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Apple muda preços de aplicativos no mundo todo devido a oscilações cambiais

Tim Higgins, Ari Altstedter e Daniele Lepido

Do Bloomberg

12/01/2015 22h52

A Apple Inc. modificou os preços dos aplicativos de software na semana passada, do Canadá à Europa, em uma das mais amplas reações globais que a empresa teve às flutuações cambiais nos últimos anos.

Com o aumento do dólar dos EUA, a Apple disse no início da semana passada aos fabricantes de software que vendem através da loja virtual App Store que aumentaria o preço dos aplicativos na União Europeia, na Noruega, no Canadá e na Rússia devido às taxas de câmbio e aos impostos. As mudanças entraram em vigência na semana passada, e o preço inicial dos aplicativos passou de 99 centavos a US$ 1,19 no Canadá. Na Europa, o valor mínimo pulou de 0,89 euros a 0,99 euros.

As iniciativas em ambos os continentes - junto com o aumento dos preços do iPhone aplicado pela Apple na Rússia no mês passado após interromper brevemente as vendas virtuais lá quando o rublo despencou - equivalem a uma das mais concentradas reações mundiais da empresa com sede em Cupertino, Califórnia, às movimentações cambiais. Embora a Apple tenha aumentado anteriormente os preços de programas em suas lojas internacionais, a companhia costuma relutar em fazer esse tipo de mudanças, disse Slaven Radi?, CEO da firma de consultoria de desenvolvimento de aplicativos Tapstream Network Inc.

"Não é habitual", disse Radi?. "Eles são muito comedidos em relação a isso, e às vezes perdem dinheiro se podem evitar demonstrar muita movimentação nos preços dos produtos".

Tom Neumayr, porta-voz da Apple, confirmou que a empresa tinha enviado mensagens aos desenvolvedores relativas ao aumento do preços dos aplicativos no Canadá, na Rússia e na Europa. O blog de tecnologia 9to5Mac informou sobre o memorando na semana passada.

Dólar forte

Todas as principais moedas se desvalorizaram em relação ao dólar dos EUA nos últimos 12 meses, ao passo que a economia americana melhorou. O dólar canadense caiu cerca de 10,1 por cento desde julho e, no dia 9 de janeiro, atingiu o menor patamar frente ao dólar dos EUA em cinco anos e meio. O euro despencou cerca de 13 por cento em relação ao dólar em seis meses, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A Apple, que obtém a maior parte da sua receita anual de US$ 182,8 bilhões fora dos EUA, disse há pouco que tem consciência de como o fortalecimento do dólar afetará seus negócios. Em outubro, o diretor financeiro Luca Maestri disse que a companhia enfrentou "ventos contrários significativos com o câmbio estrangeiro" devido ao dólar forte, justo quando a empresa colocava à venda novos modelos de iPhone e modelos mais finos de iPad para a temporada de compras do final do ano.

Ao implementar as modificações dos preços, a Apple está sinalizando que acredita que o dólar dos EUA deve continuar forte neste ano.

Definição de preços

Os preços dos aplicativos são definidos por níveis, e a Apple ajusta-os pelo mundo de acordo com as moedas locais. Nos EUA, o preço inicial de um aplicativo pago é 99 centavos de dólar. Anteriormente, a Apple tinha aumentado os preços na Europa em 2012 e na Ásia no ano passado. A companhia nunca tinha modificado os preços no Canadá.

A App Store da Apple é uma vantagem estratégica relevante para a empresa, pois leva os consumidores a voltarem para fazer o download de novos jogos e outros programas para o iPhone e iPad. A renda gerada através da App Store aumentou 50 por cento e quebrou o recorde em 2014, disse a Apple na semana passada. Em 2013, os consumidores gastaram mais de US$ 10 bilhões na App Store.

A receita da Apple com outros produtos também poderia ser afetada pelo dólar forte. As vendas do iPhone, o maior produto da empresa em termos de receita, podem ter aumentado para 69,3 milhões de unidades no último trimestre de 2014, em contraste com 51 milhões no ano anterior, de acordo com uma estimativa da UBS AG. O preço líquido médio de venda foi prejudicado em 2,8 por cento devido ao fortalecimento do dólar, conforme estimativas de Steven Milunovich, analista da UBS, embora isso provavelmente foi compensando por outros fatores, como o preço mais alto do iPhone 6 Plus.

"Ultrapassar o limite psicológico de 1 euro pode provocar alterações nos planos contábeis de alguns fabricantes de aplicativos", disse Claudio Somazzi, CEO da Applix Group Srl. "Se você tem um aplicativo que custa menos de 1 euro e é um sucesso de vendas, talvez seja melhor manter o preço para não contrariar seus clientes".