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Criador de efeitos especiais revela os desafios para filmar 'Gravidade'

Flávio Carneiro

Do UOL, em São Paulo

21/03/2014 06h00

O filme “Gravidade” foi um dos principais longas de ficção lançados em 2013. Como reconhecimento, venceu sete Oscars em 2014, inclusive a categoria de Melhores Efeitos Visuais. A trama se passa praticamente inteira no espaço. Com isso, o set de filmagem precisou ser transformado digitalmente em um ambiente espacial. Essa experiência foi conduzida pelo supervisor geral de efeitos visuais do filme, Tim Webber, que concedeu entrevista por e-mail ao UOL Tecnologia.

Para criar esses efeitos, a equipe utilizou a suíte de software 3D da Autodesk, que reúne diversas ferramentas para simulação de ambientes digitais. Webber explicou detalhes da produção, como as maiores dificuldades enfrentadas por sua equipe.

“O efeito mais problemático de ser criado foi a falta de gravidade, que é extremamente difícil de ser simulada. Nada que acontece na Terra segue de maneira semelhante no espaço. Por exemplo: quando você solta algo, o objeto cai. No espaço, ele flutua. Além disso, foi preciso adaptar essa questão ao estilo de filmagem do diretor Alfonso Cuarón. Com frequência, aconteciam closes e variações de câmeras muito rápidos. De repente, mudava de ator na tela e ele podia estar de ponta cabeça”, contou.

Segundo Webb, outro problema foi o orçamento do filme, considerado baixo: US$ 100 milhões (cerca de R$ 234 milhões). A título de comparação, “O Cavaleiro Solitário”, que também concorreu ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais, teve investimento de US$ 215 milhões (cerca de R$ 503 milhões).“Ninguém tinha certeza de que seria tão popular. É uma ideia estranha para um filme: na maior parte dele, há apenas uma pessoa abandonada no espaço!”

Essa limitação foi superada por uma equipe de 400 pessoas, composta por profissionais de diversas especialidades diferentes. Eles se revezaram na criação de efeitos especiais durante cerca de três anos. A maior parte do tempo foi investida em planejamento, iniciado muito antes das filmagens.

De acordo com Webb, quem deseja trabalhar nessa área precisa escolher um caminho específico, pois há muitas variáveis.

“Diversas áreas requerem habilidades muito exclusivas [os responsáveis por sombreamento geralmente são especialistas em ciências da computação, por exemplo]. Outros setores, como a área da composição, exigem uma compreensão geral de artes visuais e computadores, mas não necessariamente habilidades específicas. O software mais utilizado para gerar efeitos é o Maya, mas ele pode ser aplicado de muitas maneiras diferentes”, afirmou.

A mesma tecnologia utilizada para criar os efeitos de “Gravidade” também aparecem em filmes brasileiros, como "2 Coelhos", “Nosso Lar” e na animação “Minhocas”.