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Por que Facebook está disseminando a doutrina da inteligência artificial

Sarah Frier e Jack Clark

03/11/2015 16h24

Os pesquisadores da Facebook Inc. criaram algumas ferramentas estilosas, como o software de inteligência artificial capaz de reconhecer objetos em fotografias digitais ou o programa que possibilita que as pessoas produzam imagens tridimensionais em um ambiente virtual. O próximo passo: doar essa tecnologia.

"As pesquisas e a ciência precisam ser realizadas o mais abertamente possível", disse o diretor de tecnologia Michael Schroepfer. Em vez de vender o software, publicá-lo "faz com que todos os outros ajam mais rapidamente. Isso também nos ajuda a validar nosso trabalho".

A rede social está abrindo mais de sua pesquisa em IA, visando intercambiar informações com outros desenvolvedores para encontrar novas percepções que poderiam ajudar a melhorar seus próprios produtos e serviços. Essa abordagem é completamente oposta à da Apple Inc.; a fabricante do iPhone também está trabalhando em tecnologias de IA, mas mantém a maior parte dessas atividades em segredo. Essencialmente, a Facebook está apostando que o compartilhamento dessa tecnologia ajudará a que todos se beneficiem mais rapidamente do que se ela seguisse por conta própria. A Facebook também não tem muita escolha - ela não controla um sistema operacional nem uma rede de telecomunicações, então precisa trabalhar com outras empresas para progredir.

Tecnologia aberta

Assim como o fez com o hardware do centro de processamento de dados, a Facebook está divulgando suas descobertas com o objetivo de estimular um setor em torno de novas tecnologias. A iniciativa acabou valendo a pena e ajudou a empresa a economizar dinheiro nos servidores que estão por trás da rede que conecta 1,49 bilhão de usuários. Para a inteligência artificial, a meta da Facebook é impulsionar outras empresas em uma direção que a ajude estrategicamente, disse Schroepfer.

As conversações podem gerar um benefício mútuo. A Facebook tem sido aberta em relação às dificuldades que vem encontrando com a inteligência artificial, e empresas de semicondutores, como a Intel Corp. e a ARM Holdings Plc, consultaram a Facebook sobre como fabricar novos processadores otimizados para tecnologias específicas de IA, como as redes neurais.

"Elas estão se aproximando e perguntando do que precisamos", disse Schroepfer.

Eis alguns dos outros projetos que estão sendo desenvolvidos na sede da Facebook, em Menlo Park, na Califórnia:

* A Facebook é proprietária da Oculus, a fabricante de óculos de realidade virtual. Usando o acessório e ferramentas manuais, artistas podem usar um software projetado especificamente para elaborar personagens virtuais em 3D. A companhia está dando essa tecnologia aos estúdios de design. "Você não precisa imaginar como será a imagem em 3D - você já cria em 3D", disse Schroepfer.

* O novo produto de atendimento virtual da Facebook, M, está aprendendo com as respostas que os humanos dão aos usuários, com a ideia de que a IA poderá acabar assumindo grande parte dessa tarefa. "Sem nenhuma intervenção humana, ele descobriu que se você nos disser 'Eu gostaria de mandar flores', as duas perguntas mais importantes com que precisamos responder são 'Quanto você quer gastar?' e 'Aonde você gostaria de enviá-las?'", disse ele. A IA vai acabar se tornando confiável o suficiente para trabalhar com todos os 1,49 bilhão de usuários da Facebook. "Isso é animador porque é possível aumentar a escala dessa tecnologia".

* O software de IA da Facebook está ensinando computadores a analisar fotografias e definir quais itens devem ser considerados como objetos separados, para que eles saibam, por exemplo, que uma xícara de café não está fisicamente conectada à mesa onde ela está apoiada. A Facebook pretende apresentar um trabalho de pesquisa sobre a segmentação de imagens na influente conferência Neural Information Processing Systems (Sistemas Neurais de Processamento de Informações) em dezembro. "Depois de obter um mapeamento melhor do que há em uma imagem, é possível desenvolver muitas ferramentas úteis" para o feed de notícias, disse Schroepfer. As pessoas poderiam personalizar os feeds de acordo com o tipo de imagem. "Eu poderia dizer ao Facebook 'Adoro as fotos de bebês, adoro os esportes, reduza a quantidade de fotos artísticas de xícaras de café'".