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No cinema 4D, tecnologia 'salta' das telas e cria interação com público

Sala de cinema 4D da rede Cinépolis; entrada custa R$ 73 no shopping JK de SP - Divulgação
Sala de cinema 4D da rede Cinépolis; entrada custa R$ 73 no shopping JK de SP Imagem: Divulgação

Flávio Carneiro

Do UOL, em São Paulo

13/08/2014 06h00

A tecnologia saiu das telas de cinema, cada vez maiores e com mais definição, e foi parar nas poltronas. Com a chegada do chamado 4D, os assentos ganharam componentes eletrônicos, que aumentam a sensação de imersão do público.

Essas cadeiras acompanham o que está acontecendo nos filmes (que sempre são em 3D nesse formato). Sincronizadas com a imagem das telonas, as poltronas espirram água no usuário quando chove no filme. Ou então tremem e se mexem para aos lados, no caso de uma explosão, por exemplo.

A Cinépolis é a principal rede de cinema com esse tipo de sala no Brasil, chamada de 4DX. A lista de efeitos disponíveis nas cadeiras é grande: movimentos horizontais e verticais, jatos de ar, batidas, vibração nas costas e cheiros (bons ou ruins). Para viabilizar esses recursos, cada poltrona recebe cinco tubos de ar, dois de água e mais dois para expelir os odores.

Os ambientes são equipados com fumaça fria, ventiladores potentes, luzes especiais (para simular explosões) e bolhas de sabão que caem do teto. A Cinépolis possui quatro salas 4DX: São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP), Curitiba (PR) e Salvador (BA).

O objetivo de tantos recursos é melhorar a experiência do visitante, segundo Eduardo Acunã, presidente da Cinépolis Brasil. “A sala inteira é equipada para que a pessoa tenha uma sensação real de imersão. Assim é possível alcançar todos os sentidos do visitante”, explicou.

Nem sempre esse banho de realidade é visto como algo positivo, no entanto. Há quem reclame que tanta interatividade deixa o filme mais cansativo e cria uma certa tensão, pois o público não sabe o que vem pela frente (chacoalhões, fumaça, jato de água no rosto ou cheiros desagradáveis, por exemplo).

Encaixar todos esses detalhes aos filmes leva tempo e custa caro. A sincronização dos efeitos leva cerca de um mês. E cada sala tecnológica de cinema custa o equivalente a seis espaços tradicionais, segundo Acunã. O investimento, claro, é repassado para o consumidor: enquanto a entrada de um cinema 3D no shopping JK Iguatemi de São Paulo custa R$ 54, a do modelo 4D sai por R$ 73.

Outro fato que encarece esse modelo de cinema é a necessidade de haver uma sala de apoio, com tanques de ar, água e compressores. No total, são armazenados mais de cem aromas.

Só as poltronas

Um formato parecido foi lançado em julho deste ano pela rede Cinemark, com o nome de D-Box. Mas o único recurso do equipamento é o movimento das cadeiras – não há fumaça, bolhas ou água. Nesse formato há opções de filmes comuns ou 3D.

Sala de cinema D-Box Cinemark, disponível no Shopping Vila Lobos de SP - Divulgação - Divulgação
Sala de cinema D-Box Cinemark, disponível no Shopping Vila Lobos de SP
Imagem: Divulgação

O diferencial desse modelo é a possibilidade de o usuário escolher a intensidade do movimento. As poltronas D-Box possuem um painel de controle, em que a pessoa pode diminuir o movimento e até mesmo desligá-lo, algo que não é possível nas salas da Cinépolis.

“Como essa tecnologia permite que o usuário diminua os movimentos das cadeiras, não há risco de a vibração incomodar durante um filme longo, por exemplo”, afirmou Bettina Boklis, diretora de marketing da Cinemark.

Em um teste da reportagem no ambiente criado pela Cinemark, no Shopping VillaLobos (SP), os movimentos do assento se mostraram bem parecidos com os feitos pelo modelo 4DX. O controle das poltronas, no entanto, fez a diferença. Os comandos são simples, levam apenas alguns segundos e fazem efeito. O nível zero realmente desativou a cadeira.

Assim com o modelo 4D, o custo aos consumidores é mais alto. Enquanto a entrada para um filme 3D com D-Box custa R$ 48 aos sábados no Cinemark, a modalidade sem cadeiras articuladas sai por R$ 30. Já o filme sem 3D e com cadeiras tradicionais custa R$ 26.

Quem quiser conhecer a experiência proporcionada pelas cadeiras D-Box pode “provar” antes de comprar o ingresso. Isso porque há um simulador gratuito no saguão do cinema, que funciona sincronizado com o trailer dos filmes. O equipamento está disponível em shoppings de São Paulo (SP), Natal (RN) e Vitória (ES).