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Após polêmica, Gabriela Pugliesi diz que reforçará sinalização de post pago

Blogueira Gabriela Pugliesi, do Tips4Life: ""Só falo no meu Instagram de produtos que eu realmente gosto, uso e consumo, mesmo quando é publicidade""  - Reprodução/Instagram/@GabrielaPugliesi
Blogueira Gabriela Pugliesi, do Tips4Life: ''Só falo no meu Instagram de produtos que eu realmente gosto, uso e consumo, mesmo quando é publicidade'' Imagem: Reprodução/Instagram/@GabrielaPugliesi

Ana Ikeda

Do UOL, em São Paulo

14/02/2014 08h07

Gabriela Pugliesi, autora do blog sobre vida saudável Tips4Life,  virou centro de uma polêmica envolvendo seu perfil no Instagram - a conta tem mais de 540 mil seguidores. Usuários criaram a hashtag #explicapugli para questionar se os posts sobre produtos recomendados por ela são pagos.

As pessoas envolvidas nas denúncias alegam que não há indicação de #publipost no conteúdo e reportaram a prática ao Conar (Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária). O órgão aceitou a denúncia e analisa a situação – por isso, ainda não pode comentar esse caso específico.

Ao UOL, Gabriela admitiu publicar conteúdo patrocinado  no perfil no Instagram, mas alega que seu trabalho é “honesto, normal e deixou de ser novidade faz tempo”. Além disso, ela afirma que comenta apenas produtos que “realmente gosta, usa e consome”. A blogueira também disse que já está dando mais ênfase ao indicar o conteúdo patrocinado. 

Apesar da polêmica, Gabriela brincou nesta semana com a situação. Em uma foto na qual ela aparece usando um computador da Apple, a blogueira usou as seguintes hashtags: #naverdade #tudoisso #foipara #fazerpubli #domacbook #eainda #quemMepagou #foiSteeve #laDocéu #PagouPormeioDeUmMédium.  

Confira abaixo a íntegra da entrevista, concedida por e-mail:

UOL - Com você está se sentindo em relação às críticas envolvendo os posts publicitários?

Gabriela Pugliesi -
Fiquei assustada no início. Há alguns meses postei no meu blog uma explicação de como é feito o meu trabalho, semelhante ao de todas as blogueiras que têm grande audiência e credibilidade, mas isso não foi suficiente para evitar a má fé e os julgamentos errados. O que eu faço é honesto, normal e deixou de ser novidade faz tempo.

Só falo no meu Instagram de produtos que eu realmente gosto, uso e consumo, mesmo quando é publicidade. Meu prazer está em motivar as pessoas a adotarem um estilo de vida mais saudável, e isso não envolve só uma boa alimentação e exercícios físicos. Se a mente não está boa, adoecemos do mesmo jeito. Mas, enfim, as críticas fazem parte, já me acostumei, confesso que no início sofria mais.

UOL - Qual é a sua atitude profissional como comunicadora em relação ao conteúdo patrocinado no seu blog e nas redes sociais ligadas a ele?

Gabriela –
Minha atitude profissional é apenas fazer parcerias com empresas que tenham sinergia com o conteúdo do meu blog e principalmente com a minha filosofia de vida. Todas as empresas/produtos/marcas que eu divulgo, seja publicidade ou não, fazem parte da minha rotina ou eu acho a dica válida para outras pessoas. Exemplo: divulgo vários produtos sem glúten, pois tenho muitos seguidores intolerantes. Eu não sou intolerante, mas a dica é válida para muita gente, e claro que sempre são produtos que atesto a qualidade.

A minha responsabilidade como pessoa, e isso vem muito antes de ser profissional, é negar qualquer proposta que não esteja de acordo com meu estilo de vida, e com o que acredito. Recuso muito mais propostas do que aceito. Faço poucas e boas parcerias. No Instagram, mais de 90% do meu conteúdo é espontâneo, pois isso que movimenta as minhas redes e são dicas práticas que as pessoas buscam ali.

Se eu divulgasse apenas conteúdo patrocinado tudo perderia o sentido, pois eu comecei fazendo esse trabalho espontaneamente, por amar incentivar as pessoas e continuarei assim. Faz parte da minha essência.

UOL -  Há sinalização de que são publiposts? Onde ela fica?

