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Teletransporte quântico caminha pra melhorar sua internet no futuro

Estudos conseguiram enviar dados por redes de fibra ótica em Hefei (China) e Calgary (Canadá)  - Divulgação
Estudos conseguiram enviar dados por redes de fibra ótica em Hefei (China) e Calgary (Canadá) Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

19/09/2016 13h09

Já ouvi falar em teletransporte quântico? No lugar da transmissão de dados por meio eletromagnético (bits por cabos telefônicos, por exemplo), os cientistas pretendem usam partículas de luz (fótons) para enviar informações codificadas.

Funciona assim: bits são transportados de um lugar a outro instantaneamente devido a um fenômeno chamado emaranhado quântico, que é quando duas partículas ligadas trabalham como gêmeas mesmo ao serem separadas, o que faz com que as informações de uma sejam compartilhadas com a outra sem a necessidade do toque.

Parece uma realidade muito distante do nosso cotidiano, mas cientistas avançam cada vez mais nas pesquisas da internet quântica, que, no futuro, pode significar uma rede mais segura e de melhor qualidade. Segundo estudos publicados nesta segunda-feira (19) na revista Nature Photonics, dois grupos conseguiram, separadamente, enviar dados por vários quilômetros de uma metrópole, usando fibra ótica --um em Hefei (China) e outro em Calgary (Canadá).

Isso quer dizer que as distâncias alcançadas pela nova tecnologia estão cada vez maiores. Em 2014, os pesquisadores usaram fótons emaranhados para enviar dados via fibra ótica por 25 quilômetros.

Até agora o desafio era conseguir deixar as fontes independentes, ou seja, o feixe de luz de uma fonte deve manter-se indistinguível do feixe de outra após transitar por vários quilômetros de fibra e mudar de ambiente. Para isso, as pesquisas mais recentes criaram vários mecanismos de feedback e de sincronização. 

Os chineses usaram luz em um mesmo comprimento de onda usado em redes de telecomunicações atuais para minimizar a taxa de perda do sinal de luz na fibra. E os canadenses usaram fótons tanto no comprimento de onda de telecomunicações quanto em um comprimento de onda de 795 nm (nanômetros), o que permitiu que o teletransporte quântico corresse mais rápido do que a experiência dos chineses, mas com uma fidelidade reduzida.

A nova tecnologia inviabiliza a interceptação dos dados e funciona como uma espécie de criptografia de última geração.

Em um artigo na revista "News & Views", o especialista em física quântica Frédéric Grosshans escreveu:

"Combinadas, essas duas experiências mostram claramente que o teletransporte em distâncias metropolitanas é tecnologicamente viável, e, sem dúvida, muitos experimentos interessantes de informação quântica no futuro serão construídos sobre este trabalho."