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Alunos criam protótipo de impressora 3D capaz de construir casas de 50m²

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

10/09/2015 16h50

Estudantes de Engenharia Elétrica da UnB (Universidade de Brasília) criaram o protótipo de uma impressora 3D feita de metal e plástico que tem capacidade de construir casas de 30 a 50 m².

O utensílio custou cerca de R$ 3.000 e já imprimiu pequenos objetos como chaveiros, capas para celular, protótipos de domicílios e peças mecânicas. Mas seu principal objetivo é levar moradia a um preço abaixo do que é cobrado para pessoas que ganhem de 3 a 7 salários mínimos.

A ideia surgiu em 2014 quando a estudante Juliana Martinelli, 23, visitou o Haiti. A jovem conta que percebeu traços de destruição e de extrema pobreza em alguns lugares que existiam no país. "Quando voltei ao Brasil percebi que essa realidade estava bem próxima a nós. No Distrito Federal, por exemplo, nós temos a maior favela das Américas, a do Sol Nascente", relatou. "Em maio deste ano me reuniu com alguns amigos e criamos o 'InovaHouse 3D', uma startup que pretende, nos próximos anos, construir casas em impressoras 3D para pessoas de baixa renda", acrescentou.

A impressora funciona a partir dos eixos cartesianos. Uma mesa base se mexe nos eixos X e Y e um bico extrusor se movimenta no eixo Z. Cada um desses pontos é uma coordenada pela qual a impressora irá passar. O material entra na impressora e com a ajuda da gravidade faz com o que seja empurrado para baixo. No computador, o técnico faz a modelagem da casa por meio de um software e de acordo do que foi formado, a impressora realiza o processo de impressão.

Segundo um dos idealizadores do projeto André Mitsuo, 24, a construção das casas será feita em blocos. "Esses blocos serão encaixáveis para montar as residências que devem ter entre 30 a 50m². Existe uma dificuldade quanto à impressão inteira dessas casas pois nunca saberemos se existirá terreno e espaço suficiente para instalação da impressora. Por isso optamos pela construção em blocos", explica.

Os estudantes também calculam que conseguirão entregar até três casas de 40m² em apenas um dia. "Hoje, o metro quadrado no Brasil custa cerca de R$ 1.000. Acreditamos que com essa nova tecnologia o preço será reduzido em 50%. Logo, uma casa de 50m², que sairia por R$ 50 mil, não ultrapasse os R$ 25 mil", diz a estudante Lorena Tameirão, 25.

No futuro, Juliana sonha em doar casas para pessoas que recebam de 0 a 3 salários mínimos e que não teriam condições alguma de ter uma moradia. "Com a impressora conseguiremos reduzir os entulhos produzidos a partir do descarte de materiais de obras que sobram nas construções. Queremos reciclar esse entulho que existe e a partir dele construir novas casas".

Copa do Mundo de Start Ups

Com a ideia inovadora, os estudantes se preparam para participar da Copa do Mundo de Start Ups, na Dinamarca. A competição teve 4.000 universidades inscritas e a UnB ficou entre as 50 melhores do mundo. "No Brasil, apenas 3 startups competirão no evento. A Copa será um momento de grande imersão e impulso da nossa ideia", enfatiza Juliana.

A organização do evento irá distribuir U$100 mil em premiações e pelo menos 15 startups serão premiadas. Os estudantes do DF passarão por três rodadas de investimentos com grandes empresas do mundo todo. "Esperamos conseguir investimento necessário para tirar nossa ideia do papel e coloca-la em prática. O objetivo é que as casas já comecem a ser impressas daqui a cinco anos", torce André.

Para ajudar no custo da viagem à Dinamarca, os jovens criaram um financiamento coletivo (http://zip.net/bcrZvh). O preço está estimado em R$ 18 mil. O dinheiro arrecadado será para custear hospedagens e alimentação durante o período do evento.