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Compra do Twitter seria boa maneira de usar verba do Google, diz investidor

Sarah Frier

04/06/2015 15h10

Investidor de longa data no Twitter Inc., Chris Sacca disse que a empresa se encaixaria bem no Google Inc. em hipótese de fusão, apesar de ele ter pressionado a companhia para que melhorasse seus produtos e serviços a fim de atrair mais usuários e anunciantes.

"Acho que seria uma ótima maneira de usar o dinheiro do Google", disse Sacca à CNBC na quarta-feira, quando foi consultado se o Twitter deveria continuar sendo independente. "A empresa encaixará instantaneamente. Essa é a única coisa que o Google nunca teve. Eles nunca entenderam as redes sociais, nunca entenderam essas interações pessoais. Combina muito claramente".

Os comentários de Sacca foram feitos depois de ele ter publicado 8.500 palavras em um blog, na quarta-feira, com um pedido para que o Twitter se tornasse mais atraente com novos produtos para destacar os conteúdos da companhia sobre eventos ao vivo e discussões populares. Ele disse que, se o Twitter seguir sugestões como a sua, a empresa terá mais chances de preservar sua independência. Caso contrário, ele disse que o Google, a Microsoft Corp. ou o Facebook Inc. deveriam fazer ofertas pelo Twitter, que tem sede em São Francisco.

"Acho que o Twitter poderia ser muito mais do que é hoje", disse Sacca, que investe por meio da sua empresa, a Lowercase Capital LLC.

Sacca, famoso por ser o maior líder de torcida do Twitter, começou a criticar a empresa em público por não aproveitar suas fortalezas. No entanto, a missiva de um dos primeiros investidores influentes aumenta a carga do CEO Dick Costolo, que tem tido problemas para aumentar o número de usuários do Twitter mesmo depois de ter substituído os gerentes de suas equipes de produtos e engenharia. A base de membros do Twitter foi de 302 milhões de usuários mensais no primeiro trimestre - cerca de um quinto do público do Facebook.

Jim Prosser, porta-voz do Twitter, e Winnie King, porta-voz do Google, com sede em Mountain View, Califórnia, não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

Riscos

O Twitter deveria se arriscar mais, disse Sacca. Ele apontou para o fato de que quase 1 bilhão de pessoas que utilizaram o Twitter abandonaram a rede social. Ele previu que algumas grandes transformações - como aplicativos que organizariam as publicações por tópico, em vez de usar a ordem cronológica, ou sugestões que ajudem os usuários a decidir o que publicar - fariam com que o Twitter ficasse mais atraente.

O Twitter, que permite que os usuários publiquem atualizações de 140 caracteres com fotos ou vídeos, "não conseguiu contar sua própria história aos investidores e usuários", disse Sacca. As ações caíram 28 por cento desde o fim de abril, quando a empresa reduziu sua projeção de vendas e informou uma receita aquém das estimativas de analistas, o que levou alguns deles a se preocuparem com a credibilidade da gestão e com a avaliação da demanda de anunciantes e consumidores.

Embora as ações tenham subido mais de 40 por cento desde a abertura de capital da empresa em 2013, elas estão quase pela metade do pico estabelecido em dezembro daquele ano. As ações do Twitter avançaram 1,7 por cento, para US$ 37, no encerramento da quarta-feira em Nova York.

Potencial

O Twitter tem potencial para chegar a 500 milhões de usuários, disse Sacca, na publicação anterior do blog, do mês passado. Sacca, ex-assessor da companhia, também disse que ele não tinha sido "tão franco quanto poderia nas discussões públicas sobre o Twitter".

Sacca também sugeriu hoje que o Twitter deveria facilitar a utilização de seu serviço e criar outro aplicativo ou serviço que funcionaria como curador de conteúdos, com a ajuda de editores humanos e foco em determinados eventos ao vivo. Seria "o lugar que todos visitam primeiro para ver como está o jogo ou quando o show começa", sem que as pessoas tenham que iniciar sessão nem tuitar.

"Se isso for bem feito e em pouco tempo, centenas de milhões de usuários novos vão se unir e continuar usando o serviço, centenas de milhões de usuários inativos vão retornar para o serviço, e outras centenas de milhões vão utilizar Twitter por fora", escreveu Sacca.