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Uber chega a São Paulo em fase de teste; app oferece sistema de carona paga

Modelo Alessandra Ambrosio divulgou chegada do Uber a SP; ela teria sido 1ª a usar o serviço na cidade - Divulgação
Modelo Alessandra Ambrosio divulgou chegada do Uber a SP; ela teria sido 1ª a usar o serviço na cidade Imagem: Divulgação

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

27/06/2014 08h20

O aplicativo Uber anunciou em seu blog, nesta quinta-feira (26), a chegada a São Paulo - até então, o Rio era a única cidade brasileira com o serviço. Criado há quatro anos e avaliado em US$ 17 bilhões, o programa tem a proposta de "transportar pessoas", conectando passageiros e motoristas (os associados usam seus próprios carros). Por isso, taxistas de todo o mundo protestam contra a novidade.

Em uma ação de marketing, o lançamento em São Paulo foi feito por uma poderosa modelo (ou “ubermodel”) brasileira. “Alessandra Ambrosio, fã de longa data do Uber [...], pegou o primeiro Uber em São Paulo na noite passada [quarta-feira, 25]. Ela acessou o app nos Jardins e, alguns minutos depois, estava a caminho de uma festa na embaixada britânica”, diz o post.

Como a ferramenta ainda está sendo testada na cidade – sua presença se alastra por 39 países -, a disponibilidade de carros é limitada em São Paulo. Mas, para insatisfação dos taxistas, o Uber promete: “Estamos trabalhando duro todos os dias para colocar mais carros nas ruas”. Até 13 de julho, os usuários que aderirem ao serviço em São Paulo ganham até R$ 50 de desconto na primeira corrida. 

Aplicativos de carona paga
Taxistas do mundo inteiro se opõem ao Uber, acusando esse tipo de aplicativo de concorrência desleal. Isso porque é relativamente fácil se associar ao Uber e prestar o serviço de transporte de passageiros (a companhia não fornece o carro, apenas “conecta” o prestador de serviço ao usuário, assim como já fazem os aplicativos de táxi).

No Rio, os interessados em trabalhar com o Uber precisam ser motoristas profissionais (não necessariamente taxistas) com carro, habilitação e seguro de automóvel para uso comercial. O candidato - que pode também trabalhar para outras empresas - passa por uma análise da ficha criminal e registros de infrações de trânsito.

Lyft - Jeff Chiu/AP - Jeff Chiu/AP
Carros associados ao app Lyft exibem bigode cor-de-rosa (removível) no para-choque
Imagem: Jeff Chiu/AP
Nos Estados Unidos, o aplicativo Lyft é um forte concorrente do Uber – seus carros são identificados com um enorme bigode cor-de-rosa pendurado no para-choque. No Brasil, o app Zaznu segue a mesma linha e propõe: “Você já dirige todo dia. Por que não ganhar por isso?”.

Protestos
No dia 11 de junho, foram realizados protestos simultâneos no Rio e em diversas cidades da Europa contra o uso desses apps – na Espanha, taxistas chegaram a atacar e quebrar o vidro de um carro supostamente associado ao Uber (que, ao contrário do Lyft, não usa uma identificação chamativa).

Os motoristas conseguiram atrair atenção para a disputa, mas o Uber parece ter vencido esta batalha em uma guerra que promete ser longa.

“Em Londres, o download do aplicativo [em 11 de junho] aumentou 850% em relação à semana anterior”, afirmou por e-mail, ao UOL Tecnologia, o porta-voz Jaime Moore. “Com mais opções de transporte, os passageiros ganham, os motoristas ganham e as cidades ganham. Isso é o que vemos acontecer em todas as cidades do mundo, inclusive no Rio”, continuou.

André Oliveira, organizador do movimento Taxinforme, se diz a favor de aplicativos de táxi, mas contra serviços como o Uber. “Não existe a menor possibilidade de os taxistas aderirem ao Uber”, afirmou por telefone depois de participar da manifestação no Rio. “Trata-se de concorrência desleal. Investimos em licença, em seguro, em vistorias. Uma empresa não pode simplesmente chegar e promover a liberação geral do mercado.”

Também conhecido como André do Táxi, ele está em contato com a Câmara Municipal do Rio para saber como a categoria poderá lidar com a questão. “A lei brasileira não proíbe ninguém de dar carona ou de fazer doações. O que eles [aplicativos] fazem pode não ser ilegal, mas é imoral”, defendeu.