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Google apaga mapa de campos de refugiados na Alemanha em meio a ataques

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Imagem: Divulgação

Stefan Nicola

17/07/2015 15h08

A Google apagou um mapa anônimo que descrevia a localização de dezenas de centros de refugiados na Alemanha devido à preocupação de que eles se tornassem alvo de ataques anti-imigrantes e de crimes de ódio.

Google tomou essa medida porque o mapa viola as normas internas do motor de pesquisa da internet, disse a empresa nesta sexta-feira. O diagrama, intitulado "No refugee camp in my neighborhood" (Nenhum campo de refugiados no meu bairro, em tradução livre), indicava com setas vermelhas os refúgios e revelava o endereço exato de muitos deles.

"Sempre que o conteúdo é ilegal, nós o eliminamos de nossos produtos", disse Lena Heuermann, porta-voz do Google na Alemanha, em um comunicado enviado por e-mail. "Lidamos do mesmo modo com os conteúdos que violam nossas diretrizes e condições de uso, que também abarcam infligir danos ou promover o ódio".

A decisão foi tomada um dia depois que um refúgio vazio, que estava sendo preparado para receber 67 pessoas provenientes de zonas em conflito, pegou fogo em Reichertshofen, cidade sulista que fica no estado da Baviera, e a polícia está investigando a possibilidade de que tenha sido um incêndio criminoso. O mapa estava vinculado ao site de um grupo extremista de direita, ativo principalmente no sul e no leste da Alemanha.

O número de ataques realizados por extremistas de direita a abrigos para refugiados na Alemanha triplicou para 170 no ano passado, de acordo com um relatório do Ministério do Interior. Na semana passada, criminosos não identificados atacaram um edifício no estado da Saxônia que abrigava 150 pessoas à espera de asilo. Ninguém ficou ferido.

Influxo de refugiados

Um influxo de refugiados, vindos principalmente da Síria, devastada pela guerra, de Kosovo e da Albânia, está gerando um debate público, pois cidades e municípios estão tendo dificuldade para se adaptar a esse crescimento. As autoridades locais estão transformando escolas vazias, zonas de camping e salões recreativos em centros para refugiados, o que está provocando protestos e estirando orçamentos.

O número de requerentes de asilo na Alemanha poderia dobrar para 450.000 neste ano e aproximar-se dos níveis atingidos pela última vez durante o conflito que levou à ruptura da antiga Iugoslávia na década de 1990, de acordo como Ministério do Interior.

A situação difícil que elas enfrentam foi refletida em um encontro ocorrido nesta semana entre a chanceler Angela Merkel e uma estudante palestina, cuja família corre o risco de ser deportada depois de ter escapado para a Alemanha de um campo de refugiados no Líbano há quatro anos. A menina, falando em alemão fluente, disse a Merkel que gostaria de ficar e realizar o sonho de estudar na Alemanha.

Ela caiu no choro quando a chanceler lhe respondeu que, embora as condições para os palestinos sejam difíceis no Líbano, o país já não está em guerra civil e a Alemanha precisa de espaço para receber refugiados vindos de outras regiões.

Um vídeo em que Merkel aparece consolando a menina provocou comoção nas redes sociais.