalhadas para o tipo de atividade exercida pelo Airbnb. Segundo Jaques Bushatsky, diretor de legislação do inquilinato do Secovi-SP (sindicato que representa companhias da área de imóveis), um olhar restrito sobre as leis do país poderia trazer problemas à plataforma.

Se uma pessoa disponibiliza o local em que vive em troca de dinheiro, ela está oferecendo um serviço e isso a obrigaria a pagar ISS (Imposto Sobre Serviço). Além disso, se mora em prédio e é anfitrião, é necessário verificar se há alguma cláusula que proíba a atividade comercial no condomínio. Caso positivo, o dono do apartamento pode sofrer sanções - ainda não há, no entanto, notícias de que isso tenha acontecido no país.

No entanto, segundo Bushatsky, acaba vigorando a eventualidade (atividade com pouca frequência) da ação, o que acaba tirando o status de comércio e ilegalidade da operação.

“Não existe uma legislação específica. Falta uma lei que trate de forma diferente os pequenos negócios. Como está, a lei levada ao pé da letra obriga um engraxate a pagar ISS, por exemplo”, afirma.

Nos Estados Unidos, a Airbnb está sendo acusada de “construir hotéis ilegais” em Nova York com seu mecanismo de hospedagem. De acordo com uma lei estadual, uma pessoa não pode alugar um local por menos de 30 dias, se ela não estiver presente em casa.

Segundo uma recente reportagem do “The New York Times”, há pessoas que faturam até US$ 10 mil (quase R$ 23 mil) por ano com o serviço de aluguel. Inclusive, alguns americanos têm comprado apartamentos especificamente para serem alugados por meio da plataforma. O Airbnb começou uma petição pela internet para tentar influenciar a mudança da lei.

Como funciona o Airbnb

O cadastro é gratuito tanto para quem quer oferecer um local para aluguel como para quem quer ser hóspede. É possível alugar um apartamento, um quarto ou até mesmo um quarto compartilhado.

O dono do local estabelece um preço fixo que vai cobrar para o aluguel. O valor é negociado (é comum um anfitrião dar desconto).

Com o valor fechado, a operação toda é feita por meio de um sistema do Airbnb, que só aceita cartão de crédito internacional ou pagamento via PayPal. Uma parte do pagamento (entre 3% e 5%) fica para a companhia.

O anfitrião, ao usar a opção de pagamento eletrônico do site, entra automaticamente em um sistema de seguro. A empresa afirma cobrir danos de até R$ 1,8 milhão causados por hóspedes.