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Empresa finlandesa de jogos para celular busca ser o 'Facebook dos games'

Ilkka Paananen, diretor-executivo da Supercell, fala com jornalistas na sede da empresa em Helsinque - Guilherme Tagiaroli/UOL
Ilkka Paananen, diretor-executivo da Supercell, fala com jornalistas na sede da empresa em Helsinque Imagem: Guilherme Tagiaroli/UOL

Guilherme Tagiaroli

Do UOL*, em Helsinque

10/12/2013 06h01

Em três anos de existência, a Supercell (desenvolvedora de games) passou de uma pequena start-up finlandesa a uma companhia com valor de mercado estimado de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 6,9 bilhões). A empresa, que emplacou dois jogos para dispositivos móveis, “Clash of Clans” e “Hay Day”, tem um objetivo claro. “Queremos ser o 'Facebook' dos games”, disse Ilkka Paananen, diretor-executivo e um dos cofundadores da empresa, durante visita da reportagem na sede da companhia em Helsinque.

"Nossa meta é fazer jogos tão relevantes que as pessoas os acessem pela manhã, no horário do almoço e antes de dormir. Assim como ocorre com o Facebook”, disse Paananen.

"Clash of Clans" e "Hay Day" são games de estratégia para aplicativos móveis. O primeiro permite que o jogador crie sua comunidade, treine um exército e ataque outros jogadores para ganhar moedas. Já o segundo, o usuário é dono de uma fazenda e precisa fazê-la prosperar. Os dois jogos são gratuitos, mas contam com itens pagos.

  • Guilherme Tagiaroli/UOL

    "Clash of Clans", para dispositivos móveis, é o maior sucesso da desenvolvedora Supercell

A Supercell, recentemente, vendeu 51% de suas ações para a Softbank, operadora japonesa, por US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 3,47 bilhões). Junto com outros aportes financeiros feitos por investidores, a companhia é avaliada no mercado em US$ 3 bilhões.

Modo de trabalho

O nome da empresa tem relação com a lógica de trabalho da companhia. Em vez de “departamentos”, as equipes formam células (cell), que são pequenos e independentes grupos de trabalho. “Cada equipe é dona do game”, disse o diretor­-executivo da Supercell. Segundo ele, essa organização aliada com a independência dada a cada time faz com que haja menos burocracia na empresa e que as pessoas não fiquem dependentes na hora de desenvolver games.

Mesmo sendo uma empresa relativamente nova, o diretor-executivo ressaltou que eles já “mataram” cinco jogos que foram desenvolvidos, mas não eram bons o suficiente. “Errar não é legal, mas temos que comemorar o conhecimento que adquirimos”, disse ao exemplificar que a companhia trabalha com uma cultura de “celebrar o erro”.

Investimento do governo

A companhia é a mais forte da área de tecnologia da Finlândia, desde a ascensão da Rovio, que deixou o foco no desenvolvimento de jogos para ser uma companhia de entretenimento. Os bons resultados também têm relação com investimentos do governo por meio de uma agência, chamada Tekes, que concede empréstimos a juros baixos para quem está montando uma start-up.

"Sem isso, a empresa não existiria. Com a junção do dinheiro dos fundadores, investimos centenas de milhares de euros. E depois recebemos € 400 mil (cerca de R$ 1,3 milhão) do governo” disse Paananen.

De acordo com ele, a companhia e seus fundadores pagaram algo em torno de € 270 milhões (aproximadamente R$ 860 milhões)  em impostos. Ao todo, a agência do governo gastou entre € 5 ou € 6 milhões (cerca de R$ 19 milhões) em investimentos neles. “Alguém chegou a calcular que apenas a Supercell retornou todo o dinheiro que já foi investido [em start-ups] na Finlândia”, afirma.

Próximo sucesso

O cenário de jogos para dispositivos móveis ainda é instável.  Há dois anos, a Zynga estava em alta, mas, com a redução no uso de jogos sociais, a companhia precisou demitir vários funcionários.

Questionado sobre a próxima aposta da Supercell, o diretor-executivo disse que não há como prever. “É difícil saber se vai haver uma queda no uso de nossos games. Nós trabalhamos sempre em melhorar os jogos.”

  • Reprodução

    No "Hay Day", da Supercell, o jogador é dono de uma fazenda e deve fazê-la prosperar

*O jornalista viajou a convite da Embaixada da Finlândia no Brasil.