Topo

Produtor diz que pode levar semanas para criar vídeo de 6 segundos no Vine

O norte-americano Ian Padgham, 32, ganha a vida fazendo vídeos para a plataforma Vine - Reprodução
O norte-americano Ian Padgham, 32, ganha a vida fazendo vídeos para a plataforma Vine Imagem: Reprodução

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

17/04/2014 06h00

A popularidade no YouTube, Twitter e Facebook já faz várias pessoas ganharem dinheiro com a veiculação de publicidade. O norte-americano Ian Padgham, 32, tem usado o Vine, rede social de vídeos de até seis segundos, como plataforma para garantir seu sustento. Mesmo com a limitação de tempo do aplicativo, Padgham disse em entrevista por e-mail ao UOL que já gastou semanas para fazer um vídeo.

Padgham, que trabalhava no Twitter (empresa dona do Vine), participou da equipe de divulgação da rede social com vários vídeos de stop-motion (técnica de animação na qual as imagens são captadas quadro a quadro). O sucesso de seus vídeos foi tanto que ele deixou a companhia para abrir sua própria produtora de vines, que é chamada de Origiful.

Em uma de suas produções mais longas, o ex-funcionário do Twitter disse que já gastou semanas para filmar um vídeo de seis segundos. “O ‘Muybridge’ demorou semanas, pois tive de criar um cenário inteiro e cortar centenas de animais. Na época, tive de gravar tudo sem errar, pois o aplicativo ainda não permitia fazer edições.” Esse vine é uma homenagem ao fotógrafo britânico Eadweard J. Muybridge, que no fim do século 19 usava diversas câmeras para tentar captar movimentos.

O Vine tem 40 milhões de usuários e foi lançado em janeiro de 2013. Mesmo com pouco tempo de atividade, há pessoas que ganham até R$ 5.000 para fazer um vídeo para a plataforma, segundo estimativa do “ValleyWag”, site que cobre notícias sobre o Vale do Silício, região dos Estados Unidos onde fica a sede das maiores empresas de tecnologia do país.

Para a norte-americana Meagan Cignolis, 32, que também faz vídeos de stop-motion para o Vine, o pouco tempo do programa é desafiador e faz com que as pessoas tentem fazer o seu melhor. “Com apenas seis segundos, você não pode criar algo fraco. Às vezes, pode ser frustrante, mas é justamente isso que torna esse trabalho tão interessante.”

Apesar de os vídeos terem apenas seis segundos, as pessoas acabam vendo o que é postado por mais tempo. “O comum é que os vídeos sejam vistos três vezes em função do loop [no fim de cada vídeo, o aplicativo roda o arquivo de forma automática], dando em média 18 segundos de visualização. Após assistir por um tempo, as pessoas começam a gostar do conceito”, disse Padgham.

Na maioria dos casos, a produção é relativamente simples: é usado um smartphone com o aplicativo instalado e um tripé para fixar o aparelho. Às vezes, dizem os viners entrevistados, é utilizado algum editor de vídeo, mas só para colocar uma música de fundo.

Uma das exceções ao uso desse processo “simplista” de produção é o norte-americano Zach King, 23. Conhecido no YouTube por seus tutoriais do programa Final Cut Pro, King sempre usa truques de edição em seus vídeos. É comum, por exemplo, ele fazer mágicas em que consegue “tirar gatos da tela do computador” ou “invadir um carro sem precisar de chaves”.

Em entrevista ao UOL no início de janeiro, King disse que, geralmente, consegue finalizar um Vine em uma manhã. Quando faz vídeos para o YouTube, pode levar semanas para editar.