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Em SP, ladrões pedem senha do iCloud e alteram foto da vítima no WhatsApp

Foto acima foi publicada no perfil do WhatsApp; vítima afirma que este homem dirigia carro que o fechou - Reprodução/WhatsApp
Foto acima foi publicada no perfil do WhatsApp; vítima afirma que este homem dirigia carro que o fechou Imagem: Reprodução/WhatsApp

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

27/06/2014 16h00

Quando voltava para casa depois do jogo entre Brasil x México, no dia 17 de junho, Marcos (nome fictício) sofreu um sequestro relâmpago em São Paulo. Parado no farol, seu carro modelo 2014 foi interceptado na região do Campo Belo (zona sul) por outro veículo, de onde dois assaltantes armados saíram.

Os criminosos assumiram controle do automóvel e, por mais de duas horas, rodaram pela cidade fazendo saques em caixas eletrônicos com o cartão de Marcos. Ao todo, roubaram pouco mais de R$ 1.900. Segundo boletim de ocorrência registrado pela vítima, os ladrões levaram o veículo de Marcos, um iPhone, um MacBook Air, um notebook Dell e um Blackberry.

Durante a ação, chamou atenção a abordagem dos ladrões em relação à tecnologia. Os assaltantes pediram as senhas dos computadores, do iCloud (serviço de armazenamento em nuvem da Apple, que o criminoso chamou de “aiclôude”) e decidiram formatar o PC corporativo (“zerar” seu conteúdo) ainda dentro do carro.

Depois do sequestro, um dos comparsas alterou o perfil da vítima no WhatsApp, colocando sua própria foto - a imagem foi entregue à polícia, para ajudar na identificação. Segundo Marcos, a pessoa da foto dirigia o carro de onde saíram os outros dois assaltantes.

“Prestei atenção nele porque, quando seu carro me fechou na rua, achei que quisesse tirar satisfação sobre algo no trânsito”, relatou em entrevista por telefone.

Ao perceber a alteração no perfil do aplicativo, os amigos alertaram Marcos. Alguns também enviaram mensagens para o suspeito, mas não obtiveram resposta. Como o app está associado ao número de telefone, a vítima entrou em contato com o WhatsApp pedindo sua desativação (quando voltar a usar o WhatsApp em outro aparelho, alertou o serviço, suas mensagens e contatos serão perdidos).

Ao UOL Tecnologia, um representante da delegacia onde o caso foi registrado classificou como incomum esse nível de especificação tecnológica, envolvendo senhas de serviços na nuvem. Um inquérito foi instaurado, e a polícia investiga o caso.

Find my iPhone
Apesar de o aplicativo de localização Find my iPhone estar instalado nos aparelhos da Apple, ele se encontrava desabilitado. Quando chegou em casa, depois de ser deixado no Jardim Marajoara, Marcos ainda conseguiu acessar sua conta da Apple e apagar o conteúdo dos eletrônicos. “Não entendi por que eles não trocaram a senha imediatamente”, afirmou ele, que conseguiu alterar a combinação. 

Ele também habilitou o Find my iPhone nos dois eletrônicos, para visualizar sua localização quando voltassem a ser ligados. Mas, alguns dias depois, por engano, acabou desvinculando sua conta desses aparelhos monitorados.

Além dos danos materiais, ele calcula ter perdido cerca de 60 GB de músicas e vídeos armazenados no disco rígido de seu Macbook Air. Já as informações do computador usado para trabalho estão todas armazenadas na nuvem, então poderão ser acessadas sem dificuldade. O veículo foi encontrado dias depois do crime e sofreu perda total.