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Participantes do Netmundial querem reforço no combate à espionagem virtual

No 1º dia do evento (foto), manifestantes usaram máscaras com rosto do ex-agente da NSA Edward Snowden; no 2º dia, participantes aplaudiam quando o nome de Snowden era citado - Reuters
No 1º dia do evento (foto), manifestantes usaram máscaras com rosto do ex-agente da NSA Edward Snowden; no 2º dia, participantes aplaudiam quando o nome de Snowden era citado Imagem: Reuters

Flávio Carneiro

Do UOL, em São Paulo

24/04/2014 12h48

O segundo dia do evento Netmundial, que tem como objetivo criar um texto para guiar a governança da internet, foi marcado por sugestões pedindo que o combate à espionagem na web seja endurecido – há apenas um parágrafo vago sobre o assunto. A versão final do documento será apresentada ainda nesta quinta-feira (24), no encerramento do congresso realizado em São Paulo.

As mudanças mais pedidas pelos participantes tinham como foco os trechos sobre segurança e espionagem. Segundo diversos discursos, o parágrafo 35 – único a tratar diretamente do assunto -- é insuficiente para abordar a vigilância do governo americano, por exemplo.

Este trecho da proposta afirma que a vigilância da comunicação, a interceptação e a coleta de dados pessoais deve estar de acordo com as leis de direitos humanos. “Mais diálogo sobre esse tópico é preciso, em nível internacional, usando fóruns como o IGF [fórum de governança da internet] e o Conselho dos Direitos Humanos], com o objetivo de desenvolver um entendimento comum sobre todos os aspectos relacionados”, diz o texto. 

O nome de Edward Snowden, ex-agente da NSA responsável por divulgar os casos de espionagem dos EUA no mundo, também apareceu frequentemente nas falas. Sempre que algum participante argumentava de forma mais dura a favor de Snowden e contra a vigilância em massa, muitos reagiam de forma entusiasmada, com gritos e palmas.

O evento não é aberto ao público: essas sugestões foram feitas por representantes brasileiros e estrangeiros de diversos setores (sociedade civil, governos, empresas, ONGs, setores técnicos e acadêmicos). Além das pessoas que estavam no local, foram feitas intervenções por vídeo e mensagens de texto ao redor do mundo. Segundo a organização, o primeiro dia teve a participação de 1.229 inscritos, vindos de 97 países diferentes.

Na abertura do evento, nesta quarta-feira (24), a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Netmundial responde a anseios globais e enfatizou a importância da privacidade na internet (ela classificou a espionagem revelada em 2013 por Edward Snowden como alvo de "repúdio" e "indignação").