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Plano do Google para inteligência artificial esbarra na Samsung

Stephen Lam/Reuters
Imagem: Stephen Lam/Reuters

Mark Bergen

11/10/2016 18h07

O Google acaba de lançar uma assistente digital, que espera colocar em smartphones, relógios, carros e todos os demais aparelhos imagináveis conectados à internet. E já enfrenta um obstáculo.

A divisão da Alphabet lançou novos smartphones na semana passada com a assistente de inteligência artificial profundamente incorporada. Além disso, lançou um alto-falante baseado no recurso e anunciou planos de permitir que outras companhias conectem seus aplicativos e serviços à assistente.

Um dia depois, a Samsung Electronics, uma das maiores fabricantes de smartphones e outros dispositivos de consumo, comunicou a aquisição da Viv Labs, startup que produz sua própria assistente de IA com comando de voz.

A princípio, o negócio pareceu um contra-ataque à rival da Samsung, a Apple -- a Viv é administrada pelos criadores da assistente Siri, da Apple. Mas a compra da Viv pode ser mais problemática para o Google, porque a Samsung é a maior fabricante de telefones com sistema operacional móvel Android, do Google.

A estratégia do Google agora está centrada na assistente, e não no motor de busca, por tratar-se de uma forma mais natural de as pessoas interagirem com smartphones e com outros aparelhos conectados. Fazer com que as fabricantes de telefones Android coloquem a assistente do Google em seus aparelhos faria a tecnologia chegar a milhões rapidamente.

Mas o acordo da Samsung com a Viv sugere que as assistentes são importantes demais para que as fabricantes de celulares permitam que outras empresas forneçam o recurso.

Na semana passada, o executivo da Samsung Injong Rhee disse que a empresa planeja colocar a tecnologia da Viv em seus smartphones no ano que vem e então incorporá-la a outros eletrônicos e eletrodomésticos. Um representante da Samsung e uma porta-voz do Google preferiram não comentar o assunto.

A questão é de absoluta necessidade para a Samsung, segundo analistas e especialistas do setor.

"Como a IA está se tornando mais sofisticada e valiosa para o consumidor, não há dúvida de que ela será importante para as empresas de hardware", disse Kirt McMaster, presidente-executivo do conselho da Cyanogen, startup que produz software Android. McMaster, crítico frequente do Google, disse que outras fabricantes de aparelhos Android provavelmente seguirão o exemplo da Samsung.

"Sem um ativo de IA, você não terá cérebro", acrescentou.

É possível que o Google já soubesse da resistência de algumas fabricantes de telefones Android a adotar sua assistente.

"Outras fabricantes podem querer se diferenciar", disse à Bloomberg o chefe do Android no Google, Hiroshi Lockheimer, antes do lançamento dos smartphones da empresa. "Eles podem querer fazer seu próprio produto -- sua própria assistente, por exemplo."

Samsung e Google já tiveram disputas anteriores relacionadas à distribuição. O Google exige que as fabricantes de aparelhos Android pré-instalem 11 aplicativos, mas a Samsung muitas vezes coloca seus próprios serviços em seus telefones. E a empresa sul-coreana lançou aparelhos que rodam com seu próprio sistema operacional, o Tizen, em vez de Android.