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Apple contribui para maior queda nas vendas de relógios nos EUA em 7 anos

Thomas Mulier

07/08/2015 11h48

As vendas de relógios registraram a maior queda em sete anos nos EUA, em junho passado, um dos primeiros sinais de que o relógio da Apple está prejudicando a demanda pelos produtos tradicionais.

As empresas varejistas venderam US$ 375 milhões em relógios ao longo do mês, 11% a menos que em junho de 2014, segundo dados da NPD Group. O declínio de 14% nas vendas unitárias foi o maior desde 2008, segundo Fred Levin, chefe da divisão de luxo da firma de pesquisas de mercado.

"O Apple Watch vai ganhar uma penetração significativa", disse ele. "Os primeiros anos serão difíceis para os relógios das chamadas categorias fashion".

O mercado dos relógios que custam menos de US$ 1.000 é o que enfrenta maior risco, pois nessa faixa de preço os consumidores têm indicado maior propensão de comprar um Apple Watch, disse Levin. As vendas de relógios nas categorias que custam entre US$ 50 e US$ 999 registraram queda em junho e o maior declínio foi de 24% nas peças com preços entre US$ 100 e US$ 149,99, segundo dados da NPD.

O Apple Watch não é a única causa da diminuição.

As marcas fashion de baixo preço tiveram desempenho ruim porque os revendedores e as lojas de departamento ofereceram mais descontos devido à "saturação" desses produtos entre os consumidores, disse Levin. Essa categoria inclui marcas como Timex, Guess, Burberry e Tissot.

"No curto prazo, as marcas com preços acessíveis terão de refletir muito seriamente", disse ele.

A maioria dos dados de vendas de relógios dos EUA está limitada às exportações de relógios suíços para esse mercado, o que não mede as vendas aos consumidores. Essas remessas aumentaram em todos os meses do primeiro semestre de 2015, exceto em maio, segundo dados da Federação da Indústria dos Relógios Suíços, disponíveis na Bloomberg Intelligence. O aumento no primeiro semestre foi de 4,2%.

'Período glacial'

A recusa da Apple em dizer quantos relógios inteligentes vendeu tem feito investidores e analistas dependerem de conjeturas para estimar o volume de venda. Mais difícil ainda é medir o impacto sobre o mercado de US$ 50 bilhões dos relógios suíços. Elmar Mock, um dos inventores da Swatch, disse em março que a Apple pode provocar um "período glacial" no setor que tem quatro séculos. A fabricante de computadores já sacudiu o mercado da música com seu software iTunes e seu iPhone suplantou o domínio da Nokia Oyj.

A Apple lançou três modelos de seu relógio inteligente em abril, com preços que variam de US$ 349 no caso da versão mais básica até US$ 17.000 por um modelo em ouro de 18 quilates. A empresa disse no dia 22 de junho que a receita da unidade que compreende seus relógios subiu cerca de US$ 950 milhões no período de três meses até junho na comparação com o primeiro trimestre do ano.

Isso sugeriria que a empresa pode ter vendido pelo menos 1,9 milhão de relógios, considerando que o Apple Watch tenha tido um preço médio de venda de US$ 499. A NPD estima que a indústria tradicional de relógios tenha vendido 927.500 relógios em junho nos EUA.

Impulso às vendas

Produtoras como a Swatch Group AG, fabricante da marca Omega, têm sustentado que a entrada da Apple no mercado não é uma ameaça e que impulsionará as vendas de relógios tradicionais a longo prazo ao gerar nos jovens o hábito de usar relógio.

Os dados da NPD sobre o mercado americano de relógios estimam as vendas de cerca de 70 marcas, desde Timex até Harry Winston, por meio de lojas de departamentos, redes nacionais e joalherias independentes. Os números não incluem as butiques de propriedade das marcas de relógios, redes de supermercado como a Wal-Mart Stores Inc. ou empresas de varejo on-line como a Amazon.com Inc. O monitoramento de luxo da NPD era anteriormente conhecido como LGI Network.