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Após ser proibido de entrar no Facebook, garoto cria rede social própria

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

08/05/2015 06h00

Aos 11 anos, o americano Zack Marks só queria estar no mesmo ambiente em que os amigos estavam. Mas o pai, preocupado com sua segurança, o proibia de ter uma conta nas redes sociais. Foram duas tentativas, malsucedidas, de entrar no Facebook. Mesmo sem a foto de apresentação do perfil, ele foi descoberto. O jeito então foi criar sua própria rede social. Em três anos, a Grom Social (www.gromsocial.com) alcançou a marca de 1 milhão de usuários e acaba de ganhar uma versão em português.

"Além da exposição, temia que meu filho, ao ingressar nessas redes sociais voltadas para adultos, tivesse acesso a conteúdos e imagens inadequadas. Ninguém consegue controlar esses ambientes", disse Darren Marks, pai de Zack e outras cinco crianças com idades entre 3 e 16 anos. Foram as brigas entre os dois que motivaram a criação do Grom e até aproximaram pai e filho. "Enquanto Zack ficou responsável por criar o conteúdo da rede, eu e minha mulher desenvolvemos os aspectos de segurança."

Mesmo sem conhecimentos em tecnologia, a família buscou muitas informações na própria internet e contou com a ajuda de amigos para criar a rede social. Além de se basear em seus próprios interesses, Zack também recorreu aos irmãos e aos amigos para definir jogos e interações disponíveis. Já os pais, de acordo com Marks, buscaram apresentar soluções às suas principais preocupações. E o nome define bem o estilo dessa família que vive na Califórnia (EUA), já que Grom é o termo usado para descrever "jovens surfistas".

Exclusiva para crianças entre 5 e 16 anos de idade, a rede social inclui uma série de jogos, possibilita a postagem de vídeos e fotos e conta com uma ferramenta de bate-papo. "Ela tem tudo o que qualquer outra rede social tem", afirma Zack, que também acrescenta os diferenciais da plataforma: "Os usuários podem, por exemplo, participar de chats com celebridades. Além disso, é possível criar um avatar, escolher um animal de estimação e o seu próprio planeta. Há 400 opções de personalização. Você pode mudar todo o tema da rede, todo o visual da forma que você quiser."

O acesso é gratuito. Mas, quando uma criança com menos de 13 anos de idade abre uma conta no Grom Social, ela automaticamente se torna amiga dos Grom Helpers, monitores especializados que observam tudo o que é postado na rede e oferecem assistência em tempo real. O cadastro na rede também exige a aprovação dos pais, que podem controlar as atividades de seus filhos através de um portal exclusivo. É possível ainda receber notificações por e-mail sobre as atividades dos filhos.

"Temos uma série de recursos de segurança e monitoramos o site 24 horas por dia, 7 dias por semana. Fica difícil para um adulto ter acesso ao site sem ser descoberto. Até as conversas privadas são vistoriadas", afirmou Marks, que disse que posts com conteúdos ofensivos e indevidos são apagados. Há ainda, segundo ele, um filtro que apaga automaticamente posts com palavrões.

Grom Social no Brasil

O Brasil é o primeiro país fora dos Estados Unidos a receber uma versão do Grom social. Segundo Zack, o motivo dessa escolha foi o crescimento do "número de crianças e jovens brasileiros que usam redes sociais".

A versão em português já está disponível há cerca de um mês, mas só começou a ser divulgada no país nesta semana. O UOL Tecnologia contou com a ajuda de duas crianças para testar a ferramenta. A tradução ao pé da letra foi o ponto que mais incomodou. A palavra "like", por exemplo, em vez de "curtir", é traduzida para "como".

De uma maneira geral, a rede social conseguiu despertar a curiosidade dos "repórteres mirins", que se mostraram bastante entusiasmados como a possibilidade de personalizar avatares, mundos e bichinhos de estimação. Mas o que mais chamou a atenção deles foi o bate-papo com celebridades internacionais. No Brasil, segundo Zack, a Grom Social está tentando negociar a entrada do cartunista Maurício de Sousa.