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Teve um post apagado pelo Facebook? A censura parte de seus próprios amigos

Manjunath Kiran/AFP
Imagem: Manjunath Kiran/AFP

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

07/10/2015 20h10

Se você já teve algum conteúdo removido pelo Facebook --por supostamente violar as políticas de uso da rede social--, saiba que a censura pode ter partido dos seus próprios amigos. Isso mesmo! Apenas aqueles que têm acesso a suas publicações podem denunciar possíveis irregularidades, que serão avaliadas pela empresa --que dá a palavra final sobre a procedência ou não da denúncia.

Como explica a diretora de política global do Facebook, Monika Bickert, a rede social só avalia posts, páginas ou qualquer outro tipo de conteúdo mediante uma denúncia. "Basta uma única contestação para a empresa entrar em ação." Segundo ela, seria inviável o monitoramento de cada comentário, foto e vídeo publicano na comunidade --que atualmente conta com mais de 1 bilhão de usuários.

Monika afirma receber milhões de denúncias por semana. Mas, de acordo com ela, a maioria das notificações não corresponde com violações na política de uso do Facebook. "São contestações contra posts que falam mal do time de coração ou que tem uma visão diferente sobre determinado assunto."

Para denunciar um post basta clicar na seta disponível no canto superior direito da publicação e escolher a opção "Denunciar". Nas páginas, esse mesmo recurso está em "...", localizado na foto de capa. Os autores das denúncias são questionados sobre o que há de errado no conteúdo.

Vale lembrar que, de acordo com os "Padrões de comunidade do Facebook", são vedados ameaças diretas, autoflagelação, bullying, assédio, ameaças reais a figuras públicas, atividades criminosas, exploração e violência sexual. "Removeremos conteúdos, desabilitaremos contas e poderemos trabalhar com as autoridades locais se acreditarmos que há um risco real de danos físicos ou ameaça direta à segurança pública", informa a rede social em sua página.

Ainda que bastante questionada, o Facebook também proíbe a publicação de "imagens de seios que mostram os mamilos", apesar de a empresa alegar apoiar iniciativas de mulheres amamentando ou exibindo os seios após uma mastectomia. A nudez é um dos principais desafios da rede social, segundo Monika, que reconhece o conservadorismo da empresa. 

Avaliação controvérsia

Todas as denúncias, segundo Monika, são avaliadas por uma equipe especializada e global que fala as mais variadas línguas e trabalha 24 horas por dias e sete dias por semana. "Além dos olhos humanos, responsáveis por revisar os conteúdos, contamos com a tecnologia para nos ajudar com relatórios de triagem bem como para evitar que as imagens de exploração infantil sejam carregadas para o site."

Apesar da demanda alta, o Facebook afirma que o tempo de resposta às denuncias gira em torno de dois dias. Mas, segundo Monika, são sempre priorizadas as notificações que envolvem um eminente risco de dano físico a uma pessoa. "Os possíveis danos a alguém são sempre levados em consideração para classificar um conteúdo como opinião ou como uma ofensa."

Mesmo a equipe sendo composta por especialistas em diversas áreas, que inclui profissionais de segurança com foco em denúncias de terrorismo à automutilação, a diretora reconhece que o processo é passível de erros. "Nem sempre é possível fazer a leitura da real intenção da publicação e analisa apenas um fragmento de um conteúdo, que acaba sendo identificado como impróprio", afirma Monika, ao fazer referência ao bloqueio da fanpage do Ministério da Cultura após a publicação da fotografia de um casal de índios.

Monika não revelou qual é o país que mais recebe denúncias, tampouco qual é a infração mais cometida pelos usuários da comunidade. Ela informa, no entanto, que, caso uma irregularidade seja constatada, o conteúdo é removido, e o autor --a depender da ocorrência-- punido. "Pode ter o perfil bloqueado por algumas horas, meses ou até definitivamente apagado."