Topo

Com Note 7, Samsung aposta em segurança mesmo sem "interesse de usuários"

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/08/2016 06h00

O lançamento do Galaxy Note 7 evidência a preocupação de grandes fabricantes como a Samsung com a questão da segurança dos usuários, mesmo que esse não pareça ser o fator decisivo de compra para a maioria deles. De resto, o aparelho é um celular potente, com as melhores configurações do mercado, assim como o S7, da mesma empresa. Nós, do UOL Tecnologia, pudemos experimentar um pouco o novo top de linha da marca.

A ideia da Samsung é que essa preocupação vai ganhar força, ainda mais com a migração das transações financeiras para o smartphone, outra grande aposta da fabricante com o Samsung Pay. Para estar na frente dos demais, o Note 7 incluiu o leitor de íris, que usa o reconhecimento da "parte colorida dos olhos" para o desbloqueio do dispositivo e de aplicações. "É uma tecnologia 200% mais segura que o leitor de impressão", diz Renato Citrini, gerente de dispositivos móveis da empresa no Brasil.

Segundo ele, o leitor de impressão digital --que foi incluído no Note 5 e se manteve ativo no Note 7-- pode ser comprometido quando os dedos estão úmidos ou molhadas, bem como mediante cortes e queimaduras. Já o leitor de íris é capaz de reconhecer o usuário a partir de raio infravermelho tanto no escuro como com o uso de óculos de grau. Só não funciona caso o usuário esteja usando lentes coloridas ou óculos reflexivos, diz a Samsung.

Nos testes realizados pelo UOL Tecnologia, o leitor de íris se mostrou bastante ágil. Bastou aproximar o aparelho ao rosto --a uma distância de 25 a 30 centímetros-- que em menos de um segundo a tela foi desbloqueada. A ideia é que a tecnologia seja usada em outras aplicações instaladas dentro do próprio aparelho. A Samsung informou já estar conversando com seis a oito bancos --nenhum do Brasil até agora-- para usar o scanner de íris no reconhecimento de usuários.

Mas vale lembrar que a tecnologia não é nova. Ano passado, por exemplo, a Microsoft se antecipou e trouxe o Windows Hello, restrito aos dispositivos com Windows 10. O que não é tão representativo para o mercado de smartphones. A Samsung, nesse caso, pode sair na frente e dar um empurrão para alavancar de vez a tendência. Isso, é claro, se a sul-coreana passar a levar a tecnologia também para os seus aparelhos intermediários e básicos.

O melhor do mercado

Mas as novidades do Note 7 não param por aí. A Samsung trouxe para o aparelho as grandes inovações do Galaxy S7 --lançado no início deste ano-- tais como a resistência à água e a poeira, que possibilita a submersão do dispositivo, incluindo sua característica caneta digital, a 1,5 metro de profundidade a pelo menos 30 minutos. 

Note_7 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Manteve a tela de 5,7 polegadas, igual à do Note 5, mas ganhou um design ainda mais refinado que contribuiu para sua pegada. Herdou a tela curva --similar às versões edge-- e a traseira também passou a ser levemente curvada. Com o uso do vidro Gorilla Glass, o aparelho se torna ainda mais resistente a quedas, o que o coloca em vantagem em relação ao iPhone 6S.

O aparelho conta ainda com um potente processador de oito núcleos [que no caso do Brasil é o Exynos 8893], além de 4 GB de memória RAM, assim como o modelo anterior. A memória RAM é responsável por armazenar dados temporários para que o processador possa acessar informações importantes com rapidez. Um excelente recurso para os usuários multitarefas e que precisam usar várias aplicações simultaneamente.

O Note 7 foi contemplado com um importante upgrade na durabilidade da bateria, que passou de 3.000 mAh para 3.500 mAh (com carregador sem fio). Outra novidade se refere a substituição da entrada Micro USB pelo conector USB Type-C, de conexão de dados mais veloz e de entrada simétrica (tanto faz o lado em que você liga o cabo).

A Samsung perece também ter ouvido a reivindicação dos usuários e trouxe de volta a compatibilidade ao uso de cartão de memória -- extinto na versão anterior. Agora, além dos 64 GB de memória interna, o aparelho pode chegar a ter 256 GB a partir da memória expansível. Mas a sul-coreana parece ter ignorado uma "suposta tendência" de mercado e continuou mantende a entrada para fone de ouvido --extinta no Moto Z e possivelmente pela Apple no iPhone 7.

Recursos multimídia

A tecnologia Dual Pixel do Galaxy S7 também foi embutida no Note 7. O recurso na câmera principal, aliada a maior abertura do sensor (F 1.7), passa a ser muito mais sensível à luz mesmo em ambientes com pouca iluminação. Um recurso que se mostrou bastante eficiente nos testes realizado pelo UOL Tecnologia.

Ainda assim a inovação acabou desencadeando a redução do sensor que passou de 16 MP (do Note 5) para 12 MP.  Vale lembrar que os megapixels não estão relacionados diretamente à qualidade das fotos, mas sim à capacidade de ampliação. E, no quesito qualidade, a redução não parece ter sido nem de longe atingida.

Já os vídeos continuam com a alta resolução 4K, assim como a câmera frontal manteve os 5 MP. E --ao contrário dos rumores pré-lançamento-- não foi dessa vez que a Samsung trouxe o recurso de flash para os amantes de selfies.

Diferencial dos concorrentes

O grande diferencial da linha Note em relação à linha S e também aos iPhones continua sendo a caneta digital S.Pen, que nessa edição teve a ponta reduzida de 1.6 para 0,7 milímetros. O que, na prática, torna a escrita na tela cada vez mais precisa.

Ela agora também pode ser usada para a tradução de palavras ou textos em 37 idiomas. É possível aproximar a ponta da caneta a determinadas palavras ou frases grifadas. Ou ainda, usar o recurso da câmera para conseguir compreender expressões que estejam fora do dispositivo. Algo que aplicativos do próprio Google e Microsoft já fazem.

O problema do Note 7 –assim como da maioria dos smartphones top de linha do mercado—é o preço. Ele começará a ser vendido no Brasil, a partir da primeira quinzena de setembro por R$ 4.299. O mesmo valor da versão de 16 GB do iPhone 6S, mas bem mais caro que o Galaxy S7, que já pode ser encontrado no mercado brasileiro por R$ 2.599. 

* A jornalista viajou a convite da Samsung