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Como surgiu o #meuamigosecreto com denúncias de machismo na web

Hashtag #meuamigosecreto denuncia casos de machismo no Twitter e Facebook - Reprodução
Hashtag #meuamigosecreto denuncia casos de machismo no Twitter e Facebook Imagem: Reprodução

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

25/11/2015 13h42Atualizada em 26/11/2015 13h44

Mulheres estão usando as redes sociais desde a segunda-feira (23) para manifestar casos de machismo vividos ou presenciados por elas em seu círculos de amizades e família com a hashtag #meuamigosecreto. Trata-se de uma alusão irônica à brincadeira tradicional no período de fim de ano, na qual a pessoa dá dicas sobre quem é o amigo secreto que receberá dela um presente.

Nesta quarta-feira (25) é lembrado o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres. Também estão marcados para o dia novos protestos contra o projeto de lei 5.069, conhecido como "PL do Aborto", de autoria de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

ATUALIZAÇÃO: Ao que parece, o meme começou com um tuíte no perfil comunidade feminista "Não me Kahlo" na segunda-feira:

O mesmo perfil postou uma série de tuítes com essa mesma pegada, além de retuitar outros depoimentos de suas seguidoras. Em sua comunidade no Facebook, o post inicial da campanha teve mais de 7 mil curtidas.

 

Que mensagem você enviaria pro seu amigo

secreto?

Posted by Não Me Kahlo on Monday, November 23, 2015

Na forma de hashtag, este foi um dos primeiros tuítes com a nova conotação:

 

O tuíte em si teve pouca repercussão, mas a tuiteira, que assina como Pinheiro Rox no Facebook, fez um post parecido na rede social na madrugada da terça-feira (24). Este teve, até o momento da publicação desta notícia, mais de 480 curtidas.

 

Meu amigo secreto diz que não quer mulher "rodada" pq na verdade ele sabe que é ruim de cama e não quer que a mina, experiente, compare e perceba

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

#meuamigosecreto

Posted by Pinheiro Rox on Monday, November 23, 2015

A campanha pegou fogo, porém, quando a fundadora do PSOL e ex-candidata a presidente Luciana Genro entrou com o tuíte abaixo:

No Facebook já foi criada uma página homônima só para reunir casos de machismo, com mais de 1 mil curtidas. A dona da página, a técnica em segurança do trabalho Bruna Sousa, 20 anos, diz que a criou na terça, já depois que a hashtag começou a se popularizar.

"Imaginei que, assim como eu, outras garotas queriam aderir à campanha, mas não podiam postar na própria linha do tempo. Realmente estou recebendo muitas mensagens para serem postadas anonimamente. Isso dá visibilidade a essas mulheres sem elas serem expostas", explicou.

Mas como acontece com os memes, o sentido original vai se confundindo com contra-ataques, paródias ou pessoas sem ideia do que está acontecendo, mas que querem entrar na onda.

 

#MeuAmigoSecreto enche a boca para falar mal da comunidade pagã brasileira, mas... nunca saiu da frente do computador para dar a cara a tapa num trabalho público

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sério.

Posted by Gustavo Brito on Wednesday, November 25, 2015

O feminismo é um dos temas que tem ganho maior proporção na internet nos últimos meses. No começo de novembro, a autora do site Escreva Lola Escreva, conhecido blog feminista, a professora universitária da Universidade Federal do Ceará, Lola Aronovich, denunciou a clonagem da sua página, e o clone atribuía a ela a defesa de infanticídio de meninos e a venda de medicação para a realização de abortos, entre outros crimes.

O ataque a Lola foi parte do chamado "Multirão Hétero", evento de retaliação contra páginas feministas e defensoras dos direitos LGBT por parte de grupos como o Orgulho de ser Hétero, tirado do ar após denúncias de postagens com discursos de ódio. As páginas Jout Jout Prazer e Feminismo sem Demagogia foram temporariamente retiradas do ar nessa ação.

Em outubro, o coletivo Think Olga lançou a campanha #PrimeiroAssédio, e a hashtag foi reproduzida mais de 82 mil vezes.