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Com investimento bilionário, aplicativo Uber promove sistema de carona paga

Há várias categorias de carros (como black, SUV e Lux). No Rio, estão disponíveis Corolla, Zafira e Azera   - Divulgação
Há várias categorias de carros (como black, SUV e Lux). No Rio, estão disponíveis Corolla, Zafira e Azera Imagem: Divulgação

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

19/06/2014 06h01

O aplicativo Uber tem a proposta de “transportar pessoas” com um sistema que conecta passageiros e motoristas. A empresa foi criada há quatro anos, por dois desenvolvedores norte-americanos, e recebeu diversas rodadas de investimento – a companhia está avaliada hoje em US$ 17 bilhões (cerca de R$ 38,3 bilhões). Mesmo com a aprovação de usuários e investidores, o Uber vem enfrentando uma batalha que promete crescer, conforme sua popularidade aumenta. 

De um lado nessa história aparece a companhia baseada em San Francisco (Califórnia), presente em 137 cidades de 38 países diferentes – inclusive Brasil, onde foi inaugurado recentemente um escritório em Botafogo (Rio de Janeiro). Do outro lado, estão taxistas que se manifestam em todo o mundo contra esse tipo de aplicativo, acusado de concorrência desleal. 

Isso porque é relativamente fácil se associar ao Uber e prestar o serviço de transporte de passageiros (a companhia não fornece o carro, apenas “conecta” o prestador de serviço ao usuário, assim como já fazem os aplicativos de táxi). No Rio, os interessados em trabalhar com o Uber precisam ser motoristas profissionais (não necessariamente taxistas) com carro, habilitação e seguro de automóvel para uso comercial. 

Lyft - Jeff Chiu/AP - Jeff Chiu/AP
Carros associados ao app Lyft exibem bigode cor-de-rosa (removível) no para-choque
Imagem: Jeff Chiu/AP
A companhia não informa o número de motoristas associados – divulga apenas que, a cada mês, 20 mil deles se juntam à plataforma. Além desses prestadores de serviço, há cerca de 500 funcionários, sendo 35 deles voltados a abrir escritórios em outros países.

Nos Estados Unidos, o aplicativo Lyft é um forte concorrente do Uber – seus carros são identificados com um enorme bigode cor-de-rosa pendurado no para-choque. No Brasil, o app Zaznu segue a mesma linha e propõe: “Você já dirige todo dia. Por que não ganhar por isso?”.

Essas empresas de carona paga não exigem exclusividade de seus motoristas. Antes de aceitá-los como colaboradores, elas dizem verificar a ficha criminal e registros de infrações de trânsito dos candidatos.

Protestos
No dia 11 de junho, foram realizados protestos simultâneos no Rio e em diversas cidades da Europa contra o uso desses apps – na Espanha, taxistas chegaram a atacar e quebrar o vidro de um carro supostamente associado ao Uber (que, ao contrário do Lyft, não usa uma identificação chamativa).

Os motoristas conseguiram atrair atenção para a disputa, mas o Uber parece ter vencido esta batalha em uma guerra que promete ser longa.

“Em Londres, o download do aplicativo [em 11 de junho] aumentou 850% em relação à semana anterior”, afirmou por e-mail, ao UOL Tecnologia, o porta-voz Jaime Moore. “Com mais opções de transporte, os passageiros ganham, os motoristas ganham e as cidades ganham. Isso é o que vemos acontecer em todas as cidades do mundo, inclusive no Rio”, continuou.

No dia dos protestos, o Uber anunciou em seu blog a disponibilidade em Londres do Ubertaxi – a categoria substitui carros “comuns” pelos tradicionais táxis britânicos que aderirem ao Uber. Mas a parceria com essa categoria pode não ser tão simples.

“Não existe a menor possibilidade de os taxistas aderirem ao Uber”, afirmou por telefone André Oliveira, organizador do movimento Taxinforme, depois de participar da manifestação no Rio. “Trata-se de concorrência desleal. Investimos em licença, em seguro, em vistorias. Uma empresa não pode simplesmente chegar e promover a liberação geral do mercado”, continuou Oliveira, que disse ser a favor dos aplicativos de táxi.

Também conhecido como André do Táxi, ele está em contato com a Câmara Municipal do Rio para saber como a categoria poderá lidar com a questão. “A lei brasileira não proíbe ninguém de dar carona ou de fazer doações. O que eles [aplicativos] fazem pode não ser ilegal, mas é imoral”, defendeu.