Gabriela – Há sinalização, sim. No blog sempre vem abaixo do post como "Parceiro "Tips4life" ou "publicidade". No Instagram, antes eu só colocava a hashtag #publipost. Agora para ficar mais ainda em evidência que é um conteúdo patrocinado eu marco na localização como "parceiroTips4life" ou " publicidade" e também uso a hashtag #publipost. Sou a favor de se criar normas mais claras para blogueiras, pois cada uma coloca uma coisa e tem muitas “menores” do que eu que não colocam nada. Se criarem normas claras, seria muito mais fácil para o leitor e para nós, com certeza.

  • Reprodução/Instagram/@GabrielaPugliesi

    Gabriela Pugliesi enviou algumas imagens para exemplificar como sinaliza a publicidade nos posts; a marcação vermelha foi feita pela reportagem

UOL - Como consumidora, como se sentiria ao visualizar um post pago que omite ser conteúdo patrocinado?

Gabriela – Na verdade, a minha questão não seria nunca “se o tal post é patrocinado ou não”. Seria, sim, se o conteúdo da informação me interessa ou não. Se ele tem qualidade ou não. Mesmo antes de ter o meu blog já seguia vários blogs, inclusive de amigas minhas que se tornaram grandes blogueiras. Jamais me passou pela cabeça se o vestido que ela postou e eu gostei foi pago por alguma marca para estar lá.

O que vale para mim como consumidora é a ética adotada. Eu não me sentiria bem em publicar um post mesmo com a indicação #publipost de um produto que não consumo ou não recomendo.

Publipost: sinalização obrigatória

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) ordena: “A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal”.
O código de ética do Conar recomenda: “O anúncio deve ser claramente distinguido como tal, seja qual for a sua forma ou meio de veiculação.”
Posts patrocinados em blogs devem vir sinalizados como publicidade logo no início do texto, de preferência antes do título.
No Instagram, posts patrocinados devem vir sinalizados também logo no início, ou seja, com a indicação de publicidade no alto da própria imagem.
No Instagram, apenas o uso de hashtags como #publipost, #postpatrocinado ou similares é insuficiente para atender à lei exposta no CDC. Isso porque a hashtag, em geral, é visualizada apenas no fim do post.
No Facebook e Twitter, a sinalização de publicidade deve ocorrer no início da mensagem do post patrocinado.
Denúncias sobre publicidade velada devem ser feitas ao Procon de sua cidade e ao Conar.

UOL - Circula na internet uma tabela de preços que você cobra para publicar posts no blog (R$ 6.800) e no Instagram e Facebook (R$ 3.600). Essa tabela é verdadeira? Esse conteúdo patrocinado fica sinalizado no blog?

Gabriela – Tenho um “mídia kit”, sim, como todas as blogueiras de grande audiência e credibilidade. Isso não é novidade. Agora, quanto eu ganho é uma informação que eu tenho o direito de preservar. Ninguém é obrigado a sair por aí anunciando quanto recebe de salário. Meu trabalho é honesto e eu faço de coração. Se estou ganhando dinheiro com isso? Sim. E não tenho do que me envergonhar.

Hoje tenho uma empresa, pessoas que trabalham no meu projeto e que recebem para isso. Pago impostos. Não vou deixar de ser quem eu sou e nem vou deixar de postar nada por acharem que pode ser publicidade. O conteúdo sempre que for patrocinado estará sinalizado no blog "parceiro Tips4Life" e no Instagram " #publipost " ou publicidade. São as formas que uso para identificar.

UOL - A respeito do processo ético nº 027/14 do Conar devido ao post “Perder os quilinhos extras sem perder a saúde”, você já foi notificada pelo órgão a apresentar defesa?

Gabriela – Ainda não recebi qualquer notificação do Conar referente a este assunto. Mas acho que o Conar está na sua função, como o órgão que autorregulamenta a publicidade no Brasil, em averiguar denúncias. E cabe a mim mostrar que não estou fazendo nada de errado.

UOL - Dada a repercussão do caso, você pretende tomar alguma medida no sentido de sinalizar mais claramente quais conteúdos, tanto no blog como no Instagram e Facebook, são posts pagos?

Gabriela – Sim, estou dando mais ênfase, pois para mim a sinalização não muda a intenção. Meu blog cresceu muito rápido e o que chamou a atenção das pessoas foi o compartilhamento da minha rotina: meus exercícios físicos, produtos e marcas que eu consumo, onde compro. Se eu não mostro marca, onde compro, recebo várias perguntas sobre isso. Portanto não vou perder minha espontaneidade e nem deixar de postar produtos que uso mesmo as pessoas achando que é publicidade. Mais uma vez: o que for [publicidade] vai estar sinalizado.