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Muamber: aplicativo conecta viajantes e compradores

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Thamires Andrade

Do UOL, em São Paulo

12/08/2015 06h00

Você precisa de um produto que só é vendido em outro país e não tem como viajar para comprá-lo. Essa situação corriqueira fez com que cinco desenvolvedores do Rio de Janeiro --Sobhan Daliry, João Faraco, André Kano, Bruno Lino e Pedro Kranz-- criassem o "Muamber", um aplicativo com objetivo de unir viajantes e compradores. Os desenvolvedores, a partir de agora, se afastarão das operações, já que o programa foi comprado por uma empresa de tecnologia do Vale do Silício.

O Muamber não funcionará como um e-commerce, mas sim como um serviço de logística. A ideia é que o aplicativo conecte uma pessoa que está de viagem marcada para algum lugar fora do país com outra que precisa de algo daquele local. O viajante não é responsável pela compra do item desejado, apenas pelo transporte.

Para chamar atenção ao projeto, os criadores fizeram o trocadilho de muamba (cesto para transporte de mercadorias em viagem) com Uber, aplicativo de contratação de motoristas. "Queríamos um nome com um apelo forte de marketing, pois precisávamos de um bom chamariz para ganhar proporções internacionais. Pensamos no Uber, pois esse aplicativo está na mesma categoria do nosso, que é a de resolução de problemas, e assim nós chamamos atenção e geramos compartilhamento", explicou Kranz.

Hoje a plataforma do Muamber, que tem previsão de ser lançado entre agosto e setembro deste ano, já conta com mais de 20 mil pessoas cadastradas para receberem as novidades do aplicativo, que primeiramente estará disponível para iOs. "Se 1% das milhões de pessoas que viajam de avião todos os dias usarem, seríamos uma das maiores empresas de logística do mundo", afirma Kranz.

Kranz explica que o sistema do aplicativo funcionará como uma mescla do Tinder (aplicativo de relacionamento) com o Airbnb (plataforma de aluguel de quartos). A pessoa que for viajar coloca no perfil para onde irá, quanto tem de espaço livre na mala e quais produtos topa carregar. O sistema irá cruzar os dados com as pessoas que estão querendo comprar algo daquela localização e dará um "Match", como no aplicativo de relacionamentos.

A partir daí a plataforma irá abrir um chat para que ambos conversem e negociem a respeito do serviço. Ainda que os dados de ambas as partes não sejam públicos, quando eles passam a negociar no canal de comunicação privado, cabe a eles compartilhar o que julguem interessante.

O aplicativo contará ainda com um sistema de ranking e testemunhos para avaliar tanto a pessoa que trouxe a mercadoria como o comprador.

A ideia é que, inicialmente, o sistema não tenha custo para quem o utiliza, pois o foco é oferecer um serviço que facilita o dia a dia das pessoas. Essa é a principal diferença entre o “Muamber" e o site Cabe na Mala, e-commerce que cobra 40% de comissão. No entanto, cabe a pessoa que está viajando decidir se trará o item de graça para o comprador.

Uso do aplicativo pode ser considerado ilegal

De acordo com Gabriela Frassinelli, advogada especialista em direito digital do escritório de advocacia Opice Blum, aparentemente o serviço de aproximação de pessoas oferecido pelo Muamber é licito, no entanto, a conduta das pessoas envolvidas na transação pode ser considerada ilegal.

"A legislação em vigor, em especial a tributária e alfandegária, estabelece que a isenção de tributos é exclusiva para bens de uso pessoal, mesmo os trazidos para presente, que estejam enquadrados no conceito de bagagem. Desse modo, os bens depositados para fins comerciais, somente podem ser vendidos com autorização da Aduana e com o pagamento dos tributos cabíveis", explicou Gabriela.
 
Para que o viajante não fique exposto a nenhum risco, ela recomenda o cumprimento da legislação, ou seja, declare todos os bens de terceiros e pague os tributos incidentes. Outra dica é checar bem o material que irá transportar, já que a pessoa é responsável pelo o que carrega na mala. Se a pessoa trouxer drogas disfarçadas, por exemplo, responderá por isso.

Segundo Kranz, a ideia do aplicativo não é incentivar a ilegalidade, mas sim, aproximar os compradores e viajantes. "O sistema vai servir para colocar duas pessoas em contato. Se alguém utilizar o aplicativo criminosamente, a responsabilidade é dessa pessoa. É como sair com alguém do Tinder, se o rapaz fala que vai pagar a conta, mas ele não paga, o aplicativo não tem nada a ver com isso", explica.